segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Aos que estão me conhecendo agora...

Bom... Eu acho que deve ter gente entrando aqui que não me conhece quanto os meus raros leitores. Então, antes de mais nada vou apresentar meus leitores.



- Silvia Montico, jornalista e blogueira de moda - a única que realmente me conhece além de meus pais e meu irmão. Revisa meus textos antes de serem publicados (menos em os Blocos de Cimento).

- Felipe Bier - Baixista da fabulosa Oito Mãos, sociólogo e amigo - um cara brilhante.

- Marilia Gabriela, jornalista que nasceu para ser romancista - a muzinha, de Muzabinho, MG.

- André Leonardo - Cantor e vocal da fabulosa Oito Mãos, filosofo e amigo - a melhor viagem em parceiras criativas e filosofia de buteco.

-João Paulo Rodrigues - teólogo nato, grande amigo.



Se eu me esqueci de você, me perdoe. É que essas pessoas comentam e assim eu consigo lembrar sempre que são eles os que me lêem aqui. Raros, mas incríveis.



Quando uma pessoa elogia algo teu rola umas coisas bem intensas que te faz entender certas coisas de uma forma mais concreta. Coisas como amor, que é sentida, de fato, através do ser humano na forma mais pura e serena possível; humildade, que é entendida quando as pessoas são mais humildes que você; respeito, que está cravado na humildade, ela que teima em aparecer duas vezes numa lista de três.



Já fui um cara carrancudo. Ainda sou, é claro... Mas eu era diferente. Eu achava que as pessoas não eram sinceras comigo. Achava que as pessoas só falavam comigo por pura educação. Esse sempre foi meu sentimento. Acho que devo isso por ter sido tão crítico comigo mesmo. Aos amigos do Lucidas, um grande abraço! Amo vocês e tenho gratidão por todos os fãs daquela época em que eu simplesmente me fiz invisível. Sou grato!



Sou beatlemaníaco. Bem... Eu era. Ouvi todos os discos, tenho várias fotos bacanas penduradas no meu quarto, adoro ganhar horas falando sobre os Fab. Mas o show do Paul foi foda. Foda demais. Pra falar a verdade, foi do grande caralho! Sim, eu chingo com CH! Adoro um palavreado chulo, porque é assim que eu falo. Assim que gente fala. O show do Paul foi do grande caralho! Vi muita gente chingando porque simplesmente não tinha o que dizer. A coisa é tão grande que só um palavrão pode dar a idéia exata do que você está sentindo.

Agora eu sou mais que beatlemaníaco. Gosto dos Beatles até a última sílaba. Ou seja - sou um tipo de beatlemaníaco pré-Paul e outro tipo pós-Paul, que só se adquire quando se vê o cara. Isso que quero dizer.

Gosto de escrever e me esforço muito para ser um escritor compreensível. Você encontra meus textos aqui, no Rock n' Beats e nos meus três livros, mas esses ainda não estão publicados.

Gosto de fazer música e de reproduzir música. Você pode me ver tocando na JB e Seus Amigos Sex Symbols, na Oito Mãos (na parte da produção), e brevemente em alguns novos projetos. Pode me ver também fazendo meu ganha pão em alguns bares da cidade e região. Poucos lugares, só para manter a diversão, que é sempre garantida num fim de semana em que todos estão inspirados. Esse tipo de coisa sempre acontece no Clube do Churrasco, em Itatiba-SP.

Enfim. Oi para todos.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Os melhores filmes de porrada.

Pensei em fazer um top 10 dos melhores filmes de porrada, mas eu acho que teria um grande problema. Primeiro: não me lembro de 10 filmes; segundo: a hierarquia da parada seria um tanto melancólica para mim. Então eu vou falar sobre alguns filmes de porrada, os verdadeiros, e deixar a parte hierárquica quase despercebida.

TE PEGO LÁ FORA - Se você é macho e nunca viu esse filme, então está na hora de começar a pensar que há algo de errado. Se um dia você foi aluno novo numa escola qualquer e esbarrou, sem querer querendo, com o fortão da turma nova, com certeza sabe o grande problema que é ser ameaçado na frente de todo mundo. O grande barato desse filme é a cara de mau do valentão e a cara de bosta da vítima, que no fim das contas arranja coragem sabe-se lá da onde e decide, no mínimo, enfrentar o seu medo.


BRUCE LEE - A FÚRIA DO DRAGÃO
Pra falar a verdade, qualquer filme do Bruce Lee é inspiração suficiente para sair na rua querendo desafiar qualquer um. O que impressiona é a velocidade dos movimentos desse chinês com nome de americano. Os personagens de Bruce quebravam (literalmente) qualquer um que se metesse com ele. Chutes e socos eram tão bem filmados que chegava (chega) a doer na pele (osso) de quem assiste. Um cara de grande talento que falava pouco em seus filmes, mas que esbanjava leveza e beleza em suas façanhas marciais.

O GRANDE DRAGÃO BRANCO



Esse é o tipo de filme que qualquer mulher que assiste passa a entender cada vez menos os homens, pois nós adoramos esse tipo de entretenimento. A história é das mais toscas, e rola até um romance da noite pro dia, onde o casal se importa um com o outro como se eles se amassem há uns 3 anos. Enfim, um filme pra ver porrada. Inesquecível a cara do koreano Bolo Young metendo medo em todo mundo. Um torneio sangrento, bem no estilo Mortal Kombat, rola na clandestinidade em Tókio. Jean Claude Van Dame mostra sua vocação para balé ao abrir seu inconfundível espacato e seus chutes que parecem esculturas. Porra, mas o filme é bom pra caralho...






FALCÃO - O CAMPEÃO DOS CAMPEÕES
Stallone é um mito no quesito porrada. Mas esse filme não é porrada em si, mas de braço de ferro, o que é bem bacana também. É sobre um cara que tá fudido, sem grana, com a esposa morrendo, um sogro que o odeia e um filho bostinha que só sabe falar merda pra ele. Precisa ganhar um grande prêmio, um caminhão foda, no torneio de braço de ferro. Só isso, o suficiente para querer ver a película mais de dez vezes.














O CLUBE DA LUTA - Um filme com uma história surreal. De quebra, os caras saem na porrada o tempo todo e a coisa toda faz um puta sentido. Norton e Pitt são dois caras que só fazem filmes fodas, esse não é diferente. Sangue, olho roxo, rins estourados, pulmão perfurado e de quebra um sorriso depois da reunião, com lição de casa e tudo mais. Brigar é coisa que muita gente gosta, coisa que eu acho absolutamente sem sentido. Nessa história sair na porrada com seu amigo é uma coisa natural e, cá entre nós, às vezes dá vontade de tirar uns 5 minutos sem amizade com aquele seu brother que te irritou profundamente.












KARATE KID - A
HORA DA VERDADE
É na hora da verdade que a gente prova o nosso verdadeiro valor, seja lá o que isso quer dizer. Um clássico sem discussão. Daniel Laruso é um exemplo de esforço psicológico diante de situações constrangedoras - e ele passa um bocado delas. Todo mundo sempre quis ter um mestre e o senhor Miagy é daqueles que dá vontade de levar pra casa, dar um chá verde, fumar um e ficar trocando idéia a noite toda sobre suas experiências no Japão. Se você tem lá pelos 2o e tantos anos e nunca fez o golpe da garça, é um viadinho que gostava de assistir Barbie ou Xuxa.






ROCKY BALBOA - 1, 2, 3, 4, 5 e o 6 é legal.
Olha o Stallone de novo. Não disse que ele era um mito? Se esse post fosse um top 10, esse seria o n° 1. O melhor filme de porrada de todos os tempos. Tem drama, comédia, romance, aventura e... Porrada! Uma história sobre um babaca que só sabe lutar, nada mais, e é nisso que o enredo dos 6 filmes gira. Gonna Fly Now - a trilha inconfundível - é entoada toda vez que Rocky precisa de um esforço interno para lutar, seja no ringue ou na vida. Com muito esforço as lutas sempre são vencidas, uma bela mensagem para todas as pessoas desse mundo de brigas inacabáveis.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Gosto é que nem Cú

Eu não gosto de discussões sobre gostos. Pode ser sobre filmes, artes, futebol, crença, política e música. Tudo isso parece sempre ser pautado em gosto. Conheço gente que acha que seu gosto é tão absoluto que qualquer coisa que bata de frente com o que ele gosta é merda, e não adianta falar o contrário.

Por exemplo o quiabo. EU tenho um amigo que diz que frango com quiabo é uma das grandes maravilhas da cozinha caseira. Não chego nem perto de quiabo, nunca coloquei um na boca e nunca, absolutamente nunca, vou colocar. Mas o cara gosta, então deve ser bom... Para ele.

Não gosto de hortelã e de todos os derivados dela. Chicletes de menta pra mim são um verdadeiro nojo. Trident de gelol é coisa que só maluco coloca na boca, não faz sentido querer masticar gelol com gosto de cânfora. MAs tem gente que gosta.

Pra ser mais polêmico... Bom, deixa pra lá.

Mas o que eu realmente quero falar aqui (até agora estivemos saboreando um péssimo nariz de cera) é sobre artistas que fazem um puta sucesso e eu, não sei porque, não me simpatizo.

U2 - Não gosto. Se existe uma palavra para descrever meu desespero toda vez que alguém pede uma canção do U2 é "chato". Muito chato. Os grandes hinos dessa banda me fazem querer vomitar sobre meus pés. "Sunday Bloody Sunday", "One", "In The Name Of Love", "With or Without you" são verdadeiros exemplos de pura tortura ao meu espírito e minha paz. Uma galera gosta, e muito. Deve ser bom.

Ramones - Tenho ciência de que eles foram muito importantes no movimento Punk, que revolucionaram o modo democrático de se fazer música e que a coisa toda, muitas vezes, não se restringe na música em si, mas sim no que ela representa. Mas eu não gosto de músicas que só representam. Eu gosto de coisas que fazem sentido para mim. Por exemplo: One, two, tree, four berrado num compasso que não existe e a canção vir de outro jeito não faz sentido para mim. É como te mostrar um quadro de Renoir e ficar analisando o contexto histórico, o que o pintor estava passando e pensando na época... Coisa para especialista. No caso do Ramones, o especialista é um punk que pensa que nem os caras.

Legião Urbana - Uma das bandas mais importantes do Brasil nos anos 80, e de lá pra cá entrou de fato para o hall da eternidade. Renato Russo, Marcelo Bonfá e Dado Vilalobos musicaram poemas. Renato escrevia suas rimas e mensagens. Entrava um produtor musical e tentava deixar tudo muito bonito. Mas eu juro que tentei ouvir essa banda. Gosto de algumas canções - "Pais E Filhos", "Quase sem Querer", "Teatro dos Vampiros", "Faroeste Caboclo", "Eduardo e Mônica", "Tempo Perdido" e "Daniel Na Cova dos Leões". Só. Acho impossível ouvir o "resto". Não consigo ouvir um disco inteiro da Legião Urbana, nem mesmo coletânea. Os timbres das guitarras e o jeito que Bonfá toca bateria me irritam, me deixam nervoso. Não sei dizer porque. Me fere. Pra mim chega a ser insuportável de modo que não consigo curtir as letras de Renato e sua incrível voz.

Steve Vai e a trupe toda dos guitarristas que tocam pra caralho - Não sou e nunca fui um fã de guitarra. Sou fã de música. É impossível tenta ouvir mais de 4 minutos de uma música que 90% dela é solo.

And I Love Her e Across The Universe, The Beatles - São as duas únicas canções dos Fucking Fab Four que eu não gosto. Só isso. Não gosto. Um amigo me disse "nessas horas eu não te entendo". Eu respondi "Eu também não".

Coisas que eu gosto e que sei que um monte de gente não suporta: Oasis, Radiohead, Simon and Garfunkel, Queen, The Beatles... Tem um monte de gente que não gosta dessas coisas. Duvida?

Minha intenção é pregar o respeito. Esse clichê não deveria ser um clichê, porque tem gente ainda que não sabe o que é respeitar a opinião e gosto dos outros. Porra, gosto é que nem cú.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Tropa de Elite 2 - pode ler sem medo, não vou contar o filme, só falar sobre.

Eu perdi a conta de quantas vezes assisti Tropa de Elite, o primeiro filme do que eu duvido que não vire uma trilogia. O filme 2 está arrecadando muito, muito dinheiro, coisa que não rolou na primeira etapa da história sobre o Batalhão de Operações Especiais do Rio de Janeiro e Cia.

Mas o que o filme um trouxe de moral para a sequencia foi coisa que não tem valor, quando virou toda aquela zona que você ouviu falar - pirataria, bordões dos personagens e cantaroladas das músicas.

Tropa de Elite 2 - O inimigo agora é outro é um filme de sequência como todos deveriam ser, aqueles que não fazem do primeiro filme melhor ou pior, do mesmo jeito que foi O Poderoso Chefão Parte 2, único filme sequência a conquistar um Oscar. É tipo assim: "Agora a história é outra".

Não temos mais a insuportável canção "pá pá parapapapa pá pá pá", dos MC's sei lá o quê. E a igualmente insuportável "Tropa de Elite", do Tihuana, aparece só nos créditos iniciais da fita, mas aí achei bacana porque pude conferir a mixagem do som para o cinema - ficou foda. Os igualmente insuportáveis bordões sumiram. Aliás, as raras vezes em que o filme flerta com o primeiro são momentos ápices. O filme inteiro é ápice.

Acho burrice dizer que o filme é ruim pelo excesso de coisas impossíveis - isso é cinema! John McClain, em Duro de Matar 3.0, derruba um helicóptero com um carro (?!) e o filme é bom demais. Etan Hunt caminha tranquilo nas ruas de Xangai depois de tomar porrada até no saco e levar um 220 no cérebro em Missão:Impossível 3 - e o filme é entretenimento puro. Se você acha que esses 2 exemplos dados são merda na cueca, então desencana de ver Tropa de Elite 2. Eu particularmente adoro um filme de porrada. Gastar uma grana pra ver um filme no cinema é o sinônimo de ouvir as caixas de som berrando no talo e ver a grandiosidade da imagem perfeita de uma tela de várias polegadas. Na minha opinião isso significa ver um filme de ação, e todo filme de ação tem porrada! Comédia romântica eu vejo em casa, na minha tv merda, no meu som merda.

Nesse filme em questão, Roberto Nascimento é um cara muito mais maduro, onde seus problemas são os mesmos, apenas tomaram proporções incontroláveis. Seu filho agora é um adolescente, sua ex-mulher é casada com um cara que ele odeia e pensa completamente diferente dele; e pra ajudar a pilantragem no Rio é cada vez mais insuportável aos seus olhos. O que acontece quando um cara que é policial do Bope há 20 anos, honesto até o último ato de moral-ético-legal, vai acabar trabalhando na Secretaria de Defesa Pública do Estado? Eis o Tenente-Coronel Nascimento.

André Matias exala ódio pelo sistema, pelos traficantes, pela podridão dos malandros de todos os níveis. Um cara frio e calculista, uma máquina de justiça dos homens. Agora ele aparenta ser um cara dez vezes mais ameaçador. Cara fechada. Não dá um sorriso. Ele é um caveira, e com caveira não se pode dar mole.

Soa muito diferente dos filmes nacionais (até mesmo da parte 1). O cinema nacional tem a mania de mostrar a realidade do Brasil, de um modo ou de outro. É claro que Tropa 2 é assim, mas é um filme policial que usa a realidade como pano de fundo, e não a realidade como único e verdadeiro enredo. Deu pra entender? Espero que sim.

Mas não vá achando que vai mudar sua vida. Tropa de Elite 2 é puro entretenimento. Convenhamos, entretenimento é uma válvula de escape, assim como sexo casual.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

SWU... tsc tsc.

A gente fica muito feliz quando sabe que seu país vai ser visitado pela turnê de uma banda, no mínimo, interessante. Quando eu fiquei sabendo do tal Woodstock brasileiro, em ITU (?!), não dei a mínima. Achei uma pura perda de tempo gastar uma grana para ver certas bandas que não fazem muito a minha cabeça. Mas então meu telefone tocou e um amigo me disse, todo entusiasmado, que Rage Against The Machine iria estar presente. Alguns dias mais tarde fiquei sabendo que Os Mutantes também chegariam com o seu psicodelismo no palco do evento. Eis que confirmaram Los Hermanos - não tinha mais porque não ir.

Deus sabe como foi foda arrumar grana para ir nesse festival. Gastei um dinheiro que não podia, mas a diversão, na maioria das vezes, é mais importante do que contas a pagar. Comprei o meu passaporte para o grande dia e esperei pelo o que seria uma grande noite de celebração ao rock.

Ás vezes acho que sou roqueiro, ás vezes acho que estou ficando velho. Seria um show de rock um culto à desorganização, falta de respeito, falta de noção, falta do que fazer, falta de sensibilidade e falta de bom senso?

O SWU tinha tudo para ser inesquecível. Mas, de fato, FOI inesquecível.

Eu nunca mais vou esquecer o estacionamento do SWU. Sem nenhum ponto de referência. Qualquer bambu enterrado no chão com bandeirinhas sinalizando qualquer coisa (1,2,3,4...) seria o suficiente para achar seu carro no meio de mais uns 30 mil veículos. Aquele chão de terra ficou tão preocupante com a chuva que todo mundo (inclusive a produção) se esqueceu de que o vento também faz sujeira.

Eu nunca vou me esquecer do caminho de quase 2 quilômetros do estacionamento até a entrada do festival que o público tinha de percorrer. Nem havia começado a diversão e eu já me sentia exausto, com os pés doendo (você coloca o seu pior tênis com medo de pegar chuva). Tudo era terra e poeira levantada por um vento puto.

Nunca vou me esquecer do trabalho dos seguranças muito bem treinados, que ao não saber responder sua pergunta fecham a cara e manda um ligeiro "foda-se" para você com o olhar deles. No SWU, segurança era uma árvore vestida de preto que tinha a função de abrir sua mochila para ver o que você trazia consigo. Sabe... Até concordo com esse procedimento. Drogas são proibidas pela justiça brasileira. Armas também. Qualquer coisa que coloque em risco a vida das pessoas deveria ser proibida logo de cara num evento desses. Mas o que uma embalagem de clube social pode colocar em risco a vida dos alheios? Uma garrafa de água pode conter o que, Antrax? Um porta óculos pode levar uma bomba para matar os ativistas do Rage Against The Machine?

Oras bolas... A PM só serve para por medo. Mesmo que você não tenha nada a dever, um PM estufando o peito e a sua orgulhosa farda que conquistou em um concurso público é de deixar qualquer um peidando mole. A PM fez a revista, uma revista cheia de pampa, não me rele e não me toque, ninguém vai entrar com isso ou com aquilo. Na verdade um bando de merdas de profissionais. O que tinha de maconha e outras coisas (como sempre tem, como sempre deveria ter, é um show de rock... não é?) me fez pensar melhor sobre o trabalho desses policiais.

Mais importante do que drogas ou garrafas d'água seria uma terceira barricada de revista: psicólogos e psicanalistas de plantão, uns 40. Ao menor sinal de desconfiança de um PM perante um "louco", o cara deveria ser encaminhado para um ambulatório e ser avaliado.

Eu sou meio maluco. Claro que sou! Mas eu preso pelo bom senso. Eu respeito mulheres, idosos e crianças. Me importo, sim, pelo próximo e pelo longe. Acredito que se um cara vai com sua mulher curtir um show, ele espera, no mínimo, se divertir.

Nunca vou me esquecer o pânico que passei. Assim que começou o show do Rage, uma onda de vibrações calorosas pegou de assalto as 50 mil pessoas presentes no vale em que foram montados os 2 palcos. Sim, era um vale, um mato sem cachorro. Após cerca de 5 minutos de uma sirene que parecia prever um "fudeu, escondam-se, salve-se quem puder, aí vem Rage Against The Machine", Zack de la Rocha e a trupe toda entoaram "Testify", e um mar de gente começou a pular, como se o riff da porrada (não era música nem rock, era porrada) mexesse com as pernas. Olhei para o lado e minha namorada pulava junto, pois se ela não pulasse com certeza estaria em apuros. Pensei "preciso sair daqui". Tarde demais. Em seguida a banda tocou "Bombtrack", e uma bomba explodiu no meio da multidão. Não era uma bomba de verdade, se não isso de fato sairia nos jornais. "Tumulto e trânsito marca o primeiro dia do festival" foi o máximo que conseguiram escrever. Se eu fosse jornalista eu daria um jeito de escrever o que passei. Mas esse blog também serve para isso. - Não sei porque, mas uma galera invadiu uma ilha da câmera de vídeo que estava precariamente protegida por grades de ferro, ao mesmo tempo em que inúmeras rodinhas de bate cabeça (aquelas em que a galera fica se debatendo enquanto o som rola) se formavam (era esse tipo de gente que os psicólogos deveriam barrar). Do nada, absolutamente do nada, uma força maior começou a empurrar quem queria simplesmente curtir o som da banda e dar uns pulos de vez em quando. Quando eu vi, minha namorada estava grudada em mim e eu estava grudado em outras 8 pessoas, tudo prestes a desabar, indo para o fim. Pânico é a palavra certa que se sente quando você tem que lutar pela sua vida, pois um bando de idiotas não conseguem simplesmente curtir alguma coisa na boa. Por cerca de 3 minutos eu achei que iria morrer. Meus pés perderam a noção do que era chão e o que era pé dos outros, enquanto meu braço esquerdo protegia minha namorada de qualquer coisa pior, ao que meu braço direito ia tentando entender alguma direção; meu coração batia descompassadamente enquanto eu sentia que a força que nos empurrava era cada vezes maior e a galera que a gente involuntariamente invadia não entendia nada. Eu berrava com todo o meu ser "sobe, sobe" para a galera em que eu ia em direção. Via que não funcionava e berrava "parou, parou" para o pessoal que empurrava. Tentei em vão parar e empurrar de volta. Eu respirava com dificuldades por causa do pânico. Cheguei a machucar minha namorada de tanto que eu queria protegê-la. Até pra Deus eu apelei minhas suplicas. Até que teve uma hora em que conseguimos nos virar e sair daquele verdadeiro inferno. Não consegui nem olhar para trás. Fiquei completamente traumatizado. Fui ver o resto do show bem longe daquele bando de filhos da puta.

É claro, óbvio e mais do que certo que a banda Rage Against The Machine é do caralho. Tocam muito, perfeitos. Mas parece que eles liberam essa energia anti-regra, contra o sistema, seja lá qual for esse sistema. Burro é o cara que acha que esse sistema seria uma tentiva de organizar um festival. "Vamos destruir tudo". Ouvi dizer que o próprio Zack sugeriu que a galera invadisse a área Vip. Pra quê?

OS MUTANTES - Fiquei muito feliz quando percebi que os 2 palcos eram um do lado do outro, de modo em que eu não iria precisar decidir entre Mutantes e Los Hermanos. A organização não disponibilizou essa informação, mesmo porque a divulgação disse que as duas bandas tocariam praticamente no mesmo horário. Merda para eles, para todos eles. Divulgação merda. Organização merda. Sérgio Dias parecia, de fato, emocionado. "Fazem 40 anos que a gente espera ver vocês assim, tanta gente. Parabéns!" Abriram o show com "Vida de Cachorro". A moça até que canta bem, aliás canta até demais. Parece vocal de banda gospel, cheio de vibratos, os mesmos vibratos que o Sérgio disse para mim serem irritantes em certos cantores. Mas teve bem. É que a Rita era a Rita... "Virgínia" foi entoada pela voz de Sérgio como se os anos não tivessem feito a mínima diferença em suas cordas vocais". "Technicollor" foi foda. Sérgio toca guitarra como se um bebê toma sua mamadeira - parece fácil demais. Põe na cara de muito moleque que acha que sabe tocar alguma coisa. A banda em sim é muito, mas muito ensaiada. Não erram nada. As vocalizações são quase divinas, perfeitas. Tocaram um repertório digno de fã dos Mutantes - tive a impressão de que só eu estava entendendo o que eles faziam. Até que começaram com "Ela é minha menina", música essa famosa nos bailes de samba rock e companhia, e todo mundo sambava e catava. Eu ria. Tocaram "Top Top" e "Ando Meio Desligado" - essa última ninguém sabia cantar o refrão em inglês. Então tocaram "Balada do Louco", como só tinha louco, todo mundo cantou. E foi bonito. Os Mutantes parecem exalar o misto de decência e sacanagem. Ao mesmo tempo que levam muito a sério o seu "rock and roll samba bossa do calango doido", eles brincam demais, do jeito que sempre foi. Dinho Leme toca muito, contrariando os mais bestas que acham que bateria tem a ver com malabarismo. Pena que o festival em si só permite cerca de 30 minutos para as bandas "secundárias". Eles deveriam ter um dia para serem a banda principal. Surpreendente.

Mallu Magalhães - Ela é a Sandy que deu certo, como diz minha namorada. Beleza, a Sandy não deu errado, mas não faz nem folk, nem rock e nem música que nem faz a Mallu. Moça bonita, dos cabelos longos timidamente presos. Uma concentração fora do comum. Uma banda que poderia ser menos bagunceira, menos barulhenta. Mallu canta tranquilo, super-afinada e seu violão não faz muita coisa (ou ela que não faz muita coisa no violão... tem hora que você não sabe o quê é o quê). Quando ela estourou no Brasil, parecia uma mula. Não falava coisa com coisa e tinha aquela cara de "ãn?". Dois ou três anos depois do estouro, umas bimbadas com o Camelo, umas conversas com o Camelo e muitos shows por aí, a moça aprendeu a falar em público. Parece uma veterana. Tinha fã e o escambau na platéia. Gente que foi para ver o Rage, parava ali na "tenda oi" e ficava preso pelo brilho da menina. Ela é muito boa, mesmo.

LOS HERMANOS - Sou fã da banda, muito fã. Mas esse show foi apático, estranho e sei lá. Muito cara de "já te vi". Com certeza você vai ouvir "Além do Que se vê" e "Sentimental" no show deles, e do começo ao fim o publico vai entoar não só refrões, mas arranjos de metais, teclados, bateria e, claro, refrões. Mas era para ter algo a mais. De novidade só os óculos do Marcelo. Li por aí que eles estavam claramente emocionado... Duvido muito. Camelo parece ser um nerd tão nerd que não sabe falar com o publico, aí diz coisas como "Brigado... Brigado... Vocês são a razão disso tudo. Sem palavras. Cês são foda", ao que Rodrigo Amarante (o galã com sua camisa azul estranhassa) diz "Já afinei (a guitarra) pode parar". Veja um dos dois DVD's da banda e verá que tudo o que o Camelo diz é "obrigado, sem palavras"; e Amarante diz "vocês vieram mesmo! Quanta gente!". É caras, cês são fodas e nós sabemos. Não precisam dar uma de "eu não sabia que ia ser assim"; não precisam se fazer de surpresos e não precisam tentar aparentar emoção. Emocionado ali era o Bruno Medina, que, como sempre, estava puto e doido para ir deitar em sua cama. Amarante louco como sempre. Caras, bocas, pernadas, agachadas. Como eu já vi uma porrada de show deles, tem hora que fico viajando em backstage. Teve um momento em que o Amarante pediu algo para beber, pois foi o gesto dele. Um roadie caminhou até perto dele e pegou um copo, levou o copo até um cara que parecia ser um segurança e esse cara tinha uma garrafa (eu estava longe, mas deduzi ser wisky) e encheu. Ninguém percebeu, mas uma das guitarras do Camelo caiu com tudo no chão por que um cabo dele enrolou no pedestal da guita e paff! Que dó... Para os curiosos, Amarante agora usa 2 Epiphone Casino, eternizadas pelos Beatles - no lugar das clássicas Fender Telecaster. As Fender, para o som do Los Hermanos, dão muito, mas muito mais som. Foi bom revê-los. Estão bem... Ainda bem.

Rage Against The Machine - Pânico, destruição e desordem. Um slogan foda seria "fui no show do Rage Against e sobrevivi".

O SWU foi uma coisa que não se faz. Um amigo meu que mora na Inglaterra disse que esses festivais por lá não são feitos para um público tão grande. Esses festivais só servem para encher o cú de grana de quem já tem dinheiro suficiente. Não havia ninguém para orientar na hora do empurra-empurra. Ninguém para mostrar a saída (não sou obrigado a ter memória fotográfica). Os PM's só fizeram seu terrorismo na entrada. Não havia nenhum na saída. Um lugar desses deveria ter, no mínimo, bebedouros (água a 4 conto?). Os banheiros eram nojentos e mal planejados. O bar não tinha troco pra 50 (cobravam 6 o refrigerante e 9 a cerveja). As maquininhas de cartão ficaram fora do ar (culpa da empresa de cartões? foda-se. Uma simulação daria conta do recado). Simples, uma falta de respeito ao consumidor, onde tudo no Brasil só visa o lucro - bem estar do publico é conversa para depois que o evento acabar. E a fila para ir embora? Deixa pra lá.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Mitos e Causos

Será que alguém sabe para que serve uma história mentirosa? Eu já ouvi dizer que essas coisas fortalecem o alvo. Se você cobrir um copo vazio com um pano e afirmar que dentro dele tem um santinho vivo ou uma pena de sabiá mágico ou até mesmo um gnomo das profundezas, é óbvio que qualquer pessoa em seu devido juízo não vai acreditar na história. Mas vai ficar com a pulga atrás da orelha, "o que será que tem aí dentro?" Acho que é nesse tipo de segredo ou mito ou sei lá o que em que a Maçonaria baseia a sua força. Na verdade não há muita coisa interessante dentro de uma comunhão maçônica, mas o fato de ser secreto e de tanta gente falar que é coisa do demo, de comunista que come criancinha ou de pessoas que comem fígado de bode recém abatido é o suficiente para muita gente pensar: "será?".



Quem não se lembra do boneco do Fofão que vinha com um punhal dentro dele? Um amigo chegou a abrir o coitado fofucho e constatou que havia algo sim! Um suporte da cabeça e dos bracinhos do bonequinho, que era, consequentemente, pontiagudo - mas de plástico. As empresas de brinquedos da época eram meio idiotas. Qualquer criança um dia destrói deus brinquedos que custaram tão caro para seus pais. Uma delas deparou-se com o suporte de plástico pontiagudo e alguma mãe cristã idiota fez o alarme que tomou proporções nacionais. Culpa de quem? Da criança? Da mamãe? Do fabricante burro?



Lembra daquela geléia "geleca" toda fedida e verde que a gente adorava jogar no cabelo das meninas? Aquilo é coisa pra dar na mão de uma criança brincar? Sei não... Vendeu pra caralho. Teve moleque que até comeu pra saber o gosto.



Criança tem mania de conhecer coisas novas colocando essas coisas na boca. Já coloquei dinheiro na boca - o gosto é horrível. Já comi meleca quando era um merdinha. Mas nunca coloquei cocô nos lábios. Seria demais, o cheiro não deixa. Mas tem criança que coloca!



Mas o papo não é esse.



Lembra do disco da Xuxa? Hilário. O que teve de molecada que detonou o toca discos do papai por girar o bolachão ao contrário só para ver se a Meneguel dizia "meu anjo é o diabo e esse mundo tem que receber esse amor que eu recebo", na faixa "Meu Querido Xuxo". Tem uma porrada de pastores da igreja protestante que jura de pé junto que já trabalhou para a Xuxa e que fala que, de fato, ela é uma serva do tinhoso. Quem não fica com a coisa na cabeça? Um insistente "será"?



Diga-se de passagem que esse negócio de tocar o disco ao contrário é um clássico. Um dia vou gravar um disco e chamá-lo de "Toque ao Contrário".



E as balas que continham drogas para poder viciar a molecada e , assim, vender mais? Cara, confesso que é uma jogada e tanto! Venderia horrores de balinhas por toda a nação. Mas algum idiota soltou essa informação, coisa que comprovou que não havia nada nas balinhas, pois só um burro faria isso. As balas não saíram do estoque ou foram parar nas mãos dos viciados em drogas, como um brinde pela a "paranga". Com certeza isso foi coisa de polícia. Foi longe, até no México isso ecoou. Na novela "Carrossel" o personagem Cirilo viciou-se em umas tatuagens que vinham no chocolate. Vai saber...



Você sabia que o túnel da cidade ( o único, aquele perto da rodoviária, na Vila Industrial) é mau assombrado? Lenda lançada por jornalista da década de 70 (ou 80, sei lá). Não acredita? Te desafio e passar por ele a pé às 3 da madruga.

Esse papo de assombração atormentou-me na infância. A brincadeira do copo não deveria levar esse nome, "brincadeira". Brincar é pique-esconde, cabra-cega, amarelinha, papai-mamãe. Trocar idéia com um espírito dentro de um copo (?!) é coisa pra gente sem juízo. Os mitos por trás disso ficaram fora do controle. A parada amaldiçoava o local, a turma que brincava e familiares. Tinha as versões do compasso, da caneta e da pulseira.

A loira do banheiro esteve por aí. Quem tinha medo de uma loira de 1,72m, cabelos longos e lisos e olhos azuis? Eu não tinha não. Diziam que ela aparecia com algodões nas narinas (sinistro) depois que você xingava três vezes e apertava a descarga.

Minha avó adorava falar do homem do saco. Mas essa história não é mais lenda urbana - foi promovida à folclore.

O conteúdo daquelas minis coca-cola dos anos 80 era veneno!
As tatuagens que grudavam no corpo com água eram cancerígenas!
Essa é demais: o líquido do bubballo causa câncer!
Ajinomoto dá câncer!
Cigarro dá câncer!

Ah, é verdade... Cigarro causa câncer mesmo. Merda!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Cinco do Dez de Dois mil e Dez

Eu nem me dou o trabalho de parar para ler as coisas que escrevi no ano passado, as promessas para 2010. Mas poderia ser pior. A vida, muitas vezes, é feita de promessas não cumpridas. Acho que é por isso que os católicos pagam promessa de um jeito tão peculiar, doloroso. Subir a escadaria da Penha de joelhos é coisa pra muita fé mesmo.
Estou caminhando para os meus 28 anos de idade e acho que, realmente, estou ficando velho. Quando eu tiver uns 50 e tantos vou ler isso aqui e vou cagar de rir, eu sei disso. Imagino então meus filhos lendo essa parada. O que faz de uma pessoa um ser importante? O que faz uma pessoa ter tanto conteúdo e esse conteúdo ser tão disputado pelas outras tantas pessoas? Deve ser uma merda ser famoso, não poder ter o seu próprio espaço intelectual íntimo - seja lá o que isso quer dizer.
Quando fiz 27, me lembro muito bem que eu falei muito sobre ser a idade da loucura. E, veja bem, é mesmo. Mas o máximo que vou dizer aqui é que de fato eu amadureci um pouquinho mais. Esse ano que passou foi um tanto especial. Muita coisa na cabeça, muita decisão (por mais que ninguém tenha percebido essas decisões, elas foram tomadas por mim e para mim).
Os 27 anos de idade é aquela em que você se torna um adulto (ou não). Eu já nem sei mais que tipo de pessoa eu sou ou em que tipo de tribo eu pertenço. Já fui patinador; roqueiro; violonista de colégio; já toquei na igreja; já fui em acampamentos de igreja e já chorei com muitos amigos nesses retiros espirituais; já acreditei que Cristo é o próprio Deus; já fui (pasmem!) no show da... da... esqueci o nome porra! Não sei o quê Barros; fui no Oficina G3 (esse é legl) e um monte de gente que nem lembro o nome. Já fui para São Paulo ver Kirk Frankling com o mesmo entusiasmo de ir no SWU.
Já fiz um monte de coisa que hoje não faço de modo algum. E hoje eu faço um monte de coisa que antigamente não fazia de modo algum. É importante escrever sobre a própria vida. Ah, se eu tivesse feito isso há alguns anos atras.
Eu acho que nunca quis ser médico ou esses tipos de profissões que as crianças falam que querem ser quando crescerem só para inflar o orgulho dos papais. Minha vó Joana (que deve estar em Nosso Lar, não que eu creia nisso, mas é um nome um pouco mais conveniente do que "céu". No céu tem nuvens e aviões) falava que ia ser legista, isso porque eu adorava pegar uma faca e abrir os peixes que minha mãe preparava para o jantar depois de uma praia. Queria ver o estômago e intestino do bixo. Furava os olhos para ver o que acontecia. Procurava o cérebro, mas esse eu nunca achei. Eu sentava no colo da minha vó, de frente para ela, colocava as duas mãos no rosto dela e esticava, imaginando assim como seria o rosto dela com uma boa plástica. Ela dizia então que eu seria cirurgião plástico.
Eu me lembro de uma época bem breve em minha vida em que eu quis ser pintor de quadros. Cheguei a fazer aula e tudo mais. Lá em casa, na sala, tem uma pintura minha. Mas no fim acabei achando isso coisa de baitola - e não vou perder meu precioso tempo dizendo que não tenho preconceitos, etc, etc...
Também já tentei, empolgado com uma aula de artes na sexta série, ser escultor de giz (sim, aquele que os professores usavam no quadro negro). Eu sei lá o que esculpi, mas achei muito interessante. Então tive a brilhante idéia de construir uma cidade de giz. Tá... Nunca levei esse projeto pra frente.
Já escrevi uma história do Super Homem, que dei o título de "A profecia". Fiz minha mãe comprar uma máquina de escrever para mim e eu digitava o texto de madrugada. A capa eu desenhei e isso foi parar nas mãos da minha prima Karen. Ela leu e gostou. Acho que não tinha nada melhor para ler. Também escrevi um romace policial chamado "O Maníaco da Rosa", o que na verdade foi um bom exercício, munido de um belo clichê.
Pra falar a verdade foi na criação que me achei. Criar é viver um mundo completamente diferente do seu, onde eu posso me expor ou não. Até cinco anos atrás eu nunca imaginei que teria condições de fazer as minhas próprias gravações. E também nunca imaginei que teria uma ferramenta de trabalho para escrever (um noteboock). Era tudo o que eu precisava. Agora só falta um carro, mas esse deixa para quando eu tiver uns 32 anos. Mas quem me conhece sabe que não sou um cara materialista, de modo algum. Tanto que minhas coisas perdem o aspecto de novo rapidinho. Imaginem um carro meu? Queimarei o banco dele em semanas.
Como de praxe, sempre paro por aqui e escrevo algo quando estou prestes a completar mais um incrível ano de vida. Não posso ir sem deixar uma reflexão sobre a vida, coisa que deve servir para o futuro, quando eu estiver um pouco perdido ou inflando de ego, volto aqui e leio como eu era nesses dias. É uma forma de congelar o presente.
A vida, até agora, revela-se nos sentidos, tanto os do corpo quanto os da mente. A arte costuma exercer essa função em alguns casos. Descobrir sempre é um prazer, pois faz a sua própria existência não ser mesquinha. O dia depois do outro somam uma aventura pra lá de explosiva e sempre (sempre) o exercício de olhar para trás (mais do que para frente) te livra de situações constrangedoras e também te fazem um ser humano mais equilibrado. Não devo, em hipótese alguma, julgar as pessoas pelo o que elas fazem. A fraqueza delas pode ser a sua um dia. Acho que a misericórdia ainda é a grande salvação da humanidade, mas ser misericordioso é algo que exige muita paz de espírito, paz essa que é cada vez mais complicada de adquirir, espírito cada vez mais longe de se elevar, pois temo em me fincar na minha própria carne. Não me julgue por isso, pois, oras bolas, sou um homem feito de carne e osso, e não um espírito querendo ser um homem.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Memórias Por Enquanto Nada Póstumas

Eu já devo ter contado essa história em algum lugar, ou para alguma pessoa. Eu tive um animal de estimação um tanto estranho: um pintinho amarelinho, que cabia na minha mão. Quando eu era criança meus pais me levavam numa feira de animas chamada Cães e CIA, e foi lá que eu vi uma raça de Mastin Napolitano, segundo me disseram ser o cão mais forte do mundo. Tinha outros bichos também, como peixes e aves, mas eu os achava um tanto caretas.

Na saída da feira - que era montada em algum lugar do Plaza Shoping - para a alegria extrema dos pais as crianças eram presenteadas com unidades de pintinhos amarelinhos. Eu morava em um prédio que tinha uma quantidade generosa de crianças. Em dois ou três dias, o jardim do prédio era tomado por pintinhos que piavam "piu" e cagavam estranho onde quer que estivessem. A gente dava quirela para eles comerem e eles comiam seja a hora que fosse, a quantidade que fosse. Uma criança adora alimentar seus pintinhos, e numa dessas vários pintinhos morreriam.

O meu ficou doente. Eu quis curar. Com o nome esquisito de "Pilo Chico", o pintinho que morava numa caixa de papelão na lavanderia do apartamento começou a ficar estranho. Quanto à sua doença, é só isso que eu me lembro. E meu pai de uma de fodão e falou que o bichinho ficou curado, e que seu lugar era num sítio, junto de outros bichos. Agora com certeza eu acho que já contei essa história em algum blog. O fato é que meu pai mandou o pintinho pro sítio de uma vizinha, que jurou que o Pilo Chico ia ficar bem por lá. Me lembro que depois de algum tempo - tempo esse que não tenho a mínima noção - fui nesse sítio brincar com alguns amigos e vi um galo num galinheiro. Entrei no galinheiro e abracei o galo:

"Meu Pilo Chico"

Como é fácil enganar uma criança... Mas será que eu fui enganado? Esse fim não era o melhor para todos naquela ocasião? Como é que um galo seria criado num apartamento minúsculo em Icaraí? Isso me faz lembrar a forma paterna de enxergar Deus. Péssima reflexão, eu sei... Mas inevitável. Eu, como criança, achei que sabia o que era melhor pra mim - ter um pintinho num apê. Meu pai sabia o que era melhor pra todo mundo, e me "enganou", levando o bichinho pra bem longe. Continuei sendo enganado quando abracei o galo, mas acho que uma estranha misericórdia fez com que esse galo não me atacasse, me fazendo crer que aquele era de fato Pilo Chico. Dizem por aí - mais precisamente os cristãos - que Deus nem sempre faz o que queremos, mas o que precisamos, e nós nunca sabemos o que precisamos. Vai saber...

Um dia eu tive também um ratinho marrom. Mas, com perdão do jargão, isso é um aoutra história.

terça-feira, 23 de março de 2010

Pátria Amada! Idolatrada! Salve, Salve!

O que será que faz com a gente a terra que a gente pisa? Onde foi que você, leitor amigo, cresceu? A fantástica escritora Marilia Vianna (com ou dois "n", não sei ao certo) teima - teimosia boa, ok? - que Minas Gerais é o lugar mais importante do planeta - planeta, aqui, a gente entende como vida. O que me intriga é que ela é de Muzambinho e sua fé cega nas terras do ouro fino é tamanha que ela abrange todo o estado.

Minha Silvia diz assim quando os pais dela vão para Alterosa - uns 80 km de Muzambinho : "Meus pais vão pra Minas".

Aqui no meu estado - SP - as pessoas que não são da capital dizem que são do interior de São Paulo. Já o pessoal do estado do RJ é tão metido que de qualquer canto eles dizem ser carioca. Sei não... Aí o carioca diz que é da gema. Já vi paulistanos dizendo que são paulistas da gema...

E o que dizer do baiano? Eles dizem, com a maior força de convicção possível, que se você não conhece a Bahia então não conhece o Brasil. Melhor ainda, dizem eles mesmos que a Bahia é um outro Brasil. Lá é o melhor carnaval do mundo. Lá é o melhor peixe servido do mundo. Lá, lá e lá...

Os cearenses dizem que as praias deles são as mais belas e fantásticas do nosso Brasil. Esse nosso Brasil...

Não conheço nada do País... Dá pra contar no dedo os lugares que visitei.

No Rio conheço Niterói, Arraial do Cabo, Cidade do Rio de Janeiro, Paraty, Angra dos Reis (só a favela). Em São Paulo conheço Campinas, São Paulo, Itatiba, Sumaré, Valinhos, Vinhedo, Holambra, Itu, Atibaia, Mogi Mirim, Aparecida do Norte, Jundiaí, Santos, São Vicente, Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião, Praia Grande, Cubatão, Votuporanga, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Cosmópolis, Paulínia, Indaiatuba, Sorocaba... não lembro mais. Em Minas conheço Muzambinho, Alterosa, Guaxupé, Belo Horizonte. No Paraná conheço Londrina e Maringá. No Goiás conheço Caldas Novas.

Só.

Se me dão a liberdade, quero falar também da minha lembrança congelada de Niterói, coisas que me fazem sentir criança.

O Sol e o sal, junto da areia na sunga. Boca rachada de tanto mergulhar no mar. Cheiro de peixe frito voando pelo ar, te pegando pelo estômago. "Ítalo e Felippe!" gritava minha mãe e meu pai, dizendo que a tal corvina estava pronta. Saíamos do mar na hora. Coca-Cola de garrafinha - a melhor! Música pra todos os lados. Carioca falando mole. Arrastão - não aquele mentiroso que mostraram na TV, mas aquela rede enorme que trazia o sustento dos pescadores - e eu lá, roubando sardinhas que os pescadores jogavam fora. Chegava em casa depois da praia e minha mãe fritava tudo. Quem não gosta de peixe é porque nunca morou no litoral. Aqui na roça peixe é um lixo.

Ainda na praia, horas e horas de baixo do Sol, caçando tatuí na areia, ou então brincando de castelo. Fazíamos também pista de corrida, e os carrinhos eram tampinas das garrafas de refrigerante. Icaraí, bairro lindo, exuberante, uma verdadeira enxurrada da mais pura perfeição da natureza judiada pelo homem. Eu odiava ir à praia de Icaraí, pois aquele mar nunca teve onda. Pedra do Índio, cheiro de mar com esgoto (ah, acreditem, é uma delícia!) MAC (museu de arte contemporânea, desenhado por Niemayer) cuscus (não aquele salgado horroroso feito de farinha de milho, mas sim um doce de coco e biju, FODA!) refrigerante Mineirinho - Made In São Gonçalo - asfalto pelando de quente, impossível andar descalço, mas a molecada era foda, e andava descalço mesmo assim! Calor, muito calor! Ar-Condicionado em todos os cômodos da classe média. Ruas Lopes Trovão, Alvares de Azevedo, Miguel de Frias, Marís de Barros, Presidente Backer, Travessa Macedo, Men de Sá. Lugares como o Campo de São Bento - um parque da cidade onde tinha carrinho de bate-bate, algodão doce, e perfeito para andar de bicicleta - Saco São Francisco, Itaipú, Itacoatiára, Camboinhas, Piratininga, Ingá, Fonseca, Plaza Shoping, Barcas, Bob's, ruas estreitas em que os ônibus voam baixo, Centro Moderno de Ensino (onde eu me alfabetizei), Curso Alzira Bittencourt (onde fiz o 1°,2°, 3° e 4° ano) São Vicente de Paula (onde todos os meus amigos estudavam, menos eu!).

Chega!

Isso tudo só pra ver até onde minha mente ia. Não temos nem 3% dos meus 12 anos de idade aí nessas linhas. Mas, sei lá, o nosso Brasil é tão foda, mas tão foda, que qualquer lugar para se viver é o melhor do mundo.

E tem gente que queria ser americano...

Have a nice day!

domingo, 21 de março de 2010

Pensamento Singular

Rachei uma vitrola com a Silvia. A gente foi na feira hippie e tinha um chileno (aquele bigode grisalho não me engana) vendendo antiguidades. O cara tinha algumas coisas realmente interessantes. De pentes antigos (imagina o tanto de célula morta e outras coisas do mundo microscópio que deve ter num pente desses) a artigos do exército. Vi um capacete e peguei na mão. Puro ferro, mas de uma tecnologia meio idiota. É claro que um projétil atravessava aquilo com a maior facilidade. Nem fodendo que eu me arriscaria numa linha de frente com aquele capacete besta. Olhei mais na banquinha do cara e vimos uma Pentax. Tudo funcionando. O flash, o clique. Mas o grande problema é achar filme para essa máquina. A Kodak parou de fabricá-los. Mesmo que ache deve custar os olhos da cara para umas 25 poses. Fotografia era coisa complicada. Ainda é. Parece que as coisas antigamente eram complicadas. Ou somos nós que descomplicamos? Realmente, eu não sei. O fato é que, assim como uma Pentax fazia imagens singulares - aqui, caro leitor, acho estranho usar uma palavra que designa um só no plural - vimos uma vitrola MOTORADIO, com um volume lindo, funcionando. Comprei alguns discos essa semana e nosso tesão agora é ouvir coisas que nunca ouvimos no vinil. Claro, também coisas que conhecemos, pra ter aquela impressão - era assim que ouviam antigamente. No time dos conhecidos, comprei Triller e Bad, do Michael; Cloud 9, do George; Dark Side Of The Moon e Atom Heart Mother, do Pink; Brothers in Arms, do Dire Straits... e outras coisas. Do time dos não conhecidos compramos Chico, Caetano, Elis, Miltom, e outros. Tudo muito, muito singular.

sábado, 13 de março de 2010

Do que será que eu vou falar?
Sobre o que eu vou escrever?

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

PUTA QUE PARIU! FINALMENTE, SAIU!

Extra, extra! O envelope de sedex contendo o material gráfico e a matriz do áudio do disco "Vejo Cores nas Coisas" - da fantástica fábrica de música Oito Mãos - acaba de ser mandado à Zona Franca de Manaus, onde, dizem por aí, o imposto é mais barato ou coisa parecida.
Demorou, mais saiu. O disco contém 13 faixas, sendo que uma delas, aquela que NINGUÉM comentou ainda, é, na verdade, um sarro. Um sarro? Sim. Um grande sarro - ou graça, nessa vida cheia de graça, regada à loucuras e coisas ácidas e doces - entenda como quiser. NINGUÉM, ao meu ver, é um esclarecimento aos mais afortunados, aos que têm o ouvido mais apurado, aos que conseguem perceber com exatidão as sobras de agudo - e fica por isso mesmo - ou fadigas auditivas. Oras bolas, o Oito Mãos sempre foi assim.

São o tipo de banda que cansa, mas porque metem o mais sincero foda-se ao que se diz ser "tecnicamente certo" ou "vendávelmente radiável", se é que existe essa expressão, e é nessa fadiga que, creio eu, os caras vão peneiras seus verdadeiros fãns.

Batem no peito e assumem: Não somos Ninguém.

Mas uma coisa eu posso te falar sobre essa banda, do ponto de vista de produtor musical: eles simplesmente sabem o que querem. Essa foi a maior lição tirada desse primeiro disco - primeiro de uns 12, sejamos francos! Acho que esse é o caminho, saber o que quer. É na sinceridade que encontramos a felicidade.

Simples? Não muito. Percebemos que não é nada simples ao tentar tocar o disco ao vivo. Vem mais trabalho pra cima, mas é pra isso que estamos aqui.

Que venham as críticas - as boas e as construtivas. Que venham as opiniões sem sal, sem açúcar. Que venham os amigos brindarem! Que venham os invejosos tentarem tirar o lustroso sucesso de "Vejo Cores Nas Coisas", pois ele, o sucesso, nós já alcançamos, dentro de nós mesmos!

http://www.oitomaos.com/ - o disco está aqui.

PS - entrem nos comentários. Postei um texto de uma amiga escreveu ao ouvir o disco pela enésima vez.




CHUPA!