quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Perdido em Música

Parei para ouvir o Pleas Pleas Me, dos Fab Fucking Four (isso ficou meio Mion... por falar nisso, você já viu o Marcelo Adnet imitar o Marcos Mion?) e o disco é simplesmente fantástico. Aquilo tudo foi gravado ao vivo né... Em 12 horas... Porra. As experiências que tive com gravação ao vivo foram precárias.

Amanhã vou para o Rio. Vou assistir ao Little Joy pela segunda vez, só que dessa vez na Fundição Progresso. O primeiro foi no Circo Voador, e foi incrível. Só de lembrar as vozes encobrindo a própria banda já me arrepio. Quem já foi a um show do Los Hermanos sabe do que estou falando. Isso que é legal (pra mim, pelo menos) lá no Rio os Hermanos são foda. Amarante sabe disso e fica visível no rosto de cada um dos integrantes do Little Joy.

Não fui a muitos shows não. Mas sei aqueles que me tocaram. Uma vez eu fiz o Niba (músico de Campinas, gente boa pra caralho) me dar uma lista de shows que ele foi. Cara... Que inveja. Barão, Titãs e Paralamas (isso nos anos 80, bem no começo de cada banda, ou seja, o cara viu Cazuza); Legião Urbana (o cara viu Renato Russo); Guns And Roses ( o cara viu Slash e Axl. Um detalhe: nesse show eles tocaram pela primeira vez no Brasil "Estranget" [não sei se é assim que se escreve]); entre outras bandas.

FATO: Segundo Niba, o show do Barão foi numa casa que ficava ali perto da Aquidaban, onde ficam os travecos hoje em dia. O show estava marcado para as 22:00. O Cazuza subiu no palco às 4:30 da manhã, locão. Todo mundo gritou "filho da puta, filho da puta", aquele famoso coro quando um juíz de futebol não marca um pênalti claro. O Niba disse que o Cazuza pegou no microfone e ficou andando pra lá e pra cá no palco, que nem uma bixa loca, mexendo os braços pra cima e pra baixo, imitando a platéia: "Filha da puta, filha da puta" (carioca fala "filha"). Foi um puta show.

Fabio Boto me disse que esteve no show do Paul McCartney no Maracanã, o show que foi parar no Guines: 180 MIL pessoas. Boto falou que era coisa de soltar o corpo que você não caía, de tanta gente. Uma média de oito pessoas em volta apenas de você. Uma neurose só. Mas quando o cara sobe no palco, é fora de contexto.

Eu vou ao Paul em 2010. Já estou avisando que vou acampar para ver o velho de perto, se não toda a espera, a ânsia, o significado e a loucura serão em vão. Tremo só de pensar.

Aliás, todas vez que lembro de um show do Los Hermanos eu me arrepio. Mas o FODA, O FODA MESMO, foi a gravação do DVD no Fundição Progresso. Foi o momento, tudo parou para simplesmente um concerto de rock, aquele rock que muita gente não entendeu e que você achava que só você gostava. Depois gostar de Los Hermanos virou sinônimo de ser cult. Do nada, todo mundo gostava (claro não todo mundo, mas todo mundo que eu ando, a galera que gosta desse tipo de coisa, nada muito óbvio... não preciso falar muito sobre isso né). O primeiro show dos LH foi um impacto pra mim. Aqui em Campinas, no Campinas Hall ( o nosso Credicard Hall). Achei que só ia ter eu que conhecia as músicas, e que o resto estaria ali pela farra. Não acreditava quando vi umas 5 mil pessoas cantando "Cadê Teu Suim" ou "Retrato pra Iá Iá". Tenho uma sina com os LH. Tenho a impressão de que os caras gravaram as músicas que eu sempre quis ouvir. "Primavera" e "Anna Júlia" já eram fabulosas. Depois "Quem Sabe" pareceu virar uma coisa nostálgica, pois na época do primeiro disco, "Quem Sabe" passou beeeem despercebida por muita gente. Aqueles que pegaram o disco para ouvir (eu fiz isso) souberam que "Descoberta", "Pierrot", "Quem Sabe", "Tenha Dó", entre outras, eram canções de arrepiar os cabelos do subaco. E HOJE (DVD Fundição Progresso) ver o show deles foi como viver todo aquele longo percurso que um artista tem que passar para chegar em tal prestígio. Isso você vê na cara deles. Isso que quero ver na cara de Paul McCartney.

... Poxa... Agora que parei para pensar nisso. Sou daqueles que viaja muito quando vê um show. Espero um dia poder ter palavras para descrever o que será quando eu estiver de frente para o Paul. Toda a história dele vai passar pela minha cabeça, num jato frenético, o cara que compôs com John, o cara que passou por 40 anos de histórias, o cara que fez milhões de gente chorar, o cara que gravou com Michael Jackson, o cara que fez minhas noites de audições dos Beatles as melhores da minha vida, o cara que merece o título de umas das pessoas mais importantes na história da música (seja ela Pop, rock, foda-se. Ele é simplesmente o Paul McCartney).

Voltando do transe... Nada disso ainda aconteceu.

O Show do Radiohead foi umas das únicas coisas que eu me lembro como foi que minha alma absorveu (se é que vocês me entendem). O Los Hermanos tinha feito um puuuuta show (não melhor que o DVD. Um show só para fãs de LH é bem melhor) e eu achei que já tinha visto de tudo. O Craftwarck (me corrijam, por favor, como se escreve o nome da banda) tinha feito uma coisa bem maluca: me abriu os olhos para o que realmente é a música eletrônica. Pra mim (PRA MIM...) a verdadeira música eletrônica não é aquela que imita a música "comum", e é essa que ando ouvindo em vários lugares... Boates, Clubs, ECA! Essa música eletrônica que eu vi era como se o próprio PC ou sei lá o que estivesse tocando, cantando, compondo. É claro que existem os caras por traz de tudo, mas é disso que se trata: Música feita pelo computador, pelos sintetizadores. Como "On The Run", por exemplo, do Pink Motherfucker Floyd. Foi incrível.
MAS QUANDO acabou o show dos caras, tudo mudou. A luz mudou, o clima mudou, uma névoa de ansiedade pairou de um modo nunca visto por mim. O Radiohead entrou sem cerimônias, no horário estabelecido (22:00) e tocaram por três horas. Três horas da mais pura sintonia entre o incógnito (aquilo que aparentemente não se entende, aquilo que te incomoda e você pensa "aí tem coisa" - pra mim é o que o Oito Mãos tem) e aquilo que faz sentido (quando tudo aquilo que eu disse passa a fazer sentido para você).


Ah... Isso quer dizer o quê? É quando o tempo 7 (músicos de plantão, se não sabem o que é tempo 7, revejam os conceitos) de Paranoid Android faz um puuuuta sentido e você toca no ar aquilo que está sendo feito na sua frente. É ver todo mundo cantando "Rain Down On Me" enquanto Tom Yorke responde o coro. É quando "Fake Plastic Trees" é tocada e você acha que não agüentava mais ouvir essa canção, e perceber que ao vivo ela é fabulosa. É ver tom York calar a boca de 30 mil pessoas durante a primeira estrofe de "Exist Music", onde não se ouvia um sussuro além da voz e do violão de York. É ouvir "Creep" e se assustar com a guitarra no refrão, por mais que você esperasse, levar as mãos à cabeça e uivar de paixão pelo momento fantástico que artistas de primeira linha, pretensiosos ou não, te proporcionam.

Outros shows que sempre gosto de me lembrar : Titãs Acústico no Guarani, Paralamas na Gravação do Acústico MTV, JB e seus Amigos Sex Simbols e Oito Mãos (sim, porque eu toco com eles TAMBÉM é o motivo de que tanto gosto), Charme Chulo ( me impressionou e me ensinou muitas coisas), Mentecapto (porra, esse foi foda), Vênus Volts (não dava absolutamente nada pra eles)... entre outros. Ah... tem uns bem ruinzinhos, mas desencana...

É... Amanhã tem Little Joy. Que felicidade. Vou ver um puta show! Depois eu conto como foi.
Abraços.

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