terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Whitney Houston chega ao céu...




Whitney Houston entrou na sala pós morte trajando seu clássico vestido branco, cabelos longos e negros. Seus olhos profundos exalavam um misto de incógnita e compreensão. Sabia que havia morrido, mas não esperava uma sala de espera, ainda mais uma sala tão clássica como aquela - chão de tacos incrivelmente lustrados, decorada com um sofá vermelho em L, uma mesa de centro de vidro escuro, uma lareira crepitando o som intrigante do fogo, um lustre quase medieval aceso com algo que ela não pode ver se era velas ou lâmpadas de 100 w iluminando  o recinto. O guardião vestia um terno azul claro e estava sentado no sofá, algo que dava um contraste fantástico com a cor vermelha. Carregava um livro grosso em seus braços e uma caneta tinteiro, de pena, daquelas famosas nos filmes de Harry Potter. 


- Porra...  - disse o guardião - teu nome é complicado de escrever, minha cara. No meu livro dos recém chegados, posso apenas escrever Wi?

- Faz diferença? Sempre achei que não viria parar aqui... - disse Wi.

- As pessoas na Terra sempre acham isso ou aquilo. Aqui é o céu dos músicos.

- Céu dos músicos? - disse Wi, esboçando aquele lindo sorriso. Sua feição já não era mais a carnal, a que as drogas haviam estraçalhado sem dó - quem mais está por aqui?

- Nunca passou pela sua cabeça que haveria o céu dos músicos?

- Nossa... Passou tanta coisa na minha cabeça que esse detalhe em si nem me ocorreu...

- Essa é a mágica da surpresa. Está surpresa?

- Muito!

- Pois bem... Aqui temos os comunicadores da música. É desse lugar que vem as vibrações para os compositores sentarem e escreverem, algo que lá na Terra dizem como ser inspiração. É tudo uma comunicação. Aqui você vai sentar numa mesa de jantar com Elvis, Lennon, Winehouse e Jackson... Também vai sentar na mesa com Wando, Elis, Jobim, Marley... Não fazemos diferença entre países nem classes sociais. Muito menos de fama ou sucesso, que é algo meramente terreno. Na mesma mesa estará aqueles que viveram no anonimato, sonhando e sentindo a glória de se expressar com a música. Nessa mesa também terá outros tantos que fizeram outros tantos tipos de música. E a comunicação de vocês não será a falada, nas línguas terrenas, mas sim na música. Teus problemas são teus problemas. Tua morte é problema seu. O que você fez com seu corpo, lá na Terra, você pagou com sua história, com seu exemplo. De um modo ou de outro deixou um bom exemplo, pois as drogas que você andou usando demasiadamente levaram seu corpo ao fim. É um bom exemplo para a sociedade. Não espere ser julgada aqui em cima, você já foi julgada na Terra por todos e, principalmente, por você. 

- Assim eu fico sem jeito...

- Mas é para ficar mesmo. Você foi brilhante, mas deixou o brilho te cegar. Acontece com muitos os que obtém o sucesso terreno. 

Wi deixou uma lágrima cair. 

- Venha, sente-se ao meu lado. 

Ela, muito elegante, ajustou seu vestido e sentou-se ao lado do guardião, que continuou.

- Vai ver que aqui essa coisa de bom ou ruim, de gosto e tudo o mais, não faz o menor sentido. Vai ver que todas as músicas são díginas de louvor. Vai perceber que nem precisamos pregar a palavras "respeito", porque aqui você é meramente uma energia que se acumula ao se juntar com as outras, e por aí vai. Não tem essa de rock é bom, samba é bacana ou soul é o que há... E, o mais impressionante, vai cantar como nunca aqui no céu dos músicos, de um modo que fez na Terra....Mal posso esperar para ver seu dueto com Michael Jackson na hora do jantar...

- Michael está me esperando?

- Assim como todos. Conhece o Caio de Abreu? Um violonista muito bom que morou nas Filipinas? 

- Nunca ouvi falar...

- Não sabe o que está perdendo. Enfim, seja bem vinda minha cara. A Terra ficou triste, o céu se encheu de júbilo, pois o seu talento está, finalmente, desprovido da carne.

- Então vamos...

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