quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Entrevista com André Leonardo.



Eu saía bastante com o André na época em que gravamos e vivemos “Vejo Cores nas Coisas”, primeiro disco da Oito Mãos. Éramos jovens sonhadores e ebulíamos as ideias. Uma delas foi gravar um papo, no modelo clássico jornalístico, já que achávamos nossas conversas – movidas a cerveja – de grande conteúdo para a humanidade. Oito anos depois ela faz mais sentido, mesmo que pessoal, do que nunca.  Um vento frio nos acompanhou nessa noite de terça feira, 27 de abril de 2010.



Pompeo –  A gente se conheceu através de um gosto comum que é o Oasis. Eles ainda te inspiram na sua música, no seu modo de ser e fazer rock and roll?

André – Sim, Oasis me inspira. É... (pensativo) Com certeza me inspira. Eu reflito bastante sobre isso.

Pompeo - Hoje as pessoas vêem o Oasis com um certo pré-conceito, porque os irmãos Galleguer têm aquela coisa da arrogância e tudo mais, e também...

André – Ah, eu tenho uma coisa pra falar. Um insight que eu tive sobre isso. Que eu andei vendo uns vídeos do Oasis no You Tube. Eles receberam o prêmio de melhor disco num prêmio inglês...

Pompeo – Eu fiquei sabendo...

André – O melhor disco da década, né? (o Wats The History, Morning Glory?)

Pompeo – Concorrendo com Brothers in Arms, do Dire Strais...

André – Brothers in Arms; com o ----, do The Verve; um do Travis – um nada a ver lá – os que eu curto são esses... E o Oasis ganhou. Depois de ganhar, eles se apresentaram. O vídeo que mostra isso no You Tube tem os bastidores. Tava o Noel, o Liam lá com a namorada, não sei o que... Os caras lá... Tinha uma Boy Band que não lembro o nome, dando a mão pro Noel, tal... E o Noel e o Liam – eu já tinha visto alguns vídeos, na mesma moeda, faço isso quando a internet ta boa – o Noel é um completo babaca se ele não fosse o Noel. Ele é um baixinho, arrogante. Sem a postura de banda, ele seria um cara normal. O Liam é um cara normalzaço. E você vê nos bastidores e pensa o quê que esses negos têm, cara? Tipo... Porra nenhuma. Aí os caras entram no palco. No palco os caras têm uma postura que ninguém tem. O Liam, ali, com as mãos pra trás; o próprio som do Oasis, a atmosfera que eles passam, uma atmosfera que eles sabem o que estão fazendo, entendeu? Uma coisa assim, tipo: Com’on! O meu insight é que o Oasis usa muito do teatro. Os caras, intuitivamente, descobriram um teatro. Eles não são aquilo que são no palco, mas aquilo que são no palco é demais, é o que a gente gosta. O Oasis usou muito bem o teatro de uma forma que poucas bandas usam atualmente.

Pompeo – Você não acha que quando você vê um show do Oasis, nesse sentido, nem que seja por internet – e você viu o show do “Be Here Know”, foi quando eu fiquei sabendo disso, no dia em que a gente se conheceu você estava com a camiseta “eu fui”, eu fiquei morrendo de inveja, ou seja, você viu os caras ao vivo; você não acha que esse teatro, essa forma teatral de se apresentar, não seja algo natural do próprio rock? Eu tenho a impressão de que os caras não forçam essa barra, da mesma forma que o Oito Mãos não força nenhuma barra no seu show, pescando esse sentido da inspiração, se a gente olhar, nós somos pessoas normais. Se a gente olhar o próprio Noel, pro Liam e pro resto da banda, os caras são normais, mas no palco os caras são foda, entendeu? Você não acha que o palco dá um pouco desse engrandecimento pro artista?

André – Sim. Acho que sim. Só que eu não sou muito consciente, até porque a nossa banda não tem a abrangência do Oasis, né, eu não sou muito consciente do quê que a gente passa, entendeu? Qual é o meu teatro... Mas com certeza o palco engrandece, sim. Só acho que ser influenciado por isso é uma coisa que te separa da música, entendeu? Esse negócio do Oasis, assim. É próprio do Oito Mãos.

Pompeo – O Oasis, por ser uma banda que quando começou a gente ouviu e era uma música que a gente queria ouvir, tem esse certo sentimento, uma música que era simples, mas que tinha um certo apelo melódico muito forte... Ainda há esse sentimento de se fazer uma música com o apelo melódico forte, pelo menos na tua cabeça?

André – Na minha opinião, a grande inspiração do Oasis pra mim é a coisa maior que a vida. É uma banda do tamanho da vida. Porque ela é do tamanho da vida. Esse associado de melodia – porque eu não gosto de banda punk, não gosto de heavy metal e nem de bandas que não tem melodia. Eu gosto, por exemplo, de samba, que tem melodia. Então, eu acho que esse apelo tem que ter melodia, tipo Beatles, Oasis e tal... Só pra citar os grandes. O Oasis trás esse negócio de revolucionar o rock, de serem os maiores. O John Lennon, eu vi num DVD, ele falou que os Beatles só foram o que foram porque eles queriam ser a maior banda do mundo, entendeu? Eu acho isso muito interessante. Eu levo isso... Em algumas coisas eu quero ser o melhor.

Pompeo – Qual é a sua grandeza, então, de ser o melhor? Tua pretensão... Porque pretensão é sempre boa pra gente. A pretensão do Oito Mãos é a de ser a melhor banda do mundo? Ou uma coisa a menos? Quero saber qual é a sua pretensão com o Oito Mãos, nesse sentido ainda pegando essa essência de que o próprio John disse querendo ser a melhor banda do mundo, e o Noel... Quem é fã do Oasis sabe que ele diz que faz parte da melhor banda do mundo, e que ele entrou pra ser a melhor banda do mundo. Você com a Oito Mãos carrega esse sentimento de que também quer ser o melhor?

André – Isso pra mim bate de uma forma assim: Na história do Oasis, por exemplo, eu acho que eles viraram reféns da própria fama. A banda acabou em 98, saíram dois membros originais e fundadores. O Noel parou de compor ali também. No caso dos Beatles eles viraram reféns de uma outra forma. Eles nunca mais foram amigos...

Pompeo – Você está dizendo pós-setenta, quando terminou, quando o Paul, pá! Assinou, acabou, aí os caras partiram para carreira solo...

André – Sim. Eu acho que aí existe um fator refém de fama. Disso eu não quero ser o maior refém de todo o mundo (sorriso). Britney Spears tem muito disso. Os Beatles eram geniais, né... Existiu uma plataforma genial também na carreira solo. O Liam é uma caricatura de si mesmo. Eu não acho que ele não é um cara muito esperto. Esperto ele até pode ser, mas eu acho ele um drogado. Parece que no vídeo ele está cheirando cocaína, ta cheirado, não sei o que... Ele leva esse negócio de rock and roll a um nível que agora já não é mais genial, deixou de ser maior que a vida, já é um idiota. Nesse sentido de fama eu tenho um pé atrás. Mas eu quero ter a maior banda...Quer dizer... Eu penso nisso: ou eu tenho uma banda igual aos Beatles ou não tenho nenhuma. Isso tem que ser possível entendeu? Uma vez eu tava na praia, e... Isso vai pro blog, né?

Pompeo – Se você está falando, vai (risos).

André – Eu lembro que eu pensei assim: “Cara, como eu quero ter uma banda igual aos Beatles”. Como eu quero isso. É um desejo muito forte. Eu montei algumas bandas, bandas essas que não tinham nenhuma aproximidade com os Beatles simplesmente porque os membros eram fracos. Eu teria que ser o ditador da banda. Tinha que falar o que fazer... Eu era o melhor da banda. Quando eu montei o Oito Mãos, eu logo senti que eram membros fortes, entendeu? Os caras pegaram o violão e começaram a tocar. A voz de um era melhor que a minha, a voz do outro era igual. Já mostraram música própria no primeiro encontro. Opa! Primeiro ensaio, os caras: “não, você não vai compor todas” Opa!Aí eu pensei “Aqui há uma possibilidade”. Isso é o grande tesão pra mim. Tipo. Ok. Então o mundo é assim: ter uma banda, igual aos Beatles, só que não quer ter fama? Não, não é bem isso, entendeu? Não é bem isso... Eu quero construir a minha própria... Eu quero ter as rédeas.

Pompeo –Certa vez a gente conversando, você falou pra mim “se não for pra ser igual aos Beatles, num faço”. Eu disse “você ta ficando maluco? Se comparando aos Beatles?”. A gente ficou conversando e chegamos na concisão de que os Beatles foram grandiosos num disco atrás do outros. Eles não se repetiram em nenhum disco. Se não for pra ser assim... Né, velho?

André – Justamente. É isso que é foda de se conhecer Beatles. Se você estudar a história deles, a música deles está inseparável da evolução pessoal de cada um. Esse é o lance! Eles queriam ser o Elvis. Eles fizeram música rockabily melódica. E já não era um rockabily porque não era uma banda voltada para um vocalista, era uma banda voltada pra três vocalistas, era uma coisa nova. Já virou Beatles. Mas eles queriam fazer isso. Aí foi seguindo. A grande mudança veio com a droga... Com a possibilidade de tocar e compor maconhado, ou com o próprio eco disso, né... Que se faz no dia anterior...

Pompeo – No dia depois...

André – É... No dia depois. E com o avanço do estúdio. Isso foi evoluindo a um tal ponto que se tornou um arquétipo, envolvidos por um ­­arquétipo da evolução do ser humano, um pouco assim, na concepção dos jovens... E eu acho isso muito massa. É justamente isso que me atrai no Oasis. É a mesma coisa. É sempre isso que me atrai. Uma banda quando começa a ficar morna nesse sentido, os caras deveriam partir pra carreira solo.

Pompeo - Você encara a música como um trabalho? No sentido de dar trabalho mesmo, que é difícil, e que é preciso fazer o melhor sempre?

André – Com certeza é um trabalho.

Pompeo – Você ouve o “Vejo Cores” e pensa que alguma coisa poderia ter sido feita de forma diferente?

André – Acho que sim... Acho que banda poderia ser mais fluída.

Pompeo – Em que sentido?

André – No sentido de execução, de tocar. Por ser a primeira experiência de estúdio, né... Ce toca um trecho, pára... Poderia tocar mais fluindo, ia soar mais natural...

Pompeo – Menos estúdio?

André – Menos estúdio. Esse é o meu objetivo pros próximos discos...

Pompeo – Como é ser produzido? Até que ponto a sua confiança no produtor não é abalada? A música é tua, é tua banda, e vem um cara e meio que toma o norte disso tudo, e vocês têm que seguir esse norte porque vocês confiam... Até que ponto isso te atrapalha?

André – Isso é o resultado. Quando você vê que o resultado é melhor do que você esperava, você abaixa a bola. Você começa a ficar mais humilde em relação à situação que se estabelece quando tem um produtor. Quando vai avançando um pouco mais, vai além do resultado, meio que vira alquimia. Começa a não haver separação. Aí essa questão não aparece.

Pompeo – No caso do Oito Mãos, é o que vocês falam... Eu acabei fazendo parte da banda.

André – Sim.

Pompeo - Mas, se a gente parar pra pensar, ainda existe aquela coisa de que o Pompeo é o produtor, vamos ouvir ele falar porque de repente ele esteja um passo a frente, mesmo dizendo que esse meu passo à frente se deve ao que eu aprendi com vocês e eu sei o que é necessário...

André – Sim.

Pompeo – Em algum momento isso resplandeceu no “Vejo Cores” em algum sentido negativo?

André – (pensa e ri).

Pompeo – Eu acho que não! (risos).

André – Bom... Deixa eu ver...

Pompeo – Eu te perguntei uma vez se o refrão de “Na sua casa” era o que você esperava e você disse que não, que esperava algo mais Jorge Ben...

André – É uma boa música pra pensar nessa questão.  E acho que em alguns momentos, o nosso produtor... (risos)

Pompeo – EU.

André – Pode ter sido um pouco afobado em relação a algumas idéias...

Pompeo – Mas eu sou afobado, porra.

André – Eu acho que quando o compositor trás uma idéia e você é afobado em relação a ela, e ela é o que vai estar no fim, ela vence, porque nossa banda a idéia melhor vence, a mais bonita... Você sempre vai estar não contente com aquele resultado, pra sempre! O resultado sempre vai ser satisfatório porque o produtor, nem a banda, nunca vão deixar manter uma idéia ruim...

Pompeo – Por isso que surgem carreiras solo, não é?

André - É. Só que pra sempre você vai pensar “pô, não era exatamente isso”.

Pompeo – Como num relacionamento.

André – Tem coisas que saem melhor, e uma coisa acaba compensando a outra.

Pompeo – Aí a gente volta da idéia da melhor idéia.

André – É... Essa relação de produtor tem que ter sempre mais frutos do que ervas daninhas. No nosso caso, o “Vejo Cores nas Coisas” tem 95% de vantagem e 5% de desvantagens. Em ensaio anterior desse disco, me parecia que a desvantagem era de 40%, mas ao gravar o disco, a gente se entendeu muito bem.

Pompeo – Você acha que a banda supre por completo a sua forma de expressão musical?

André – Eu acho que não. Certamente não. Mas com certeza eu não vivo sem banda.

Pompeo – Tem que ter um batera, um baixo, os brothers...

André – Se terminasse a banda amanhã ou depois de amanhã, eu montaria outra... Você conseguir se dar bem com uma banda é um puta presente, uma puta realização. E... Qual que era a pergunta mesmo?

Pompeo – Se a Oito Mãos supre você por completo.

André – Eu acho que não... Eu sou meio louco, né velho... Eu fico pensando muita coisa de expressão artística. Eu vejo um filme e já tenho um monte de idéia. Mas acho que a banda é um puta catalisador. Ela supre de 60 a 70%.

Pompeo – Qual é o melhor disco dos Beatles e porque?

André – Acho que é o Revolver. Porque eles riam muito nessa época. Eles sempre foram bons. Nessa época eles eram bons e riam muito. Isso resulta em música facilmente. O próprio... Quem que é mesmo? Não sei se é o Bono (Vox, Vocalista do U2)... Que encontrou com o George (Harrison) e o George disse que naquela época eles compunham duas músicas por dia. Fazia uma e depois fazia outra.

Pompeo – Era uma parada mais de irmandade.

André – É... Muito irmandade... Depois dessa época, o próximo disco... Qual que é?

Pompeo –Sgt. Peppers.

André – Em Sgt. Pepper o Ringo não fazia nada, ou seja, ficava entediado. O Paul tava ligadeira, pois a idéia foi dele. O John tava fazendo parte. O George não tava muito ligado... Mas no Revolver (enfatizando) e no Rubber Soul eles foram o ápice da criação grupal. Apesar de não a melhor música deles, a melhor música deles está espalhada por todos os discos. Mas a melhor vibe é aquele (o Revolver).

Pompeo – Camelo (Marcelo) ou Amarante (Rodrigo)?

André – Camelo.

Pompeo – Diga-se de passagem que o André matinha conversas com o Camelo na época do lançamento do Bloco Do Eu Sozinho através da internet.

André – Nessa época ninguém gostava de Los Hermanos. Eu sou o maior fã do primeiro disco do Los Hermanos que existe. O Camelo, nessa época, entrava no mirk. Eu conseguia conversar com ele tranqüilo. Eu perguntei sobre o Amarante. Ele respondeu que o Amarante tinha um puta talento, que era o maior fã dele, que tava incentivando ele, botando lenha na lareira dele, queria ver eles crescer, não sei o que... Eu acho que é esse o esquema do Los Hermanos.

Pompeo –Se o Amarante não tivesse encontrado com o Camelo...

André – Não ia ser porra nenhuma. O que eu gosto mais hoje: Amarante. Mas diante de uma pergunta dessas, não é sobre hoje, é sobre o total. O Camelo tem uma coisa de frontman muito legal. Na verdade não é nada frontman. É uma expressão que eu acho mais criativa do que a do Amarante. Foi mais inovadora do que a do Amarante. Amarante é um cara singular. Batendo o olho nele, ele é um cara que parece que não tem limites. Esse é o grande lance do Amarante. A forma com que ele escreve letras, parece que ele inventou aquela porra. Ele saiu do Los Hermanos e não teve nenhuma quebra do seu rock and roll, teve uma continuidade total no Little Joy. Nesse sentido, eu sou mais Amarante. O Camelo saiu e fez uma coisa pior do que fazia no Los Hermanos. O Amarante é um cara descolado. Bebe na fonte Radiohead.

Pompeo – Você acha que eles reinventaram a MPB?

André – Não. Aquilo não é MPB, não tem nada a ver isso. Reinventaram o rock, a MPB, não.

Pompeo – Pergunto MPB porque o Camelo é muito influenciado pelas palavras com que se refere ao amor e ao carinho do modo da MPB. O Bruno Medina (tecladista do Los Hermanos) disse que no primeiro ensaio ficou impressionado com a porrada do som e com o que o Camelo cantava: “Tire essa azedume do meu peito, e com respeito trate a minha dor”. Tira o Popular e chame de MB – música brasileira. Não existe lógica nesse sentido? Tudo bem - é rock and roll porque tem guitarra distorcida e a porrada vai que vai. Eu tenho essa impressão de que os caras remetem ao MPB pela forma com que eles falam sobre o amor, o carinho e a compreensão... Ou posso estar viajando...

André - Eu acho que não reinventaram a MPB por causa da bateria. A bateria do Los Hermanos não é MPB, simplesmente por isso. Mas acho que é uma expressão única. Realmente é inspirador. Eu, particularmente, acho muito seboso. Acho que poderia partir para um lado mais intenso.

Pompeo - Mas existem canções do Camelo que não são sebosas. “Cara Estranho” ou “Da Onde Vem a Calma” são exemplos. Aquela: “Do lado de Dentro”; ele fala também de relacionamento, mas de uma forma bem conturbada.

Pompeo – Cite uma banda independente, fora da grande midea, que você acha foda.

André – Charme Chulo, certamente. Ela faz uma coisa que ninguém nesse planeta de Deus fez, que é transformar a música caipira em algo hediondo. Outra banda que deve ser ouvida é o Vanguart, porque ela traz o lance do Bob Dylan, o que ninguém nunca fez também. Acho que o Felippe Pompeo também... (risos).

Pompeo – Beleza!

André – Acho que ele é um cara totalmente colorido, uma explosão de criatividade. Eu gosto, adoro acompanhar a evolução. Oito Mãos também, que tem as músicas mais bonitas, mais melódicas, desde Gram...

Pompeo – O Gram é outra também...

André – É, mas o Gram acabou, né... Não sei se vale a pena gostar tanto assim...

Pompeo – Das bandas que estão aparecendo...

André – Tem que seguir o teu gosto. Dependendo do teu gosto, vai ter outras bandas. Por exemplo, se você gosta de rockabilly, você vai buscar Sapatos Bicolores, você vai adorar.  Se você estiver numa fase de conhecer tudo, então vai buscar tudo. Certamente tem banda pra tudo, sabe. Tem bandas boas e importantes.

Pompeo – O que significa o sucesso?

André – Sucesso é sinônimo de realização. Se eu falar assim: “eu tive sucesso nisso” – é porque eu fiquei com o peito cheio depois de fazer, eu virei um cara melhor. Existe um André antes e um André depois.

Pompeo – Você acha que é um cara de sucesso?

André – Eu acho que sou.

Pompeo – Você chegou no sucesso?

André – Eu acho que não.

Pompeo – Me explique essa contradição.

André – Chegar no sucesso é – do jeito que a gente usa essa expressão – é você ser reconhecido por todos.

Pompeo – Isso pode ser compreendido como fama.

André – Sim. Mas mesmo assim eu acho que eu obtive pequenos sucessos. Poderia ter acabado a banda... Eu poderia ter saído da banda, poderia ter partido para um projeto experimental. Só que eu insisti nisso. Insisti em 2007, 2008 e em 2009 a gente gravou um disco. Eu nunca me senti tão bem quanto eu me sinto agora nessa banda. O disco está ótimo, tem só música boa. Nesse sentido, eu acho que é um pequeno sucesso. Posso te dizer que sou um cara de sucesso. Só que tem muito mais pra fazer.













 




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