Eu saía bastante
com o André na época em que gravamos e vivemos “Vejo Cores nas Coisas”,
primeiro disco da Oito Mãos. Éramos jovens sonhadores e ebulíamos as ideias.
Uma delas foi gravar um papo, no modelo clássico jornalístico, já que achávamos
nossas conversas – movidas a cerveja – de grande conteúdo para a humanidade.
Oito anos depois ela faz mais sentido, mesmo que pessoal, do que nunca. Um vento frio nos acompanhou
nessa noite de terça feira, 27 de abril de 2010.
Pompeo – A gente se conheceu através de um gosto
comum que é o Oasis. Eles ainda te inspiram na sua música, no seu modo de ser e
fazer rock and roll?
André – Sim, Oasis me inspira. É...
(pensativo) Com certeza me inspira. Eu reflito bastante sobre isso.
Pompeo - Hoje as pessoas vêem o Oasis com um
certo pré-conceito, porque os irmãos Galleguer têm aquela coisa
da arrogância e tudo mais, e também...
André – Ah, eu tenho uma coisa pra falar. Um
insight que eu tive sobre isso. Que eu andei vendo uns vídeos do Oasis no You
Tube. Eles receberam o prêmio de melhor disco num prêmio inglês...
Pompeo – Eu fiquei sabendo...
André – O melhor disco da década, né? (o Wats The History, Morning Glory?)
Pompeo – Concorrendo com Brothers in
Arms, do Dire Strais...
André – Brothers in Arms; com o ----,
do The Verve; um do Travis – um nada a ver lá – os que eu curto são esses... E
o Oasis ganhou. Depois de ganhar, eles se apresentaram. O vídeo que mostra isso
no You Tube tem os bastidores. Tava o Noel, o Liam lá com a namorada, não sei o
que... Os caras lá... Tinha uma Boy Band que não lembro o nome, dando a mão pro
Noel, tal... E o Noel e o Liam – eu já tinha visto alguns vídeos, na mesma
moeda, faço isso quando a internet ta boa – o Noel é um completo babaca se ele
não fosse o Noel. Ele é um baixinho, arrogante. Sem a postura de banda, ele
seria um cara normal. O Liam é um cara normalzaço. E você vê nos
bastidores e pensa o quê que esses negos têm, cara? Tipo... Porra nenhuma. Aí
os caras entram no palco. No palco os caras têm uma postura que ninguém tem. O
Liam, ali, com as mãos pra trás; o próprio som do Oasis, a atmosfera que eles
passam, uma atmosfera que eles sabem o que estão fazendo, entendeu? Uma coisa
assim, tipo: Com’on! O meu insight é que o Oasis usa muito do
teatro. Os caras, intuitivamente, descobriram um teatro. Eles não são aquilo
que são no palco, mas aquilo que são no palco é demais, é o que a gente gosta.
O Oasis usou muito bem o teatro de uma forma que poucas bandas usam atualmente.
Pompeo – Você não acha que quando
você vê um show do Oasis, nesse sentido, nem que seja por internet – e você viu
o show do “Be Here Know”, foi quando eu fiquei sabendo disso, no dia em que a
gente se conheceu você estava com a camiseta “eu fui”, eu fiquei morrendo de
inveja, ou seja, você viu os caras ao vivo; você não acha que esse teatro, essa
forma teatral de se apresentar, não seja algo natural do próprio rock? Eu tenho
a impressão de que os caras não forçam essa barra, da mesma forma que o Oito
Mãos não força nenhuma barra no seu show, pescando esse sentido da inspiração,
se a gente olhar, nós somos pessoas normais. Se a gente olhar o próprio Noel,
pro Liam e pro resto da banda, os caras são normais, mas no palco os caras são
foda, entendeu? Você não acha que o palco dá um pouco desse engrandecimento pro
artista?
André – Sim. Acho que sim. Só que
eu não sou muito consciente, até porque a nossa banda não tem a abrangência do
Oasis, né, eu não sou muito consciente do quê que a gente passa, entendeu? Qual
é o meu teatro... Mas com certeza o palco engrandece, sim. Só acho que ser
influenciado por isso é uma coisa que te separa da música, entendeu? Esse
negócio do Oasis, assim. É próprio do Oito Mãos.
Pompeo – O Oasis, por ser uma
banda que quando começou a gente ouviu e era uma música que a gente queria
ouvir, tem esse certo sentimento, uma música que era simples, mas que tinha um
certo apelo melódico muito forte... Ainda há esse sentimento de se fazer uma
música com o apelo melódico forte, pelo menos na tua cabeça?
André – Na minha opinião, a
grande inspiração do Oasis pra mim é a coisa maior que a vida. É uma banda do
tamanho da vida. Porque ela é do tamanho da vida. Esse associado de melodia –
porque eu não gosto de banda punk, não gosto de heavy metal e nem de bandas que
não tem melodia. Eu gosto, por exemplo, de samba, que tem melodia. Então, eu
acho que esse apelo tem que ter melodia, tipo Beatles, Oasis e tal... Só pra
citar os grandes. O Oasis trás esse negócio de revolucionar o rock, de serem os
maiores. O John Lennon, eu vi num DVD, ele falou que os Beatles só foram o que
foram porque eles queriam ser a maior banda do mundo, entendeu? Eu acho isso
muito interessante. Eu levo isso... Em algumas coisas eu quero ser o melhor.
Pompeo – Qual é a sua grandeza,
então, de ser o melhor? Tua pretensão... Porque pretensão é sempre boa pra
gente. A pretensão do Oito Mãos é a de ser a melhor banda do mundo? Ou uma
coisa a menos? Quero saber qual é a sua pretensão com o Oito Mãos, nesse
sentido ainda pegando essa essência de que o próprio John disse querendo ser a
melhor banda do mundo, e o Noel... Quem é fã do Oasis sabe que ele diz que faz
parte da melhor banda do mundo, e que ele entrou pra ser a melhor banda do
mundo. Você com a Oito Mãos carrega esse sentimento de que também quer ser o
melhor?
André – Isso pra mim bate de uma
forma assim: Na história do Oasis, por exemplo, eu acho que eles viraram reféns
da própria fama. A banda acabou em 98, saíram dois membros originais e
fundadores. O Noel parou de compor ali também. No caso dos Beatles eles viraram
reféns de uma outra forma. Eles nunca mais foram amigos...
Pompeo – Você está dizendo
pós-setenta, quando terminou, quando o Paul, pá! Assinou, acabou, aí os caras
partiram para carreira solo...
André – Sim. Eu acho que aí
existe um fator refém de fama. Disso eu não quero ser o maior refém de todo o
mundo (sorriso). Britney Spears tem muito disso. Os Beatles eram geniais, né...
Existiu uma plataforma genial também na carreira solo. O Liam é uma caricatura
de si mesmo. Eu não acho que ele não é um cara muito esperto. Esperto ele até
pode ser, mas eu acho ele um drogado. Parece que no vídeo ele está cheirando
cocaína, ta cheirado, não sei o que... Ele leva esse negócio de rock and roll a
um nível que agora já não é mais genial, deixou de ser maior que a vida, já é
um idiota. Nesse sentido de fama eu tenho um pé atrás. Mas eu quero ter a maior
banda...Quer dizer... Eu penso nisso: ou eu tenho uma banda igual aos Beatles
ou não tenho nenhuma. Isso tem que ser possível entendeu? Uma vez eu tava na
praia, e... Isso vai pro blog, né?
Pompeo – Se você está falando,
vai (risos).
André – Eu lembro que eu pensei
assim: “Cara, como eu quero ter uma banda igual aos Beatles”. Como eu quero
isso. É um desejo muito forte. Eu montei algumas bandas, bandas essas que não
tinham nenhuma aproximidade com os Beatles simplesmente porque os membros eram
fracos. Eu teria que ser o ditador da banda. Tinha que falar o que fazer... Eu
era o melhor da banda. Quando eu montei o Oito Mãos, eu logo senti que eram
membros fortes, entendeu? Os caras pegaram o violão e começaram a tocar. A voz
de um era melhor que a minha, a voz do outro era igual. Já mostraram música
própria no primeiro encontro. Opa! Primeiro ensaio, os caras: “não, você não
vai compor todas” Opa!Aí eu pensei “Aqui há uma possibilidade”. Isso é o grande
tesão pra mim. Tipo. Ok. Então o mundo é assim: ter uma banda, igual aos
Beatles, só que não quer ter fama? Não, não é bem isso, entendeu? Não é bem
isso... Eu quero construir a minha própria... Eu quero ter as rédeas.
Pompeo –Certa vez a gente
conversando, você falou pra mim “se não for pra ser igual aos Beatles, num
faço”. Eu disse “você ta ficando maluco? Se comparando aos Beatles?”. A gente
ficou conversando e chegamos na concisão de que os Beatles foram grandiosos num
disco atrás do outros. Eles não se repetiram em nenhum disco. Se não for pra
ser assim... Né, velho?
André – Justamente. É isso que é
foda de se conhecer Beatles. Se você estudar a história deles, a música deles
está inseparável da evolução pessoal de cada um. Esse é o lance! Eles queriam
ser o Elvis. Eles fizeram música rockabily melódica. E já não era
um rockabily porque não era uma banda voltada para um vocalista, era uma banda
voltada pra três vocalistas, era uma coisa nova. Já virou Beatles. Mas eles
queriam fazer isso. Aí foi seguindo. A grande mudança veio com a droga... Com a
possibilidade de tocar e compor maconhado, ou com o próprio eco disso, né...
Que se faz no dia anterior...
Pompeo – No dia depois...
André – É... No dia depois. E com
o avanço do estúdio. Isso foi evoluindo a um tal ponto que se tornou um
arquétipo, envolvidos por um arquétipo da evolução do ser humano, um pouco
assim, na concepção dos jovens... E eu acho isso muito massa. É justamente isso
que me atrai no Oasis. É a mesma coisa. É sempre isso que me atrai. Uma banda
quando começa a ficar morna nesse sentido, os caras deveriam partir pra
carreira solo.
Pompeo - Você encara a música
como um trabalho? No sentido de dar trabalho mesmo, que é difícil, e que é
preciso fazer o melhor sempre?
André – Com certeza é um
trabalho.
Pompeo – Você ouve o “Vejo Cores”
e pensa que alguma coisa poderia ter sido feita de forma diferente?
André – Acho que sim... Acho que
banda poderia ser mais fluída.
Pompeo – Em que sentido?
André – No sentido de execução,
de tocar. Por ser a primeira experiência de estúdio, né... Ce toca um trecho,
pára... Poderia tocar mais fluindo, ia soar mais natural...
Pompeo – Menos estúdio?
André – Menos estúdio. Esse é o
meu objetivo pros próximos discos...
Pompeo – Como é ser produzido?
Até que ponto a sua confiança no produtor não é abalada? A música é tua, é tua
banda, e vem um cara e meio que toma o norte disso tudo, e vocês têm que seguir
esse norte porque vocês confiam... Até que ponto isso te atrapalha?
André – Isso é o resultado.
Quando você vê que o resultado é melhor do que você esperava, você abaixa a
bola. Você começa a ficar mais humilde em relação à situação que se estabelece
quando tem um produtor. Quando vai avançando um pouco mais, vai além do
resultado, meio que vira alquimia. Começa a não haver separação. Aí essa
questão não aparece.
Pompeo – No caso do Oito Mãos, é
o que vocês falam... Eu acabei fazendo parte da banda.
André – Sim.
Pompeo - Mas, se a gente parar
pra pensar, ainda existe aquela coisa de que o Pompeo é o produtor, vamos ouvir
ele falar porque de repente ele esteja um passo a frente, mesmo dizendo que
esse meu passo à frente se deve ao que eu aprendi com vocês e eu sei o que é
necessário...
André – Sim.
Pompeo – Em algum momento isso
resplandeceu no “Vejo Cores” em algum sentido negativo?
André – (pensa e ri).
Pompeo – Eu acho que não!
(risos).
André – Bom... Deixa eu ver...
Pompeo – Eu te perguntei uma vez
se o refrão de “Na sua casa” era o que você esperava e você disse que não, que
esperava algo mais Jorge Ben...
André – É uma boa música pra
pensar nessa questão. E acho que em
alguns momentos, o nosso produtor... (risos)
Pompeo – EU.
André – Pode ter sido um pouco
afobado em relação a algumas idéias...
Pompeo – Mas eu sou afobado,
porra.
André – Eu acho que quando o
compositor trás uma idéia e você é afobado em relação a ela, e ela é o que vai
estar no fim, ela vence, porque nossa banda a idéia melhor vence, a mais
bonita... Você sempre vai estar não contente com aquele resultado, pra sempre!
O resultado sempre vai ser satisfatório porque o produtor, nem a banda, nunca
vão deixar manter uma idéia ruim...
Pompeo – Por isso que surgem
carreiras solo, não é?
André - É. Só que pra sempre você
vai pensar “pô, não era exatamente isso”.
Pompeo – Como num relacionamento.
André – Tem coisas que saem
melhor, e uma coisa acaba compensando a outra.
Pompeo – Aí a gente volta da
idéia da melhor idéia.
André – É... Essa relação de
produtor tem que ter sempre mais frutos do que ervas daninhas. No nosso caso, o
“Vejo Cores nas Coisas” tem 95% de vantagem e 5% de desvantagens. Em ensaio
anterior desse disco, me parecia que a desvantagem era de 40%, mas ao gravar o
disco, a gente se entendeu muito bem.
Pompeo – Você acha que a banda
supre por completo a sua forma de expressão musical?
André – Eu acho que não. Certamente
não. Mas com certeza eu não vivo sem banda.
Pompeo – Tem que ter um batera,
um baixo, os brothers...
André – Se terminasse a banda
amanhã ou depois de amanhã, eu montaria outra... Você conseguir se dar bem com
uma banda é um puta presente, uma puta realização. E... Qual que era a pergunta
mesmo?
Pompeo – Se a Oito Mãos supre
você por completo.
André – Eu acho que não... Eu sou
meio louco, né velho... Eu fico pensando muita coisa de expressão artística. Eu
vejo um filme e já tenho um monte de idéia. Mas acho que a banda é um puta
catalisador. Ela supre de 60 a 70%.
Pompeo – Qual é o melhor disco
dos Beatles e porque?
André – Acho que é o Revolver.
Porque eles riam muito nessa época. Eles sempre foram bons. Nessa época eles
eram bons e riam muito. Isso resulta em música facilmente. O próprio... Quem
que é mesmo? Não sei se é o Bono (Vox, Vocalista do U2)... Que encontrou com o
George (Harrison) e o George disse que naquela época eles compunham duas
músicas por dia. Fazia uma e depois fazia outra.
Pompeo – Era uma parada mais de
irmandade.
André – É... Muito irmandade...
Depois dessa época, o próximo disco... Qual que é?
Pompeo –Sgt. Peppers.
André – Em Sgt. Pepper o Ringo
não fazia nada, ou seja, ficava entediado. O Paul tava ligadeira, pois a
idéia foi dele. O John tava fazendo parte. O George não tava muito ligado...
Mas no Revolver (enfatizando) e no Rubber Soul eles foram o ápice da criação
grupal. Apesar de não a melhor música deles, a melhor música deles está
espalhada por todos os discos. Mas a melhor vibe é aquele (o Revolver).
Pompeo – Camelo (Marcelo) ou
Amarante (Rodrigo)?
André – Camelo.
Pompeo – Diga-se de passagem que
o André matinha conversas com o Camelo na época do lançamento do Bloco Do Eu
Sozinho através da internet.
André – Nessa época ninguém
gostava de Los Hermanos. Eu sou o maior fã do primeiro disco do Los Hermanos
que existe. O Camelo, nessa época, entrava no mirk. Eu conseguia
conversar com ele tranqüilo. Eu perguntei sobre o Amarante. Ele respondeu que o
Amarante tinha um puta talento, que era o maior fã dele, que tava incentivando
ele, botando lenha na lareira dele, queria ver eles crescer, não sei o que...
Eu acho que é esse o esquema do Los Hermanos.
Pompeo –Se o Amarante não tivesse
encontrado com o Camelo...
André – Não ia ser porra nenhuma.
O que eu gosto mais hoje: Amarante. Mas diante de uma pergunta dessas, não é
sobre hoje, é sobre o total. O Camelo tem uma coisa de frontman
muito legal. Na verdade não é nada frontman. É uma expressão que
eu acho mais criativa do que a do Amarante. Foi mais inovadora do que a do
Amarante. Amarante é um cara singular. Batendo o olho nele, ele é um cara que
parece que não tem limites. Esse é o grande lance do Amarante. A forma com que
ele escreve letras, parece que ele inventou aquela porra. Ele saiu do Los
Hermanos e não teve nenhuma quebra do seu rock and roll, teve uma continuidade
total no Little Joy. Nesse sentido, eu sou mais Amarante. O Camelo saiu e fez
uma coisa pior do que fazia no Los Hermanos. O Amarante é um cara descolado.
Bebe na fonte Radiohead.
Pompeo – Você acha que eles
reinventaram a MPB?
André – Não. Aquilo não é MPB,
não tem nada a ver isso. Reinventaram o rock, a MPB, não.
Pompeo – Pergunto MPB porque o
Camelo é muito influenciado pelas palavras com que se refere ao amor e ao
carinho do modo da MPB. O Bruno Medina (tecladista do Los Hermanos) disse que
no primeiro ensaio ficou impressionado com a porrada do som e com o que o
Camelo cantava: “Tire essa azedume do meu peito, e com respeito trate a minha
dor”. Tira o Popular e chame de MB – música brasileira. Não existe lógica nesse
sentido? Tudo bem - é rock and roll porque tem guitarra distorcida e a porrada
vai que vai. Eu tenho essa impressão de que os caras remetem ao MPB pela forma
com que eles falam sobre o amor, o carinho e a compreensão... Ou posso estar
viajando...
André - Eu acho que não
reinventaram a MPB por causa da bateria. A bateria do Los Hermanos não é MPB,
simplesmente por isso. Mas acho que é uma expressão única. Realmente é
inspirador. Eu, particularmente, acho muito seboso. Acho que poderia partir
para um lado mais intenso.
Pompeo - Mas existem canções do
Camelo que não são sebosas. “Cara Estranho” ou “Da Onde Vem a Calma” são
exemplos. Aquela: “Do lado de Dentro”; ele fala também de relacionamento, mas
de uma forma bem conturbada.
Pompeo – Cite uma banda
independente, fora da grande midea, que você acha foda.
André – Charme Chulo, certamente.
Ela faz uma coisa que ninguém nesse planeta de Deus fez, que é transformar a
música caipira em algo hediondo. Outra banda que deve ser ouvida é o Vanguart,
porque ela traz o lance do Bob Dylan, o que ninguém nunca fez também. Acho que
o Felippe Pompeo também... (risos).
Pompeo – Beleza!
André – Acho que ele é um cara
totalmente colorido, uma explosão de criatividade. Eu gosto, adoro acompanhar a
evolução. Oito Mãos também, que tem as músicas mais bonitas, mais melódicas,
desde Gram...
Pompeo – O Gram é outra também...
André – É, mas o Gram acabou,
né... Não sei se vale a pena gostar tanto assim...
Pompeo – Das bandas que estão
aparecendo...
André – Tem que seguir o teu
gosto. Dependendo do teu gosto, vai ter outras bandas. Por exemplo, se você
gosta de rockabilly, você vai buscar Sapatos Bicolores, você vai adorar. Se você estiver numa fase de conhecer tudo,
então vai buscar tudo. Certamente tem banda pra tudo, sabe. Tem bandas boas e
importantes.
Pompeo – O que significa o
sucesso?
André – Sucesso é sinônimo de
realização. Se eu falar assim: “eu tive sucesso nisso” – é porque eu fiquei com
o peito cheio depois de fazer, eu virei um cara melhor. Existe um André antes e
um André depois.
Pompeo – Você acha que é um cara
de sucesso?
André – Eu acho que sou.
Pompeo – Você chegou no sucesso?
André – Eu acho que não.
Pompeo – Me explique essa
contradição.
André – Chegar no sucesso é – do
jeito que a gente usa essa expressão – é você ser reconhecido por todos.
Pompeo – Isso pode ser
compreendido como fama.
André – Sim. Mas mesmo assim eu
acho que eu obtive pequenos sucessos. Poderia ter acabado a banda... Eu poderia
ter saído da banda, poderia ter partido para um projeto experimental. Só que eu
insisti nisso. Insisti em 2007, 2008 e em 2009 a gente gravou um disco. Eu
nunca me senti tão bem quanto eu me sinto agora nessa banda. O disco está
ótimo, tem só música boa. Nesse sentido, eu acho que é um pequeno sucesso.
Posso te dizer que sou um cara de sucesso. Só que tem muito mais pra fazer.