terça-feira, 23 de março de 2010

Pátria Amada! Idolatrada! Salve, Salve!

O que será que faz com a gente a terra que a gente pisa? Onde foi que você, leitor amigo, cresceu? A fantástica escritora Marilia Vianna (com ou dois "n", não sei ao certo) teima - teimosia boa, ok? - que Minas Gerais é o lugar mais importante do planeta - planeta, aqui, a gente entende como vida. O que me intriga é que ela é de Muzambinho e sua fé cega nas terras do ouro fino é tamanha que ela abrange todo o estado.

Minha Silvia diz assim quando os pais dela vão para Alterosa - uns 80 km de Muzambinho : "Meus pais vão pra Minas".

Aqui no meu estado - SP - as pessoas que não são da capital dizem que são do interior de São Paulo. Já o pessoal do estado do RJ é tão metido que de qualquer canto eles dizem ser carioca. Sei não... Aí o carioca diz que é da gema. Já vi paulistanos dizendo que são paulistas da gema...

E o que dizer do baiano? Eles dizem, com a maior força de convicção possível, que se você não conhece a Bahia então não conhece o Brasil. Melhor ainda, dizem eles mesmos que a Bahia é um outro Brasil. Lá é o melhor carnaval do mundo. Lá é o melhor peixe servido do mundo. Lá, lá e lá...

Os cearenses dizem que as praias deles são as mais belas e fantásticas do nosso Brasil. Esse nosso Brasil...

Não conheço nada do País... Dá pra contar no dedo os lugares que visitei.

No Rio conheço Niterói, Arraial do Cabo, Cidade do Rio de Janeiro, Paraty, Angra dos Reis (só a favela). Em São Paulo conheço Campinas, São Paulo, Itatiba, Sumaré, Valinhos, Vinhedo, Holambra, Itu, Atibaia, Mogi Mirim, Aparecida do Norte, Jundiaí, Santos, São Vicente, Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião, Praia Grande, Cubatão, Votuporanga, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Cosmópolis, Paulínia, Indaiatuba, Sorocaba... não lembro mais. Em Minas conheço Muzambinho, Alterosa, Guaxupé, Belo Horizonte. No Paraná conheço Londrina e Maringá. No Goiás conheço Caldas Novas.

Só.

Se me dão a liberdade, quero falar também da minha lembrança congelada de Niterói, coisas que me fazem sentir criança.

O Sol e o sal, junto da areia na sunga. Boca rachada de tanto mergulhar no mar. Cheiro de peixe frito voando pelo ar, te pegando pelo estômago. "Ítalo e Felippe!" gritava minha mãe e meu pai, dizendo que a tal corvina estava pronta. Saíamos do mar na hora. Coca-Cola de garrafinha - a melhor! Música pra todos os lados. Carioca falando mole. Arrastão - não aquele mentiroso que mostraram na TV, mas aquela rede enorme que trazia o sustento dos pescadores - e eu lá, roubando sardinhas que os pescadores jogavam fora. Chegava em casa depois da praia e minha mãe fritava tudo. Quem não gosta de peixe é porque nunca morou no litoral. Aqui na roça peixe é um lixo.

Ainda na praia, horas e horas de baixo do Sol, caçando tatuí na areia, ou então brincando de castelo. Fazíamos também pista de corrida, e os carrinhos eram tampinas das garrafas de refrigerante. Icaraí, bairro lindo, exuberante, uma verdadeira enxurrada da mais pura perfeição da natureza judiada pelo homem. Eu odiava ir à praia de Icaraí, pois aquele mar nunca teve onda. Pedra do Índio, cheiro de mar com esgoto (ah, acreditem, é uma delícia!) MAC (museu de arte contemporânea, desenhado por Niemayer) cuscus (não aquele salgado horroroso feito de farinha de milho, mas sim um doce de coco e biju, FODA!) refrigerante Mineirinho - Made In São Gonçalo - asfalto pelando de quente, impossível andar descalço, mas a molecada era foda, e andava descalço mesmo assim! Calor, muito calor! Ar-Condicionado em todos os cômodos da classe média. Ruas Lopes Trovão, Alvares de Azevedo, Miguel de Frias, Marís de Barros, Presidente Backer, Travessa Macedo, Men de Sá. Lugares como o Campo de São Bento - um parque da cidade onde tinha carrinho de bate-bate, algodão doce, e perfeito para andar de bicicleta - Saco São Francisco, Itaipú, Itacoatiára, Camboinhas, Piratininga, Ingá, Fonseca, Plaza Shoping, Barcas, Bob's, ruas estreitas em que os ônibus voam baixo, Centro Moderno de Ensino (onde eu me alfabetizei), Curso Alzira Bittencourt (onde fiz o 1°,2°, 3° e 4° ano) São Vicente de Paula (onde todos os meus amigos estudavam, menos eu!).

Chega!

Isso tudo só pra ver até onde minha mente ia. Não temos nem 3% dos meus 12 anos de idade aí nessas linhas. Mas, sei lá, o nosso Brasil é tão foda, mas tão foda, que qualquer lugar para se viver é o melhor do mundo.

E tem gente que queria ser americano...

Have a nice day!

domingo, 21 de março de 2010

Pensamento Singular

Rachei uma vitrola com a Silvia. A gente foi na feira hippie e tinha um chileno (aquele bigode grisalho não me engana) vendendo antiguidades. O cara tinha algumas coisas realmente interessantes. De pentes antigos (imagina o tanto de célula morta e outras coisas do mundo microscópio que deve ter num pente desses) a artigos do exército. Vi um capacete e peguei na mão. Puro ferro, mas de uma tecnologia meio idiota. É claro que um projétil atravessava aquilo com a maior facilidade. Nem fodendo que eu me arriscaria numa linha de frente com aquele capacete besta. Olhei mais na banquinha do cara e vimos uma Pentax. Tudo funcionando. O flash, o clique. Mas o grande problema é achar filme para essa máquina. A Kodak parou de fabricá-los. Mesmo que ache deve custar os olhos da cara para umas 25 poses. Fotografia era coisa complicada. Ainda é. Parece que as coisas antigamente eram complicadas. Ou somos nós que descomplicamos? Realmente, eu não sei. O fato é que, assim como uma Pentax fazia imagens singulares - aqui, caro leitor, acho estranho usar uma palavra que designa um só no plural - vimos uma vitrola MOTORADIO, com um volume lindo, funcionando. Comprei alguns discos essa semana e nosso tesão agora é ouvir coisas que nunca ouvimos no vinil. Claro, também coisas que conhecemos, pra ter aquela impressão - era assim que ouviam antigamente. No time dos conhecidos, comprei Triller e Bad, do Michael; Cloud 9, do George; Dark Side Of The Moon e Atom Heart Mother, do Pink; Brothers in Arms, do Dire Straits... e outras coisas. Do time dos não conhecidos compramos Chico, Caetano, Elis, Miltom, e outros. Tudo muito, muito singular.

sábado, 13 de março de 2010

Do que será que eu vou falar?
Sobre o que eu vou escrever?