terça-feira, 23 de julho de 2013

Eu acredito no Super Homem.





Lois Lane escreveu seus artigos sobre o homem de aço em inúmeros filmes e quadrinhos desse universo que abriga Clark Kent. Artigos parecidos com esse aqui. Mas isso não é uma resenha sobre o filme. É sobre a vida.

Eu não venho de uma linhagem lógica de pensamento que me limita no mundo ao meu redor. Algumas crenças dizem que seres de outros planetas são espíritos em constante evolução. Há uma passagem no livro "O Restaurante no Fim do Universo", de Douglas Adams, no qual diz que há uma civilização em tal planeta  florestal de tal galáxia, em que todos eles, seres minúsculos, vivem dentro de uma árvore. Criaram suas próprias crenças sobre o que há ao redor deles além dessa árvore e que eles costumam reprimir as pessoas que questionam se há gente morando nas outras árvores. Diz, também, no decorrer da história, que há uma máquina em que os traidores são levados para morrer imediatamente. Dentro dessa máquina a pessoa é exposta ao máximo do máximo do universo e suas galáxias, mostrando num ponto microscópico dentro de outro ponto microscópico com os dizeres "você está aqui". Qualquer semelhança aos papo de boteco e cia não é mera coincidência.

Kal-El é o sobrevivente de um planeta que sucumbiu diante da própria evolução, diante da própria ignorância do ser obscurecida pela suprema inteligência. Seu pai, Jor-El, o cientista mais brilhante que esse planeta teve e, consequentemente, um dos melhores do universo, percebe a cagada e tenta convencer os dirigentes desse planeta. Num acesso de interesse pessoal, Jor-El manda seu filho nascido de parto normal ao planeta que a internet de Kripton rastreia como sendo saudável para o crescimento do bebê. Na sua cola vem o vilão que segue também seus interesses pessoais, e não podemos julgá-lo por isso: O general Zod queria manter a sua raça pura. Jor-El queria dar esperança à bondade e à ética que ainda parece existir nos seres menos apegados às glórias pessoais. O planeta sofre um colapso devido à total exploração de recursos naturais e explode. Kal-El e Zod sobrevivem.

O Homem de Aço é um filme reflexo de nossa humanidade. Existe bondade dentro das pessoas? As cenas que seguem são de extrema competência. Mais uma vez o fabuloso escritor de roteiros Cristopher Nolan arranca de vez a breguice coloria e os sorrisos bondosos que há embutido no sonho americano e nos apresenta os demônios que existem em cada esquina das nossas vidas. Clark Kent, um garoto que sofre para entender a razão de ser tão diferente dos outros, é bombardeado com o preconceito humano. As pessoas não gostam das coisas que lhe metem interrogações sem respostas. Seu pai adotivo, Jonathan Kent, lhe passa os verdadeiros valores de uma vida comum, onde alguns milagres devem ser mantidos em segredos e que eles - os milagres - na hora certa, serão libertos.

Esse novo filme é uma quase nova versão de Super Homem 2 - 1980, onde mostra a fúria de general Zod em busca da linhagem contida no jovem Kal-El. Os irmãos Wachowski ensinaram aos produtores de filmes de ação como se faz uma boa cena de porrada. Uma não, várias. E, no fim das contas, parece piegas: mas Kal-El, em meio a questão de Terra x Kripton, resolve optar, num ato de fé, pelo lado da Terra. Ainda há tempo de matar a corrupção. Ainda dá tempo de ensinar à sociedade como viver para a Terra. Kal-El é perfeito! Da cabeça aos pés. Controla sua raiva cutucada. É um ótimo filho, um ótimo cidadão. Vê, através do seu poder, a mudança necessária para o mundo. Mas mantem-se no anonimato até o momento chave da coisa toda. Não se deixa corromper, sabe da responsabilidade que carrega nas veias por se tratar de um super homem. Homem esse que nos deixa a questão: seria possível?

A Terra é indescritivelmente gigantesca. Coisas como cosmos, histórias, espíritos, mundos e mundos, me faz crer que pode sim haver algo do tipo por aí. Você consegue viver acreditando que há apenas gente com disposição de colocar uma magnum 45 no bolso e atacar uma escola primária em pleno funcionamento? Acredita num mundo em que homens estupram mulheres por puro delírio e distúrbio mental? Acha mesmo que aqui é o inferno, onde gente consegue chutar o estômago de um cachorro indefeso apenas para se divertir?

Eu prefiro acreditar na utopia da esperança. Em Kripton, o S que estampa a roupa intergalática do Homem de Aço quer dizer esperança. Essa que nem chega ser a última a morrer, mas a que renasce. A escuridão nos assola, parece que viemos ao mundo para sofrer. Até mesmo o super homem sofre. A cena de seu pai adotivo desencarnando é de uma tal comoção que nos surpreende pelo ensinamento da confiança. Confiança que pode ser abalada pelos mais terríveis pesadelos e medos da nossa jornada sem fim. A Terra teria um fim?

De todo modo - ou qualquer modo - eu acredito nas histórias que os homens escrevem, sejam em livros ou filmes. Personagens são tão reais que, em alguns casos, tomam seu próprio rumo. Eu creio na dimensão da mente capaz de escrever tais romances. Eu creio que há algo inexplicável por aí, adquirindo confiança total para ser apresentado ao mundo. Um dia a vida não será como é hoje. A tecnologia cegará os mais crentes. A filosofia abrirá os poros das percepções dos mais otimistas na razão. Coisas como política, dinheiro, sexo, chapadeira, a merda toda, um dia deixará de fazer sentido. Nessa hora, os verdadeiros super-homens nos orientarão, nos ensinarão quais são os verdadeiros valores da humanidade, nem que pra isso seja necessário um poder absoluto que virá sabe-se lá de onde.

Há esperança. 

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Felippe Pompeo lança "Júlia na Terra da Imaginação".




Felippe (vulgo Pompeo) assina seu livro como Antonucci. "Acho que apenas para diferenciar meu trabalho musical do literário. Na verdade eu acho que sempre fui um escritor, só que as vezes eu uso a música para deixar meus textos mais atraentes". Antonucci, por assim dizer, ainda mora em Joaquim Egídio e tem um novo cachorro, desde a última vez que a equipe do Blocos de Cimento esteve presente em sua casa para falar sobre o lançamento do disco do Oito Mãos, "Aliás". Raúl late desesperadamente por dez minutos. Depois senta-se ao sol, observado pelo dono. "Ele apareceu aqui e resolveu ficar". 

Eu li o livro. De onde foi que tirou tal criatividade?

Não faço a menor ideia. Júlia nasceu do nada. Uma vez eu sentei no computador e escrevi a frase "Júlia acordou de repente, sentindo suor em seu corpo". E por aí foi. Há anos eu tento escrever histórias originais. Mas, como na música, no começo você é um fracasso. Fiz meu pai comprar uma máquina de escrever para redigitar uma história policial que se chamava "O Maníaco da Rosa". Era uma merda, evidentemente. Lembro que usei nome de gente ao meu redor, o povo todo da igreja que eu frequentava. Não sei onde isso foi parar. Outra vez eu escrevi uma história do Super Homem, chamei de "A Profecia". Piegas até a última gota. Eu sempre tive dificuldade em saber executar os clichês, porque eles são inevitáveis. Tudo o que temos de histórias fantásticas nos fornece um caldeirão. Cada um faz a sua sopa.

A criatividade cara... Você é extremamente criativo.

(Risos, muitos risos). Mostrei um tiquinho do meu novo disco, o Bravo, para o Elthon Dias, grande amigo meu. Ele ouviu a faixa título e falava com uma sinceridade fora do comum: "Felipão, você é muito louco". Daí quando acabou, ele ficou sem palavras. Colocou-se de pé e bateu palmas pra mim. Eu realmente não sei de onde vem. A única coisa que eu sei é que eu não limito minha mente, eu não me fecho para o mundo real, o mundo da ida e vinda, da grana, do sustento. Eu me apego demais em minhas viagens. Tudo o que eu sempre quis ser e nunca consegui, eu sempre senti isso. Quando a gente começa a pensar, por exemplo: "e se eu ganhasse na loteria? Usaria roupas fodas, um carrão, uma guitarra Gibson..." Daí, nesse momento em que você pensa nisso, a imaginação é tão forte que você praticamente veste essa roupa, usa esse carro e tem essa guitarra. Quantas vezes eu subi num palco para 10 mil pessoas dentro do meu chuveiro? Quantas vezes eu me vi passando na MTv? Quantas vezes eu me vi num vale onde com um aceno de mãos, árvores e nuvens apareciam do nada? Não sou eu que sou criativo, são as pessoas que se limitam ao "real". 

Mas você tem que assumir que não é todo mundo que consegue fazer tais coisas... Cantar, tocar, escrever... 

Eu não pedi para ter nenhum desses dons. Eu administro uma loja de material de limpeza, não tiro meu sustento de meus dons. Eles me fazem sentir vivo, apenas isso. Certas pessoas tem facilidade com números, com Aristóteles, com bisturis, com vendas. Eu nasci para a arte. Nasci para fazer do meu mundo um lugar muito mais interessante do que a Terra. Na medida do possível eu compartilho esse mundo. O que cabe em 200 páginas de um livro não é nem unha do que há em minha mente. O tempo todo sou bombardeado com questões de todos os tipos, mas não consigo passar para as pessoas, mesmo porque eu sou o chato do facebook. Essa coisa de "meu mundo"... No meu mundo Paul McCartney é o melhor. E dentro de cada um existe um universo, onde o limite de um acaba onde começa o do outro. 

Me espanta muito o fato de você, um cara durão aparentemente, escrever para crianças.

Eu não escrevo para crianças. Escrevo para o ser humano. Quando você cresce, não sei o que acontece que a gente deixa de correr, de brincar, de sorrir de qualquer coisa. As crianças são protegidas pela inocência. Feliz é o moleque e a menina que tem seus pais para garantir tal isolamento do mundo real. Ao mesmo tempo que as coisas que acontecem numa escola forma todo cidadão. Desde cedo, viver é foda. Há verdadeiros demônios dentro de uma carapuça de 12 anos. Há verdadeiros gênios dentro de um corpo de 10. Há verdadeiros idiotas em corpo de 30 anos. Por aí vai. Minha proposta é mostrar para a criança que a vida é foda, e mostrar para o adulto que ser criança não é uma questão temporal, mas de ser. A minha imaginação é imensa. Nunca devemos nos limitar no momento em que pensamos "nossa, eu estou sendo ridículo". 

Mas tais propostas cabem num livro onde uma árvore se abre e, após isso, um mundo completamente diferente se mostra? Quer dizer... A fantasia encobre as coisas.

Não há nada de diferente em uma floresta, animais por todos os lados, ar puro, rios, vales, sombras, mal, bem... A Terra da Imaginação pode ser em qualquer lugar. Aqui em Joaquim Egídio tem uma trilha, dá um pulo lá e veja a porta que há dentro de cada árvore. Seria um exercício interessante. Meus cachorros falam comigo, isso é evidente. Só os caretas não acreditam nisso. 

E Júlia? Seria você? 

Não tenho como fugir disso. Sim, eu sou ela. Porque uma menina? Não sei exatamente. Lembro de quando escrevi esse primeiro livro, era uma época em que o povo da igreja metia o cacete no Harry Potter. Lutei muito para lidar com essa coisa da magia, do sobrenatural. Demônios, bem e mal. Me vi numa encruzilhada ao tentar descrever Júlia e seus objetivos. Quando percebi, usei todo o mundo em minha volta para fazer a história ter algum sentido. Esse livro não é para crianças de 40 anos atras, é para a molecada de hoje que sabe usar um i-pad e um PS3 melhor do que eu. Elas são o futuro que nunca chega. Júlia é uma moça brilhante, mas que até então é limitada pelo povo do "mundo real". Ela briga consigo mesmo quando tem que lidar com esses valores, em tais momentos em que ela se olha e diz "mas como é que eu fiz isso?". Da mesma forma que eu me pergunto, todos os dias: "Como foi que eu escrevi esse livro?".

Mais uma vez você vem aqui e se entrevista...

A gente fez um release lindo. O livro está lindo. Uma puta capa maravilhosa. Mandamos para os veículos de comunicação da cidade. Abri os principais jornais da cidade e nada. Pensei "é, eles não querem saber de porra nenhuma...". Quanto custa uma nota? Quanto custa uma matéria? Quanto custa uma entrevista? Eu não sei.... Meu modo de firmar cada vez mais o que eu quero dizer é ficar fazendo essas viagens aqui, da mesma forma que Júlia nasceu. Como eu te disse, minha imaginação é sem limites. Nesse momento, por exemplo, te vejo sentado na minha frente com um gravador em mãos, meus cachorros em volta, um clima maravilhoso lá fora, gente da cidade toda lendo isso aqui e uma fila enorme esperando o momento do laçamento do livro, doidos para saber o que acontecerá após ler essa entrevista. Pra quê eu vou me limitar ao mundo real? 

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Raul Terceiro.



Raul é o tipo de coisa que me evidencia a existência de Deus. E nós poderíamos chamar isso de acaso, se te deixa um pouco mais feliz. Me desculpem os ateus, mas, assim como o meu papo é sem sentido para vocês, os seus argumentos sobre a não existência de Deus não faz o menor sentido e mostra-se uma total confusão na consciência de sua própria existência. Deixando bem claro que religião não me leva a lugar algum e nunca me levou - pois uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa - Deus se faz presente em momentos em que ele parece se esconder. Daí você tem que ligar os pontos nas linhas tortas da escrita certa. Acho que é por isso que existem os ateus, pois eles não ligam os pontos. 

A questão básica é a bondade que exala felicidade e um certo sossego. É claro que a sua vida nunca vai deixar de ter tribulação. Para ser mais exato, acho que a vida é tribulação aliviada por momentos bons. Deve ser esse o plano da vida na Terra. Mas Deus se faz presente. 

Eu e minha mulher somos amantes dos cachorros. Eu já tive a Buba e a Dara. Hoje temos a Madalena na casa dos meus pais.  A minha mulher teve o Xuxo, o Bolinha, a Dolly, a Pitucha, a Grampola, a Tulipa,  e a Mel. Lá na casa  dos pais dela ainda tem a Sara, o Prejú, o Boby e a Sarita que vive na rua. 

Quando fomos morar numa casa, imediatamente ela queira um cachorro. Eu bem que tentei negar, mas foi impossível não ceder ao primeiro presente do criador. Maria Bethânia mancava no meio da estrada de terra que vai dar na nossa casa. Ela estava suja de poeira e carregava uma enxurrada de carrapato. Minha mulher a pegou e trouxe para nós. Foi amor a primeira vista. Bethânia é a coisa mais linda que eu já vi na vida, do olhar mais puro que um ser vivo pode ter. 

Meses depois aparece via facebook a Pantera. Forte, musculosa, perfeitamente igual à Bethânia. Carregava no texto de sua descrição a horripilante história do sofrimento que o ser humano pode causar aos cachorros. Sobre novos protestos, minha mulher foi buscar a senhorita Pantera. Quando ela chegou, mostrava uma humildade fora do comum, se rastejando no chão ao ver o homem da casa.  Eu, puto, não dei conversa para ela nessa primeira noite - até hoje peço perdão para Pantera por esse equívoco da minha vaidade - e logo no dia seguinte percebi o quanto era grata por nós dois termos resgatado ela das garras dos confusos. Pantera era amada. Demos o nome de Pantera Ponte Para Terabítia. 

As duas se deram super bem até o dia em que fizemos um aniversário na minha casa. Tanta gente deve ter deixado a pobrezinha da Pantera bem confusa, e não deu outra. Atacada pelo ciúmes que só quem sofreu bastante pode ter, Pantera atacou Bethânia na frente dos convidados. 

Passado os dias, a coisa só piorou. E era uma briga mais sinistra que a outra. Eu sofria, minha mulher sofria, Bethânia (tadinha) tomava aquele pau. E não dava para ficar bravo com a Pantera, pois ela era indefesa e vítima da própria educação que teve quando mais jovem. 

Eu perguntava "mas meu Deus, nós estamos fazendo a nossa parte, nós amamos esses cachorros, isso não é nada justo". E, contra todas as possibilidades do que seria perfeito para nós como família, Pantera foi pra fora, Bethânia ficou pra dentro. Por um lado Bethânia perdeu o gramado. Pantera perdeu a casa e o calor intenso dos donos. Nos preocupamos e ficamos bem tristes com a possibilidade de Terabítia viver sozinha no quintal, sendo amparada por nós, os donos, umas duas ou três vezes ao dia. Saíamos no quintal para mostrar a ela que nós a amávamos com todo o nosso ser, mas que para o bem da casa e da família, deveria viver para sempre no quintal. 

Semanas depois minha mulher viaja. Eu, sozinho, tomo conta de Bethânia e de Pantera, cada uma na sua. Fazer o que, se era pra ser assim, Pantera sozinha, então assim seria. 

Só que Deus é foda. 

Ele escreve certo com linhas terrivelmente tortas. 

Um dia eu fui tomar uma cerveja no boteco perto de casa. Ao abrir a porteira, lá fora estava Raul. Olhado para mim do jeito que até hoje ele faz. Sua língua pendurada num frenético vai e vem dos cachorros afobados, cheios de energia que a vida pode proporcionar. Carregava uma coleira gasta e uma bela costela a vista. Pensei "meu Deus, mais um abandonado". Fechei a porteira e fui pro boteco. Raul até tentou me seguir, mas eu disse "sai fora". Lá no boteco, depois de umas, duas, trinta e tantas, aparece Raul. As pessoas brincavam com ele e eu dizia, todo orgulhoso, "esse é o Raul, eu o conheço já". Não me pergunte da onde eu tirei esse nome. Eu simplesmente passei a chamá-lo assim. 

Quando resolvi ir embora, alegre como eu estava e eufórico pelo álcool, chamei Raul para ir em casa, pois eu ia dar comida e água. Assim foi. E dizem que os cachorros escolhem ir ou vir. Raul escolheu ficar. Fiquei desesperado e fiz anúncios no facebook e em sites de adoção canina. 

Nunca vou me esquecer da frase que eu mais disse ao criador. "Por favor, me arrume um dono para esse cachorro". 

E ele arrumou. É claro que nada é tão simples ou fácil como um simples post de blog. Nada é tão fácil quanto parece. Foram noites e noites pensando no que fazer até minha mulher voltar da viagem. Foi uma barrinha ao novo comportamento da casa. Como as coisas funcionariam daqui pra frente? Não sabíamos. Mas a vida sabia. Raul foi para o quintal com Pantera. A monstrinha cedeu espaço na sua casinha para Raul dormir junto dela. Aos poucos nós fomos percebendo o puta presentão que ganhamos de Deus. Não nos preocupamos mais com a solidão de Pantera. 

E nada é fácil, a vida não é e nunca foi fácil. Os dois fazem a maior zona, uma puta sujeiraiada no quintal. Para passear devo descer toda a minha força para segurar os dois. Bethânia vive dentro de casa e a gente sente que ela sabe que assim foi o melhor. De vez em quando a Pantera desce a porrada no Raul, mas é assim mesmo. Nada tão assustador quando as duas fêmeas se pegam. 

É tão exato e perfeito que as linhas tortas nos entortam, mas quando você enxerga o certo... A coisa faz todo o sentido.

Somos infinitamente gratos por todos os cachorros que passaram em nossas vidas. 

Especialmente por Maria Bethânia, Pantera Ponte Para Terabítia e Raul Terceiro - o magnífico!