segunda-feira, 25 de julho de 2011

SOBRE NOSSA ÚLTIMA VIAGEM AO ESPAÇO - FIZ NO COMETA.

É estranho... Como é estranho o jeito em que as coisas acontecem.

Recebi um email cerca de um ano e alguns meses atras, de Christian Camilo, me chamando para entrar "numa banda grande em Campinas". Comentei com minha Silvia a respeito. Ela perguntou "o que você vai fazer" e eu respondi ao mesmo tempo em que respondia o email "to dentro".

Comecei a aparecer nesse tal circuito "Indie" (um rótulo infeliz, na minha opinião) quando passei a produzir o Oito Mãos. Pompeo isso, aquilo. Eu, da mesma forma, rebati. Eles isso, eles aquilo. Desses alguns eles e estes, Christian Camilo e André Dalbó me mostraram que a vida é feita de dias e dias. Não conhecia o Morrice, e o Bola eu havia conversado umas duas vezes no Bar do Zé. Tive uma impressão estranha com Dalbó num show do Oito Mãos e Monaliza Overdrive. Com o Tita (Christian) havia aquela birra clássica com outras bandas, as chamadas concorrentes. O Instiga sempre me pareceu uma banda manca. Até ouvir "Aquela da Cachorrinha". O pré conceito, como dizem por aí, é realmente uma perda de tempo.

Marcamos um bar (o 1° de Abril) e trocamos uma ideia. De cara o Dalbó me pareceu uma pessoa muito simples, divertida e da minha laia. O Morrice estava um tanto desconfiado, assim como eu. O Bola (ah, o Bola) sorria para tudo e para todos. Christian com um certo receio de como seriam as coisas numa banda em que ele não seria o primeiro a apitar. Eu? Bom... eu estava dando um pulo nessa correnteza, a fim de ter novos amigos, novos ares, para provar a mim mesmo que não era música que estava me cansando.

O Cometas fizeram cerca de 3 ou 4 ensaios. Fomos nos sacando, vendo o que rolava. Cantávamos "blá blá blá", "uhhhh", "daran daran" e "tchaptchura" em melodias que ia sendo criadas. Alguém tinha um riff, outro uma batida... Alguém tinha uma ideia. Alguém vetava, outro opinava, outro apoiava. Tudo numa total transparência desprovida de egos. Ora, vejam só... Na banda os 5 sabiam, com exatidão, quem éramos: ninguém.

- Estou cansado de dormir em pacotes de cópias de Cd's - disse Morrice.
- Eu não espero mais nada da música - disse eu.
- Pompeo, não fala assim... Você fala como um velho - disse Christian.
- Caralho, falamos sobre ter uma banda esses dias - disse Dalbó.
- Isso é genial. Foda demais, Porra, lindo - disse Bola.

Fomos para o sítio de Dalbó, em Guaretinguetá, apoiados pelas namoradas. Só nós 5, com um freezer cheio de cervejas, uma geladeira cheia de mantimentos e todos os instrumentos montados no carro. Entre churrascos, banho de rio, banho de Sol, banho de Lua, tiro ao sapo (com massas de farinha de trigo) e outras molecagens que só homens conseguem fazer, demos forma ao EP a ser lançado nessa quarta feira.

A mim foi confiado a mixagem. Eu quis isso. Pra quem gosta de informações, lá vai: A bateria foi captada no Síncopa. As guitarras foram captadas na casa do Bola e na minha loja. As vozes foram feitas nas salas de ensaio do estúdio do Rafinha. Trouxe as coisas para minha máquina e fiz meu trabalho confiando no que os caras da banda iriam achar. Se eu sou inseguro? Pra caralho. Prometi que não iria ficar profissional, mas sim apresentável.

Aprendi mais um pouco dessa função tão importante para uma música soar bem no ouvido das pessoas. Nos meus ouvidos, o EP soa bom.

"Sobre nossa última viagem ao espaço" foi construído com muita risada, dúvidas e seriedade de quem ganha rios de dinheiro com isso. Tudo, pelo incrível que pareça, pelo amor ao grande dom que foi nos dado.

A Música ainda é uma das melhores formas de comunicação estabelecida nesse mundo carnal. Dizem por aí que ela ultrapassa tempos, dimensões e limites. Eu me dou bem com essa amizade que tenho com a Música e fico imensamente grato aos amigos que conquisto tentando fazer desse dom meu ganha pão.

Um grande abraço.