"O CASTELO ANIMADO" (ou é encantado? que eu me lembre, era encantado...)
Dos mesmos produtores de Chihiro. A mesma linha, a mesma poética. Ou seja, fantástico.
-"Nossa vovó, pra que esses dentes tão grandes?"
Sobre a vida, que consiste em música, filmes, viagens e neuras - tudo misturado.
Jornalista preguiçoso é complicado... Não que eu esteja puto ou coisa parecida, mas é que estudei jornalismo, e sei o que é um jornalismo preguiçoso, algo muito bem conceituado por Rodrigo Amarante - quem gosta do cara sabe do que estou falando, mas quem nunca ouviu dizer, aqui vai o link: http://www.youtube.com/watch?v=iypM6LKhB8o
SÓ QUE o Amarante é fodão, coisa e tal. ELE falar é uma coisa. O cara tem, como diz o André, MORAL... EU? Não tenho nada, mas não posso ficar quieto.
Segue um texto na internet sobre o Unifest Rock 2, um puta festival bem feito em pról das bandas independentes do Brasil, com premiações até o 5° colocado. Aos que entraram, parabéns! Aos que não entraram, não fiquem desanimados. O tempo todo tem festivais bacanas no País, e sua banda vai entrar em um bem bacana.
Bem... Voltando... Esse texto, uma notícia sobre o sorteio do dia e da ordem de cada banda, publicou uma frase minha. Não, não necessariamente. Vejamos. Você que me conhece acha mesmo que eu falaria isso?
["Coincidentemente, a primeira banda a se apresentar no Unifest Rock é uma banda de Campinas. “Felippe Pompeo e os Blocos de Cimento” são os responsáveis por abrir o festival. “Acho super viável uma banda da cidade sede do evento ser a primeira a se apresentar e por sorte seremos nós”, comentou Felippe Pompeo. “Não enxergo que teremos uma grande responsabilidade ou sentiremos pressão por isso. Só espero que isso faça com que o público esteja presente logo no começo”, disse.]
Eu não disse isso. Só pra ficar constado. Se eu lesse isso sobre qualquer artista, estaria pensando "Pô, o cara está se achando o fodão" ainda mais tendo em vista que entrei 3 vezes no festival e já veio neguinho falando pra mim "se você não ganhar nada com nenhuma das bandas, desiste da música hein!". Como assim, não enxergo que tenho responsabilidade? Tipo, quem eu penso que eu sou? Gente, to morrendo de medo! Não quero fazer merda e quero muito ser lembrado.
Da mesma forma que o jornalista escreveu sobre a nossa conversa, eu falo a MINHA versão da conversa. O cara chegou do nada, ouviu eu falando com o Publio "fudeu!, vou abrir o festival". Aí ele falou "Era justamente sobre isso que eu queria falar. Qual é a sua perspectiva sobre abrir o Unifest Rock 2". Eu disse "Cara, você viu. É foda, ninguém quer abrir, mas alguém tem que fazer isso" - enquanto eu falava, eu percebi que ele carregava uma agenda, rabiscou 3 frases, sendo que eu falei uma frase só de oito linhas mais ou menos. Na época em que eu exercia o jornalismo como estudante, não fazia pergunta a ninguém sem um gravador, a não ser que eu estivesse apenas apurando fatos e perseguindo fontes - e falei : "Deu para perceber que o festival foi muito bem feito até aqui. Acho que os jurados vão ser justos da primeira à última banda"
FOI ISSO QUE EU DISSE! Cagando na calça, mas foi isso que eu disse.
Quanto a abrir o festival, confessei com o Cassim " Se for pra ser brilhante, serei abrindo, no meio, ou no fim do festival... Vamo que vamo né? " ele respondeu "verdade cara".
Pô... Sem grilos. Só queria ter falado isso. Não vou dar nome aos bois, mas o texto na íntegra está em http://www.unifestrock.com.br/noticias.html.
Gozado... Nunca achei isso fosse acontecer comigo... Massa!
hehe.. FODA!
O show do Little Joy não foi lá tudo aquilo. Me deu a impressão de que foram pretensiosos em fazer o concerto no Fundição Progresso. Até que estava cheio, mas não teve a energia dos últimos shows. O primeiro show deles, em janeiro, no Circo Voador, foi muito melhor. Mas valeu ter visto de novo. Tocaram 3 canções novas e uma do Mutantes. Das 3 canções, me lembro de 2 apenas. A que me tocou muito foi uma que a Binki Shapiro canta, com uma clássica combinação de notas (uma descida de 1 tom, depois duas de 1/2 tom. Exemplo: E, E/D, C#m, C) e nisso a Bink cantarolando uma seqüência melódica na voz das mais lindas... O som (como sempre) não estava muito bom. Nos shows dos Los Hermanos o som sempre foi perfeito, mas parece que no Little Joy a voz do Amarante sempre fica baixa. A mesma coisa com a voz da Bink, de modo que não deu pra entender a letra. Mas valeu. Como sempre o Fab Moreti fica lá, tocando aquela guitarra Gibson de 4 cordas - PUTA SOM - e falando algumas coisas de quem acabou de fumar um, resultado: não entendi nada do que ele falava. Só uma hora que disse que tava com a Gripe Suína. Os caras não tem muito o que falar. Amarante só falava coisas do tipo "Brigado gente! Nossa, cês vieram mermo hein... Quanta gente" - ele falou isso nos últimos 3 shows que o vi no palco. Mas foi bacana. Pra mim, de 0 à 10 - 6,5.
DETALHE - O mais legal da noite no Fundição Progresso foi a minha mijada ao lado de Caetano Veloso. Vestindo uma jaqueta jeans e com seus óculos habituas, Caetano esbanjou elegância até pra mijar. Entrei no banheiro atrás dele. Ele viu que as privadas estavam todas ocupadas e foi pro mictório. Fui ao lado. Berrei "Porra, que honra mijar ao lado de Caetano Veloso!". Um cara que tava do outro lado dele viu e entrou na brincadeira "Já valeu meu ingresso!". Ele sorriu. Pedi desculpas pela brincadeira. E foi isso.
No sábado fui ao Circo Voador. Eu e a Silvia. Assistimos um mini festival ( que é o nome que se dá ao show quando mais de uma banda abre o show para a banda principal).
Na ordem: Brollies & Appels - Copacabana Club - Friendly Fires.
As tres bandas cantam na língua gringa, mas só o Friendly Fires era gringo, precisamente ingleses.
Brollies & Appels foi interessante pela música. Misturavam elementos de rock com eletrônico. O batera tinha um MAC ao seu lado. Dava start e algo rolava, um groove, um barulho. Muito massa. O guitarrista era bem roqueiro, o que me agradou. Duas minas cantaram. A voz da Leela ( não sei se é o nome dela ou da banda que ela toca ou tocava. Esse assunto ficou confuso pra mim) era muito boa. Mas pecaram na presença de palco. Exagerada e forçada. A banda é formada por 2 casais que se beijam o tempo todo (desnecessário). Confundem o que é ser roqueiro e o que é ser pôser. Dou uma satisfeita nota 4.
Copacabana Club - essa sim é uma banda que merece tudo o que está acontecendo com eles. Canções cheias de energia. A vocalista com o pé quebrado pulava que nem uma pulga. Até um capote o guitarrista da Rickanbacker tomou. A batera no tempo, bem feito (é a cara da Mallu Magalhães). Eles estarão aqui em Campinas no Rock and Beats, no Bar do Zé. Fiquei muito a fim de ir, mas vai estar tão lotado... A Caca exala simpatia e satisfação por estar trabalhando com música. Duas canções são muuuuito fodas : "Come Back" (é isso mesmo?) e "Just Do It". Nota 7,5.
Friendly Fires - Gringo é foda. Tocam muito, ED MACFARLANE tem uma voz que fazia tempo que não ouvia. Afinadasso, um puta músico. Me senti um peixe fora d'água, pois todo mundo cantava as canções e eu lá, viajando. O lugar estava tomado por gays, lésbicas e sei lá o que mais. A Silvia falou "as bixas tem bom gosto, ué". ED MACFARLANE rebola, pula, parece um louco. Me deu a impressão de que os gays acham que ele é gay ou coisa parecida. Pra mim, o cara era tão gay quanto Mick Jagger. Nota 7.
DETALHE - eu quis subir no palco para dar um direto de direita no roadie do Friendly Fires. Eita inglesinho arrogante, metido, babaca e tudo quanto é nome medonho. Filho da Puta é elogio. Tem que essas palavras estranhas sabe: boboca, bobão, feio... Tratou a equipe de som brasileira como lixo. Tratou os fãs como lixo. Tratou a própria imagem como lixo. O cara tava achando que era roadie dos Beatles...
De mais... Praia, sol... O Rio continua lindo, mas é um lugar triste. O carioca é sem educação e não tem muita noção de higiene. Qualquer lugar que você vai é sujo. Só a praia que não (naquelas né...) O Rio são 2 mundos: as praias, as montanhas, o cristo, o pão de açúcar - urca - bondinho, os arcos da lapa, as vistas de Santa Tereza, etc etc etc... e o outro mundo: o carioca, o trânsito, a falta de educação, a falta de higiene, rango ruim que dói, tudo muito caro, polícia de merda, guarda municipal que acha que é polícia (merda igual), fiscalização de trânsito de merda, placas de sinalização de merda, flanelinhas de merda, atendimento de merda. É uma pena... Uma cidade tão linda habitada por uns babacas de primeira categoria. Campinas é outra coisa! Cada vez mais dou valor à minha cidade.
Nota para o Rio: 3,5.
Outra coisa é outra coisa...
Que coisa! Você já sabia a resposta! Lembram daqueles exercícios de alfabetização?
- Passa para o plural a frase citada:
" Eu sou a pessoa mais inútil do Brasil"
R- Nós somos as pessoas mais inúteis do Brasis...
Aluninha burra levanta o dedo - "Ô Dona... Qual é o prural de Brasil"?
- Aninha... É PLURAL... E Brasil não tem plural...
- Como assim?
A professora, mais burra que a própria aluna, não sabe responder o "como assim" da criança.
- Põe aí apenas "Brasil" e tá bom.
- Passe para o afirmativo a frase:
"Eu não sou gay".
Joãozinho, sempre ele, todo filho da puta, responde:
R - Nem fodendo.
Lembro-me uma vez... Uma prova de matemática na segunda série.
"Qual é a diferença entre 4 e 2?"
Gente, gelei nesse momento. Não sabia de modo algum o que o 4 tinha de diferente diante do 2. O quatro é o quatro...O dois é o dois, não tem diferença!
Aí o burro que escreve esse texto levantou o dedo...Pediu licença para chegar perto da professora. Naquele tempo, em Niterói, ninguém falava "DONA"...aff... que coisa horrorosa... Ok, o jeito que eu chamava a professora era tão ridículo quanto ao citado à cima.
"Tia, eu não sei o que você quer dizer com "diferença" na questão".
"Ah, Felippe, a diferença é justamente o que você tem que saber."
Piorou tudo. Voltei para a carteira (nunca, em absoluto, eu soube o pq das mesas da classe se chamarem carteira).
Então me veio uma luz! Gente, como clareou tudo! Não pensei duas vezes e foi a primeira vez que colei na vida. Olhei para a maior CDF da classe. Ela olhou para mim. Levantei a minha prova e apontei a questão em si. Ela respodeu para mim:
- "2".
- ?!
- isso (sussurrava) põe dois aí e não enche o saco. Ah, resposta completa hein!
Cocei a cabeça. Escrevi na prova:
- A diferença entre 4 e 2 é 2.
Quando cheguei aqui em Campinas, fui estudar no João Lourenço. Ninguém chamava as professoras de tia, e pela primeira vez eu tive um professor. DONA eu me recusei a usar. Chamava de professor ou professora mesmo. Bons tempos. Mas eu juro (EU JURO) que em uma prova na quarta série (já aqui no João Lourenço) uma professora, que se chamava Judite, aplicou uma prova de matemática. Cálculos aqui, subtração, multiplicação, o caralho a quatro... A última questão era o seguinte:
"Você é um piloto de avião. Passa por uma montanha de 42 metros à 300Km/h. Reduz para fazer uma manobra mirabolante num ângulo de 80° e, depois de pilotar por mais 100 km, pousa em uma pista de 200 metros numa velocidade de 80Km/h. Qual a idade do piloto?"
Eu juro (e novamente JURO) que teve gente que errou... Só no João Lourenço.
Agora pulando para a época do Batista.
Ramirez reprovou o terceiro ano. Eu também. Ele entrou com recurso no ministério da educação. Eu não. Ele foi fazer faculdade na Pucc. Eu continuei na escola. Refazendo o 3° ano.
SIM! EU CONSEGUI ESSA PROESA! REPETI O 3° ANO.
No primeiro dia de aula do meu segundo 3° ano, o orientador educacional foi dar as boas vindas aos alunos.
"Bom dia gente. Quero dar as boas vindas, etc... Blá blá blá... Bló bló bló, blu! E lembrem-se (sempre achei que ele tinha o mesmo jeitão do diretor SKINER [ não sabe quem é? precisa rever seus conceitos...]) vocês terão de estudar muito para poderem entrar em uma boa faculdade. Estamos preparados para dar o melhor ensino à vocês. E, lembrem-se de novo, é possível sim repetir o 3° ano. Nosso amigo aqui [ele pôs as mãos no meu ombro] é a prova viva disso, né Felipão? Hehehe..."
Cusão do caralho. Todo mundo riu de mim. Tenho a foto desse cara até hoje no meu moral de fotos que fica no meu quarto. Grande Célso! Dias desses tava eu e Ramirão, de boa, acho que na locadora...E o Celso apareceu. Deu um puta sorrisão. Quantas vezes esse cara ligou pro meu pai pq eu estava matando aula para tocar violão.
Uma última questão da prova.
- Passe para a interrogação a seguinte frase:
"Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa".Ah, isso vocês já sabem. QUE COISA!
Escrever é uma coisa difícil... Cantar também. Compor é escrever, mas tem que agregar uma idéia melódica. Geralmente eu penso primeiro em um andamento... Tum, pá... Tum tum, pá! Depois adiciono os acordes que me vieram à mente. Vou cantando coisas que se encaixam na métrica da música.
"Hmmmm... Lá lá lá... Isso é assim... tchaptum! Tchapchura.... hmmmm"....
Quando percebo que funcionou, passo para os acordes que serão a cereja do bolo.
Por exemplo: Se estou em uma lógica de Sol Maior (G), me recuso a ir para Si Menor (Bm), pois seria meio óbvio. Dou logo um Si Bemol (Bb) para ver no que vai dar. Se for no piano então, fujo de todas as regras. É o caso de "Música", ultima canção de "Esperanto", que começa em Dó Maior (C) e vai terminar em Si Maior (B), depois de ter ido para todos os cantos do braço do violão.
Ah, compor é um verdadeiro desafio. Após pensar nisso tudo, vem a parte mais difícil (pra mim), que é fazer uma letra boa, profunda e que não precisa de bula. Bula?! Explico: "Nesse verso onde contém essa frase eu quis dizer isso, ou aquilo..." Se quis dizer, porque não disse de uma vez?
Depois penso em um tema. Ultimamente tenho escrito coisas em cima de um tema.
Isso aconteceu também na composição de "Júlia na Terra da Imaginação" e "Júlia e o Livro Mágico", onde o 1° eu falo sobre o amor, e o 2° falo sobre o divino. É... Deus anda me perseguindo ultimamente... Na verdade eu que ando perseguindo Ele.
O grande desafio é fazer algo que eu mesmo goste. Geralmente minhas coisas passam pelo meu filtro crítico. Pra falar a verdade, muita coisa ruim feita por mim passa... Mas o difícil é fazer uma coisa que as pessoas vão gostar. Tem tanta coisa nesse mundo que fica foda ser luz. Tanta gente iluminada, tantas opiniões. Somam milhões. Estive conversando com um cara num encontro de músicos em Campinas. Ele me disse que diante dessa agonia, o lance mesmo é SE satisfazer. Estar satisfeito com o próprio trabalho.
Trabalho... O maior desafio é encarar sua composição como trabalho.
Galera, ser artista é foda...