quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Batman, o herói que não existe.


Gente dedicada faz a coisa certa.

Isso serve para o Batman, isso serve para o Christopher Nolan.

Num primeiro momento temos a história contada através de mentes brilhantes. Pro inferno os amantes dos quadrinhos. Esse filme foi feito para os amantes de filmes, para os que gostam de uma boa trama policial e suas conclusões emblemáticas, daquelas de fazer a gente ficar pensando um bom tempo depois que os créditos sobem na tela. No meu caso, tive que vir imediatamente escrever sobre, após perder a versão cinema e assistir (com uma boa carga de atraso, confesso) na minha televisão LCD amparada pelo excelente Blue-ray do meu PS3. 

Diga-se de passagem que o Coringa valeu pela trilogia. Não há um psicopata a sua altura e nunca haverá uma mente hitleriana tão ofensiva quanto ao do palhaço interpretado pelo inesquecível Heath Ledger - isso é indiscutível. 

Outra coisa que me surpreendeu foi o bico calado das pessoas que iam assistindo o filme. Apenas diziam "é demais, é fenomenal" mas nunca entregando o jogo, sabendo que, se contassem o que acontecia, privaria o próximo de uma experiência inspiradora, a mesma que me trás as palavras aqui. O filme e seu desenrolar, em si, é superável. Tantos e tantos foram feitos. Mas  a conclusão, ah, a conclusão! Tudo bem que grandes expectativas geram grandes decepções, então se você ainda não viu esse filme, não gere as melhores. Mesmo porque eu duvido que você que está lendo esse texto ainda não viu. De qualquer modo, foda-se.

Nolan é da leva dos grandes profissionais que sabem gastar dinheiro. Não é um desperdício de conta bancária. Ele nos brindou com um marco, conseguindo fazer melhor do que já foi feito. Do inesquecível Batman de Tim Burton, Nolan apenas melhorou - esqueçam Joel Schumacher e sua tendência colorida, aqueles foram tempos nada sombrios, esbanjando otimismo. Batman é da escuridão, é da feição sem sorriso, do sorriso irônico, é sobre perder e nunca ganhar. É doar no piloto automático (puta merda, piloto automático!!!). 

É difícil falar desse filme porque citar os ocorridos seria acabar com as surpresas, e são elas que nos brindam. Ainda bem que existem mentes brilhantes com capital de sobra para fazer essas coisas absurdamente geniais e gigantes. O mundo agradece. 



Batman é o tipo de herói real. Seu poder é o dinheiro. O verdadeiro poder, as verdinhas. Será mesmo que teríamos um playboy que arrumaria nossa cidade? Que varreria os corruptos? Que daria muita porrada nos Dirceu's e Sarney's e Maluf's? Nos traficantes que tentam, dia ou outro, matar a polícia com verdadeiros atentados terroristas? Será que daria certo um cara com tanta grana que faria armas e aeronaves mais qualificadas que as do próprio governo e, assim, levar paz aos morros do Rio? Um cara sangue nos zóio para dar esperança ao povo? 

Isso não existe. Ninguém pode nos salvar do nosso inevitável fim, da nossa inevitável pré-disposição ao mal. Não existe tal coisa e não imagine que há gente disposta a colocar as mãos na lama para manter a sua limpa. É por isso que o mito de Batman, o homem-morcego, o faz tão peculiar. Trata-se de uma história real, é o Tropa de Elite americano, o sonho do herói do povo, que não vê credo ou time de futebol ou raça ou grana - ele vê moral e justiça. 

Que o herói que há em todos nós, na imaginação das telas de cinema e da sua casa, nos lembre do quão limitados somos e, por isso mesmo, nos deliciamos com histórias bem contadas. 

Estoure uma pipoca para comemorar!

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Aos homens que mataram Cristo.


Se você morresse sabendo que iria ser julgado, o que pensaria? Tenho a leve impressão de que certas pessoas creem na graça porque do contrário estariam em verdadeiros apuros. Imagina só, você aí, todo errado, todo pecador, ser, um dia desses, julgado? O pior julgamento é o que fazemos a nós mesmos.

Na época de hoje, coisa entre 22 e 25 de dezembro, fala-se um pacote do maior personagem contemporâneo de todos os tempos - Jesus Cristo. Dizem ser o próprio Deus encarnado, dizem ser apenas um homem de muita moral, dizem ser o verbo da criação. O que dizem por aí se não nada e ao mesmo tempo tudo?

Mas por trás de tudo que se diz sobre o Cristo Terrestre, a coisa que mais me atrai é justamente a sua morte e o seu bom senso. Amor e morte. Amou seu inimigo e morreu por seu ideal, seja lá qual fosse ele. Alguns até pensam que esse cara não passava de um maluco. Talvez sim, afinal, somos todos loucos não é mesmo? Ainda mais os homens brilhantes. Se hoje a gente ri de um cara que se diz ser santo, que cura, que diz que tem um pai no céu e etc, imagina há 2 mil e tantos anos atrás? Os caras matavam!

Ouvi uma certa história de que o espírito de Adolf Hitler está trancado em um diamante. Parece até coisa de Super Homem, lembram-se dos três vilões de preto que eram trancados em outra dimensão? Então... Depois lembrei da Jean Grei, do X-Men, que era uma mutante tão forte que deveria ser controlada. O diamante que controla o espírito de Hitler - seria ele um animal? Um monstro? A personificação de Lúcifer na Terra? Seria ele merecedor do julgamento que toda a humanidade lhe dá? Seria ele uma personalidade tão forte que qualquer lembrança sua nos dá aquele desprezo pelo homem e a sua capacidade de ser mal?

O mal é necessário. Não duvide disso. A doença é verdadeira. A vida é cruel. A Terra é um lugar onde nós, seres humanos encarnados, viemos aprender algo; e aprender requer repetições, até que conseguimos fazer a coisa certa sem pensar muito, quase que automaticamente - você foi alfabetizado desse jeito, veja como funciona.

Como, então, iremos julgar Judas Escariotes e os soldados romanos que mataram Jesus Cristo? Como faremos juras contra os sacerdotes que se viram confusos diante de um judeu que curava, impressionava e que dizia ser o filho de Deus e rei dos judeus? Alguém tinha que apertar o gatilho, se não a história de Cristo não seria lembrada até os dias de hoje. Alguém tinha que colocá-lo na cruz, para essa virar o símbolo de muita gente. Hitler é o gatilho da humanidade nos dias de hoje e tem gente que ainda não aprendeu. Exige muita repetição! Mas é tranquilo, o Sol ainda tem muito o queimar, a humanidade tem muito tempo para aprender.

Jesus Cristo foi o primeiro a perdoar e não julgar. Aceitou o seu julgamento para, sei lá, perpetuar... Vai saber. Disse ele (e aqui me pergunto quem foi que ouviu ele dizendo isso para seu Pai lá nos céus, pois estava sozinho no jardim né?) que era um fardo muito pesado. Sentiu medo. Sentiu a dúvida, será mesmo que os seres humanos mereciam o seu sangue? Espero que um dia tenhamos essas respostas.

Se, de fato, o criador, o verbo, que esteve presente na criação, o mesmo que disse "meu reino não é nesse mundo", estiver nos esperando em algum outro lugar, onde nesse lugar a LEI será aplicada de um modo moral e tão justo que ninguém verá necessidade em quebrá-la, gosto de acreditar que há um fim muito bonito para nós, nos esperando calmamente, enquanto a humanidade caminha em passos de formiga - como canta Lulu Santos.

De qualquer modo, tenha um bom Natal.


quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Um fã - Jefferson Inácio Pereira

Certa vez abri o face book e havia uma solicitação de amizade de Jefferson Inácio Pereira. Mandei uma mensagem perguntando quem era ele. Disse algo do tipo "conheci a Oito Mãos, virei fã e queria manter contato contigo". Na época eu nem mais era da banda, havia sido convidado a me retirar dos trabalhos artísticos e me vi colocado pra fora, pois, pela primeira e única vez na banda, todos acataram a decisão de um. Hoje, prestes a ser lançado o maior trabalho que eu estou envolvido - é claro que isso é uma questão pessoal e meramente mimosa, vejo vários comentários a respeito do que anda sendo lançado - primeiro o clipe de Passo a Passo, depois os dois aperitivos do filme produzido pelo Tita, e logo o filme em si.

Como artista, ter um fã é algo indispensável. Resumindo, é massagem de ego. E o ego necessita ser massageado, sabe como é, né... Pelo Ego perdi muita coisa e ganhei quase nada, pra não dizer nada. Deixando meu ego de lado (o que chamam por aí como humildade) eu consegui participar de um disco com os mesmos que acataram a minha saída da banda. Confesso que o fiz por mim. Porque, independentemente do que eu acho realmente dos meus companheiros de banda, as canções que esses caras escrevem são de outro cosmo. Então optei por entrar no trilho, porque se fosse pra ser como antes, não tínhamos passado nem do primeiro ensaio.

Fica aqui o texto escrito pelo querido Jefferson, um grande fã de música, do tipo que chora quando ouve algo espetacular - que nem eu.


18/12/2012 - 15:37

Oito Mãos - Algo Espetacular

Grande dádiva é uma boa promessa q nos faz sonhar além e alcançar, maravilhosa coisa é
quando o sonho, mesmo que distante, concede partes que nos permitem contemplarmos sua
concretização. Essa é a experiência que se tem ao assistir o belo filme Algo Espetacular.

O sonho, que é o futuro cd da banda Oito mãos, revela-nos sua realização em pequenos
trechos mostrados no filme citado. Este filme, belíssimo trabalho do grande "multi-talentos"
Christian Camilo, conta fielmente como se deu a formação da banda campineira Oito Mãos.
A história da banda garante grandes emoções ao ilustrar o encontro de seus integrantes. A
espontaneidade mesclada ao talento, carisma e simplicidade de André Leonardo, Felipe Bier,
Felippe Pompeo e Leandro Publio abrilhantam cada cena. Estes jovens e experientes músicos
dedicam respeito, empenho e amor à música, mutuamente, afim de desenvolverem a arte
cantada e tocada pela Oito Mãos.

A Oito Mãos permite aos fãs apreciarem o brilho dessa grande pérola que está chegando,
o cd Aliás, ao lançarem e disponibilizarem gratuitamente o single Passo a Passo e, logo em
seguida, seu clipe. O lançamento garantiu á Oito Mãos 2.890 likes em sua página no Facebook.

A humildade e generosidade dos quatro membros que formam a Oito Mãos faz com que os
fãs tenham total acesso e contato com cada um deles, isso, afirma o fã Jefferson Inácio Pereira,
residente em Goiânia GO, é um exemplar diferencial. Ele confirma que já foi presenteado
por Felippe Pompeo, baterista da banda, e que também recebeu cartas assinadas á mão pelo
próprio. Jefferson Inácio enfatiza que ama as músicas da Oito Mãos e que a bondade dos
integrantes aproxima a distância entre São Paulo e Goiás. Essa virtude e várias outras o faz
admirar cada vez mais a banda.

Christian Camilo não economizou talento e esforços afim de nos emocionarmos com a
qualidade de vídeo e áudio do filme, trabalho digno de aplausos. Ali, em meio á um cenário "in
natura" direcionou seu foco á particularidade de cada um dos integrantes da Oito Mãos
coletando relatos e encenando talentos. Com apurado bom gosto alucina á todos ao utilizar
trechos de canções do cd Aliás na trilha sonora do filme.

Assim, através do filme Algo espetacular , temos essa maravilhosa coisa... o sonho
concedendo partes que nos permitem contemplarmos sua concretização. Aliás, sonhar além
e alcançar. Assistam, vocês verão que esse filme... essa banda... essa história ... é ALGO
ESPETACULAR !!!

por Jefferson Inácio.

FUCKING CHEEARS!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Aliás, ninguém te perguntou nada.



                                         Christian Camilo

"Nunca gastamos um centavo para nada, só ganhamos concursos e essas coisas que dão incentivo financeiro. Sempre investimos na música, ainda não fomos viajar com essa grana, não é a hora ainda". 

Da última vez que falamos com Felippe Pompeo, ele acariciava Madalena, a sua Pit Bull branca. Hoje ele está entre duas vira-latas incrivelmente parecidas – Maria Bethânia e Pantera Ponte Para Terabítia. “Quem deu esses nomes foi a minha mulher, e vocês achando que eu que sou maluco” diz ele enquanto abre a porteira de sua casa em Joaquim Egídio para nossa equipe, somos cercados imediatamente pelas duas cachorras marrons. Toda vez que Felippe está incluso em alguma produção, cá estamos nós do “Blocos de Cimento” para poder entender um pouco mais sobre sua função na comunicação musical – mesmo que ninguém dê a mínima.


Os Blocos de Cimento – Você disse que não iria parar nunca. Realmente, parece longe de uma pausa.

Felippe Pompeo – O que eu posso fazer? Sou movido a isso. É o que dá sentido a minha vida.

Bloco – Você fala de um jeito que parece triste...

Pompeo – Tristeza também é um sentimento. A vida é uma mistura disso tudo não é mesmo? Felicidade, tristeza... Só que nós damos sempre ênfase à tristeza, não sei por quê. Se você tiver a resposta, me ajude.

Bloco – Não faço a menor ideia.

Pompeo – Somos todos uns condenados ao trabalho, a angustia. Medo e essas coisas que vem com o pacote da fecundação. Não pedi para nascer e não pedi para gostar de fazer discos, mesmo sabendo que isso nunca me levou a lugar algum. E não estou sozinho nessa. Converso com um monte de gente talentosa e todos sentem o mesmo – há tanta gente foda no mundo e poucas são reconhecidas pelo seu talento.

Bloco – Então não reclame.

Pompeo – É inevitável. O que eu faço, geralmente, é olhar ao redor e pensar que poderia ser pior... Sempre poderia ser pior. Essa coisa da angústia, quando bem administrada, nos fortalece. Foi desse modo que o Aliás foi concebido – e aqui eu falo por mim.

Bloco – Aliás, que nome hein!

Pompeo – Forte não é? Quer dizer o que você quiser pensar. A banda é muito boa. Antes eu era produtor, moldamos as coisas, colocamos quadros e tudo mais na sala. Hoje eu faço parte da banda, toco bateria e produzimos juntos todo o material do disco novo, que sai em janeiro, se tudo der certo.

Bloco – E como poderia não dar certo?

Pompeo – Sempre há essa possibilidade. O disco foi gravado com plug ins piratas, você pode imaginar o parto que foi.

Bloco – O que há em Amparo-Sp?

Pompeo – Uma chácara do pai do guitarrista, o Publio. Sempre vamos pra lá e eu sempre tive vontade de varar uma semana lá gravando um disco inteiro. Montamos nosso equipamento e foi o que fizemos, numa semana gelada de julho, das dez da manhã as dez da noite. Foco, muito foco no trabalho e a certeza de que iríamos sair de lá com o disco todo gravado.

Bloco – Conte mais, então...

Pompeo – Eu havia saído da banda. Fui convidado a me retirar na função de produtor. Nesse tempo eu terminei o Sol. O Adhemar entrou em um concurso publico e foi morar em Belo Horizonte, deixando os caras na mão. Eles tentaram tocar com outras pessoas, mas o óbvio me chamava, pois além de conhecer todas as canções do Vejo Cores Nas Coisas, eu lido muito bem com eles musicalmente falando. Parece que nascemos um para o outro. Recebi o convite via email e fiquei muito contente. Aceitei na hora, e se eu soubesse que ia exigir tanto do meu espírito, talvez eu nem teria entrado no barco. Mas ainda bem que eu não sabia.

                                                                                               Christian Camilo
"Eu prefiro meter o pau nos grandes – no Foo Fighters, por exemplo, ou no U2. Sou formiguinha perto de dinossauros. Então foda-se".

Bloco – O que quer dizer?

Pompeo – Vocês não acreditam mesmo não é? Acham que gravar um disco é sentar, fumar maconha, beber pra caralho, gravar os takes e ir rindo a cada take. Não é assim. Há todo um processo doloroso por detrás disso e eu acho que o ego é o maior deles. Somos vulcões prestes a explodir. E isso machuca. Somos democráticos a ponto de criar uma burocracia insuportável, quando não há espaço para a menor ditadura. Qualquer coisa eu um não concorda, para tudo e volta do zero. Qualquer coisa que um quer e diz com convicção, quer dizer que está impondo... E por aí vai. O resultado final é incrível, pois nada sai na moleza, tem que ralar, tem que chorar, que persistir.

Bloco – O Aliás foi gravado por vocês também, que nem o Vejo Cores?

Pompeo – Exato. Usamos nossas coisas, nossos plug ins e softwares piratas. Compramos compressores e guitarras novas. Uma bateria nova e tudo o mais. Fizemos a pré-produção no Nosostros Estúdio, do Roger Ceigon. Mas antes disso nos encontrávamos na casa de um ou de outro “ó, tenho essa música, o que acham?” – e ia sacando no violão. Quando tudo ficou engessado, foi a vez de gravar. A gente levantava naquele lugar maravilhoso de Amparo as nove da manhã, tomava café e ia pro canto de gravação. Enquanto dois de nós pilotávamos e gravávamos, outros dois almoçavam. As dez da noite parávamos e íamos dormir lá pelas duas da manhã, bêbados, é claro. Não houve tempo para o futebol, mas para a cerveja e o Playstation 3 teve sim.

Bloco – O que mudou do Vejo Cores para o Aliás?

Pompeo – O Vejo Cores é um disco do caralho. Foi feito sob merecimento. Nunca gastamos um centavo para nada, só ganhamos concursos e essas coisas que dão incentivo financeiro. Sempre investimos na música, ainda não fomos viajar com essa grana, não é a hora ainda. O Aliás é mais maduro, mais sério. Mais focado no trabalho. Dessa vez a gente confiou um no outro. O Bier trouxe “Pacificamente” e eu lembro de pensar “fudeu, não faz o menor sentido”, mas mesmo assim respeitei o colega de trabalho no que ele acreditava ser uma boa canção e assim fazê-la – e eu tenho certeza de que muita gente vai dizer que essa é a melhor do disco. A gente foi mais profissional, lidamos com todos os problemas da melhor forma em prol da banda jurídica. Pois não há uma pessoa física que comande isso tudo, por mais que muitas vezes qualquer um dos quatro possa pensar o contrário. O André até brincou certa vez dizendo que deveríamos colocar no encarte “produzido por Oito Mãos sob treta, muita treta”.

                                                                                                          Silvia Montico
       "Isso que me faz ficar de pé, a certeza de que o meu trabalho é foda. Oito Mãos é foda".

Bloco – O fato de vocês quiserem sempre estar tomando conta da direção de tudo não revela a causa de produzirem, gravarem e mixarem sozinhos?

Pompeo – Concordo. Mas também porque nossa grana foi gastada com equipamento e não com estúdio. E também porque a coisa do caseiro é muito gratificante. Reconheço todas as limitações do trabalho, mas também reconheço todas as perfeições, e pra mim elas sobressaem. Por exemplo, eu não usei nenhum plug in para corrigir desafinações, por questões nossas, e você vai ouvir todas as desafinadas ali, somos autênticos, não somos mentirosos, somos rock and roll. Não há correção de bateria ou de guitarra. Não há borracha. É aquilo mesmo, é a gente tocando e cantando no tempo e afinados. Não usar o corretor vocal só vai engrandecer as partes perfeitas – é o caso de “Algo Espetacular”, uma canção simples e linda, muito linda. Além do mais, sem algumas pessoas que emprestaram seu talento sem cobrar nada por isso, não teríamos vindo até aqui, é o caso de Fabio Boto, Christian Camilo e Silvia Montico. 

Bloco – Não vai criticar os trabalhos milionários?

Pompeo – Claro que não! Se acha que vou meter o pau no Sertanejo Universitário ou no High School Music, esqueça. Já fui disso, hoje acho que isso é a maior perda de tempo. Os frustrados metem o pau nos obviamente ridículos para se engrandecer não sei do que. Eu prefiro meter o pau nos grandes – no Foo Fighters, por exemplo, ou no U2. Sou formiguinha perto de dinossauros. Então foda-se. Agora, meter o pau no ridículo é chutar cachorro morto, quebrar madeira para exibição de karatê. Quer usar o melodyne ou o auto tune, manda ver! Mas use direito!

Bloco – Vocês vão prensar em vinil... Numa época em que ninguém mais faz isso...

Pompeo – Cara, em que mundo você vive? Dá um pulo na Saraiva ou na Cultura. Tá tudo lá, lançamentos e relançamentos no vinil. Todo mundo está falando sobre isso e recomendo que você compre uma vitrola o mais cedo possível e saia comprando seus discos preferidos em sebos, pois o preço disso tudo vai voltar a ficar caro – já é. O nosso vai ser duplo, então vai ser caro. E não vamos ficar “compre, pelo amor de Deus”. Azar é teu se não adquirir o seu exemplar. Fazemos isso por nós, eu e o Bier somos apaixonados por discos de vinil. O sabor do som é outro, é comparar um vinho brazuca com um chileno – a mesma cor, mas outro sabor. O cd perdeu o seu valor, fez a música virar um cartão de visitas. O mp3 tirou toda a proposta de fazer música maior que a vida. Essa é a nossa proposta. O Aliás contém 13 músicas de puta que pariu de foda. Eu tenho absoluta certeza disso. E se a pessoa que ouvir não achar isso, eu acho que essa pessoa é burra. Sabe os fãs da coisa ridícula? Então... Isso que me faz ficar de pé, a certeza de que o meu trabalho é foda. Oito Mãos é foda. Pouca gente faz canção para tirar lágrimas dos olhos. Muita gente lança material para vender, para entreter, para trepar. A gente faz para marcar a vida de um. Sempre vai ser assim. O vinil vai reforçar isso. O cara compra um LP do Aliás e pra sempre vai ser impressionante. O disco está impressionante. Não há mais nada a se fazer, divulgações, promoções, correr e tocar... Ninguém dá a mínima. Somos uns idiotas falando de nós mesmos e de nossos sonhos.

                                                                                               Christian Camilo
                               "A bateria é o instrumento mais fácil de cagar numa canção".

Bloco – Da última vez que nos falamos, você disse que não esperava mais nada da música... Acabou de tocar na palavra sonho. O que me diz?

Pompeo – (pensativo) Fazer um show no Circo Voador, na Lapa- RJ, é um sonho. Possível né, porque tá lá... Eu vivo uma vida real pessimista e sonho quando estou fora da realidade. O Circo é real. A vibração lá é fora do comum. Vi Little Joy e o Amarante chorando naquele lugar, é de outro mundo. Amo o Rio e o seu vento salgado.

Bloco – Vamos falar de instrumentos. O que você, de fato, toca?

Pompeo – Nasci cantando. Depois meu pai me deu um violão. Depois eu percebi que a lógica da guitarra era a mesma. Mais tarde percebi que tocar guitarra era diferente. Depois percebi que baixo era mais fácil que guitarra e violão, mas que exigia uma marcação de tempo próximo ao bumbo. Depois ganhei um piano e segui a lógica de 3 dedos e fazer a mesma coisa com as duas mãos. Depois não queria ensinar baterista nenhum a tocar minhas músicas e encarei o instrumento nos meus discos. Logo o Oito Mãos me chamou para tocar bateria na banda. A bateria é o instrumento mais fácil de cagar numa canção. Quanto mais shows a gente faz, mais eu me sinto seguro. Às vezes a baqueta cai, mas eu não estou nem aí. Gasto uma energia gigantesca, me machuco todo, minha coxa fica roxa ao fim dos shows e meus dedos enchem de bolha. Minha caixa 14x8 não aguenta as porradas de rinchotes que dou e cede afinação em todos os shows. Fico puto com isso porque o nome do instrumento é BATERIA, então deveria aguentar. Pontos negativos pro seu Odery, que mandou fabricar caixas nos Xing lings e estão fazendo de qualquer jeito... O mesmo acontece com o banco da série Privilege – são uma merda. De qualquer modo, eles estão ricos. Mas eu me sinto muito bem quando as pessoas vêm e dizem “porra, tá tocando pra caralho”. Me machuco todo, mas é muito gratificante. Sou o tipo de cara que adora montar e desmontar uma bateria, é um ritual.  A gente está fazendo uma série de shows pra ninguém, há um lugar pra tocar e a possibilidade, a gente aluga uma van e tudo o mais e vai. A gente se diverte, toca e vem embora. Tudo isso pago por uma parada de incentivo cultural que até hoje não sei o nome... Não me ligo muito nisso, me ligo mesmo é na música.

Bloco – Qual foi a causa de desistir de assinar a mixagem do Aliás?

Pompeo – A burocracia, é claro. Se eu fosse o cara que havia mixado, algumas coisas que estavam de agrado dos outros integrantes não entrariam. Mas, como eu já disse, é tudo muito democrático. Algumas coisas não me agradam, mas isso é pessoal. Não fará diferença no ouvido das pessoas. Mas foi o meu modo de dizer “caras, não concordo com esse reberb aí, tirem o meu nome da mixagem, coloquem como feito pela banda”. Mas fui eu quem mixou, sim.

Bloco – E quem é o teu baterista preferido?

Pompeo – Putz... Fudeu. Mas vou citar... Steve Gadd, naturalemente. John Bohan, naturalmente. Ringo Star, puta merda...! E meu pai diz que eu imito o Abe Laborial Jr... Vai saber. Na fila do show do Paul McCartney geral me zoava “olha o Abe ali” (Abe Laborial Jr . é o atual baterista da banda do eterno beatle).

Bloco – E, pra finalizar, da onde vem essa idiotice de ficar fazendo entrevista com você mesmo?

Pompeo – Ninguém nunca terá o culhão de me perguntar o que você está me perguntando. Ninguém nunca se interessará por me perguntar coisas além de “cite suas influências” ou “conte como a banda começou”, essas coisas genéricas do jornalismo preguiçoso. Eu tenho muito a dizer, mas ninguém me pergunta nada. E ninguém melhor do que eu mesmo para saber exatamente sobre o que eu quero falar.


                                                                                                                                                          Christian Camilo
"Eu tenho muito a dizer, mas ninguém me pergunta nada. E ninguém melhor do que eu mesmo para saber exatamente sobre o que eu quero falar". 

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Delírio e Destruição - Guilherme Moraes


Afinidade é metade do caminho para se produzir um disco. Eu e o Guilherme Moraes - o Guile, na escola; ou Hérnia, na faculdade - no esbarramos por causa do violão, é claro. Caso contrário, duvido muito que eu me envolveria com um cara perna de pau no futebol - o pior que já vi jogando. 

No terceiro ano de ensino médio do Colégio Batista de Campinas - exatamente no ano 2000 - o Guilherme estava no segundo, mas já tocava BRASILEIRINHO nos 220 bpm. Conhecia Bah e cantarolava pra lá e pra cá coisas do Chico Buarque, Djavan, Caetano e Gil. Daí eu repeti o 3° ano para provar para todo mundo que era sim possível repetir o último ano do ensino médio, e fui acabar estudando com ele e mais uma pá de gente boa que, alguns deles, até hoje são meus amigos. Mas esse post é sobre o Guile.

A gente sempre fez um som juntos. Numa gincana escolar caímos no mesmo time. Havia uma prova de música e tocamos Flor de Liz, do Djavan. Daí o outro grupo tocou e descobrimos algo terrível em comum - rir das coisas mal feitas. Coisa de moleque, é claro, mas que ainda fazemos sem perceber, ainda mais se tivermos sem o olhar acusador dos desocupados. 

De qualquer modo, começamos a fazer quase tudo juntos e ao mesmo tempo. Namorar, fumar cigarros, porres. Nosso humor podre era basicamente o mesmo. Guilherme gostava de fazer desenhos (nunca vou me esquecer do "Bicho de Pau Podre", do "Tiozinho Tarado do Pátio" e do "Pirulo Gozado - Uma Produção de Willie Wonkatarro"). Também sacaneávamos as minas escrotas e os caras escrotos (cochichando, é claro). Éramos moleques de primeira classe, desdenhando de nós mesmos por sermos uns puta zé ruelas. 

Anos mais tarde - bem mais tarde mesmo - o universo social virtual nos une novamente, num primeiro instante timidamente, via Orkut, migrando para o My Space somando com MSN MESSENGER. Foi aí que ouvi uma versão demo de "O Mar". De cara achei uma coisa peculiar, bem equilibrada, bem feito, de um puta bom gosto. Obviamente o cara que cantarolava Chico Buarque durante as aulas não faria qualquer coisa em seu trabalho autoral.

Guilherme estudou violão popular. Quando tá de saco cheio, esvazia descendo a porrada no violão 7 cordas. Tem uma afinidade incrível com a criação de solos de guitarra, levando as escalas quase a sério - com o pequeno detalhe de fazer exatamente do jeito dele. Apelidei-o carinhosamente de bunda mole - porque canta baixinho e toca baixinho. Foi preciso muito volume para captá-lo, talvez venha justamente daí a limpeza e o brilho de sua música. 

E - pasmem! - a maior banda de todos os tempos em sua opinião é o Led Zeppeling. O cara é roqueiro, ou roquenrou... Para ele, Jimmy Page é o "maior peidão de todos os tempos". Outra grande pérola é dizer "nada te impede de ser fã de Vinicius de Moras e ao mesmo tempo de Black Sabbah". Bem, pérolas é com ele mesmo. "Cara, músico é a pior raça que existe... Uns putas babacas metidos a besta punhetando ego de si próprio, falando mal disso e daquilo" ou "Oasis é uma merda" ou "A gente é foda" ou "bah, foda-se, ninguém vai ouvir isso aí mesmo" são o tipo de comentários que valem a pena passar horas dedicando seu preciso tempo para gravar as coisas dele. 

Nesse meio tempo conheço, através dele, Mariana Vasconcelos, outra bunda mole, pois acha que canta mal. Eu acho que ela tá de sacanagem. Sabe que, no fim das contas, canta pra caralho. Dona de uns olhos gigantescamente azuis e de cabelos que variam de cor de acordo com a estação ou de seu humor, Mariana é movida a vinho. Dê uma taça e ela canta com você. Dê duas e ela começa a pedir música. Dê três e ela canta alto o suficiente para o bar todinho parar o que está fazendo e aplaudir. Me lembro de dizer ao Guilherme "mas ela canta mesmo?", pois desde sempre era para a sua voz estar presente. E ele respondia "canta cara, é sério". 

Sempre fui desconfiado. Mas será? Falava para ele "a gente precisa fazer algo juntos", mas o meu instinto de artistas quase lá me davam uma adiada, sempre. Não sei explicar exatamente o que. Mas sei explicar exatamente o que me fez parar de adiar. Já no Facebook, Guilherme posta, via You Tube, um link de uma música dele, sob o título de "eu e minha capacidade de errar minha própria música". Tratava-se de "Senhora", um samba do crioulo doido feito por branco bunda mole querendo dizer tudo e mais um pouco para qualquer mulher que mereça esse título. De Senhora foi-se uma mensagem inbox - "cara, vamos gravar... tem mais música?". 

Ele tinha. Foi lá em casa e de cara mostrou "Acalanto". Uma quebra de tempo em seus compassos doidos. O mundo enigmático da genialidade morando no mesmo bairro que eu, e que lá em 2000 já mostrava suas veias poéticas, em desenhos, em sarros, nas notas das provas. Um cara extremamente inteligente e irritantemente humilde. Onde antes havia incerteza (será que há coisa boa aí?) hoje há a certeza absoluta de que a música merece atenção, um play e um replay. Ouça "Bonita" e entregue-se ao grude da coisa bem feita, do passo do guarda chuva, da guitarra axezeira quase nada a ver com rock and roll. Diga-me, de uma vez por todas, onde é que foram parar os apreciadores da boa música. Certamente estão por aí... Por aí...

O time: da esquerda pra direita - Ítalo Antonucci (percussão), Mariana Vasconcelos (voz), eu (produção e mais umas coisas) e Guilherme Moraes (o cara). 


Afinidade é metade do caminho para se produzir um disco. A outra metade é baseada em afinidade também, depois de conhecida as canções. O respeito mútuo pelo produtor. A capacidade de vetar a ideia do produtor (exatamente quando esse produtor está viajando demais). Tomar a decisão de não chamar nenhum baterista de verdade para não acimentar o trabalho (fãs de Aron Spears e Dave Weckl e CIA, me perdoem, mas acho que vocês não entenderiam). Tinha que ser um fã do Ringo Star e suas viradinhas para se fazer o samba manco de "Senhora" (as senhoras mancam, na maioria das vezes), o frevo atrasado de "Bonita", o ataque maloqueiro e preguiçoso de "Multidão". É rachando a pedra que lapidamos o diamante. Pode demorar o tempo que for, mas no fim das contas é sempre um grande prazer ter seu nome associado a um trabalho tão bonito. Não há outra palavra - BONITO.

Muito bonito.


aqui você puxa o disco




sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Tulipa Ruiz no SESI AMOREIRAS



No dia 9 de agosto de 2012 eu postei meu parecer sobre o segundo disco da Tulipa Ruiz, "Tudo Tanto". Quarenta e nove dias depois (se eu não errei na conta) estou lá, sentado acho que na oitava fila, no corredor de um teatro bem bacana que eu nem sabia que existia na minha cidade - o SESI Amoreiras, Campinas-SP. 

A começar pela grande dádiva do valor da arte (ainda mais uma arte do cacife de Tulipa) - de graça! E  eu achando que seria o único interessado em conferir a continuação de Efêmera ao vivo. Da última vez que a vi, Tulipa gozava do sucesso da já citada "canção-tútulo". A coisa ainda um tanto nova. O sucesso rondando na cara, no palco, no publico. Para mim, como espectador, tudo desconhecido. Fui a convite de minha mulher - "vai ter Tulipa, aquela moça que canta aquela música tal, que eu ouço quase todos os dias... Não quero ir sozinha, vamos comigo?". Ora, mas é claro... Gosto de música e o show, naquela época, custou três mangos... Fui surpreendido e passei a ouvir Efêmera todos os dias por uns 3 meses. 

Daí a cantora consegue patrocínio da Natura (até onde li) e grava mais um disco. E tudo está relatado no post de 9 de agosto. 

O tempo que separa Efêmera de Tudo Tanto é o mesmo que separa o "muito obrigada" do último show para o de ontem. Fila tranquila, povo muito educado (dá orgulho de estar lá), gente bonita e respeitável. O teatro se abre, todos sentam. Um aviso sobre segurança e suas portas com travas. Lá fora aquele puta frio de oito graus com sensação de quatro. As luzes se apagam, o irmão dela entra e pega a guitarra, o pai dela faz o mesmo. Os dois amigos no baixo e na bateria. Todos prontos. Até aí todo mundo batendo palma. Então a Tulipa aparece trajando um vestido preto com alguns detalhes brilhantes, com um ar de maluca mas não tanto. Nem sorri. Séria de meter respeito. A virada espetacular de bateria e começa-se o espetáculo que vale certamente uns cento e vinte reais. "Pode ser ou é". Absurdamente perfeito, uma competência de ensinar na faculdade de música com ênfase em palco. A banda, o que se vê, é de uma sutiliza pesada fora do comum. O looping rolando como o quinto músico - a aqui não me interessa teu pre conceito com quem usa isso, pois bem usado é tão lindo como uma harpa. Tudo que foi gravado no disco e que não há quem execute ao vivo está nos loopings, das dobras das vozes de Tulipa ao arranjo de cordas. A impressão que se dá é que apertaram o play do CD. O pai dela é de uma precisão que só os anciãos tem - seu vibrato nas cordas é bonito de ver. O irmão dela caça cada nota como se fosse a última coisa mais importante do mundo.

Aos poucos o olhar sério de Tulipa vai dando espaço aos seus comentários divertidos, dando a certeza de que ela é uma pessoa muito bacana e que o tempo deve passar tão rápido quanto o seu show numa mesa de bar junto dela. Fez algumas confissões quanto à letras e a equívocos de encarte e gravação. Falou que não tocaria Efêmera: "Vamos desapegar gente, para nós também é difícil". E, o que mais me chamou atenção, dizendo que a primeira vez que esteve em Campinas foi no SESC, como artista secundária, tocando na piscina para um povo que estava mais preocupado em nadar e tomar cafezinho do que ver o seu trabalho, e que estar ali naquele momento era muito gratificante. 

O que será daqui pra frente? "Ah, eu não ligo... Vou lançar mais um disco, e os críticos vão meter o pau. E mais um e por aí vai". Penso "mas como é que deve ter gente metendo o pau? Ela está se gabando, só pode". Ela diz "sabe-se lá... quando eu tiver velhinha vou estar cantando ainda" e aqui ela imitou a própria voz tremula de velhice "vou ficar mais um pouquinho" tirando risada de todos os presentes. Daí aquela pausa e diz "ou não". Um show intimista que quando chegou em Brocal Dourado fez todo mundo ficar de pé e os mais empolgados irem ao pé do palco. 

Cara, a Tulipa é muito foda. 

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Black Sabbath, 1970





Difícil... Muito difícil falar sobre isso. Nesse momento estou ouvindo “Black Sabbath 1970” e muita coisa se passa em minha cabeça. Os sinos, o vento, a chuva. Ozzy cantando como se fosse marido da Dona Morte (aquela do Penadinho, lembra?), todo mundo um tanto calmo, mas absurdamente sinistro; Tony Iommi fazendo da guitarra algo muito além do que simplesmente tocar. Tente expressar com palavras – arrisco-me a dizer que o peso que tanto caracterizou uma era vinha praticamente do falante do seu amplificador. É claro que, como banda, todos tinham seu peso, sua evidência. Mas o timbre de Tony...

Em 1970 o mundo era um tanto do sonho que vivemos hoje (claro, depende de tua idade e do que você considera ser um sonho). O rock, em seu caule, era ousado e pesado. Mas não barulhento e agressivo. Alguns chamam isso de hard rock. Eu chamo de evolução. Não consigo imaginar Ozzy e Tony pensando “precisamos fazer algo de diferente, algo que o mundo ainda não ouviu”. Imagino que a coisa simplesmente aconteceu. Ingredientes num caldeirão fervendo. Asa de morcego, unha de porco, terra de cemitério. Contos do túmulo. Junta a galera em volta da fogueira e vamos enxergar a diversão no crepúsculo.

Há de se entender que algumas pessoas simplesmente não dão a mínima para demônios, diabos, anjos, céu e inferno. Algumas pessoas até fazem disso o seu ganha pão. Falam disso como se fosse a coisa mais natural do mundo. Se você parar pra pensar, realmente, coisas que assustavam o povo antigo pode não fazer muito sentido hoje em dia. Vivemos num mundo onde o terror é outro, é bomba, é corrupção, é assalto, é assassinato, causados pelo próprio ser humano, e que algumas pessoas justificam tudo isso dando créditos ao tinhoso. De qualquer modo, até os assassinos amam. “My name is Lucifer, please take my hand”. O que isso tudo pode querer dizer são outros mils (pra não dizer quinhentos), o importante é que assustou e ainda assusta uma multidão de gente que, só de pensar em Ozzy e companhia, treme dos pés à cabeça.


Quanto à música que há nesse disco, ela é brilhante, é luz. Um diamante que reflete a claridade de um mundo recheado de mistérios, de uma vida dosada de bem e mal. Ozzy canta muito, preciso em suas notas. Tony é direto, o tipo de guitarrista que deu as mãos a tantos outros e influenciou toda uma geração de guitarristas que vieram depois. Geezer Butler e Bill Ward completam o álbum de figurinhas.
Em muitas de minhas viagens sem sair do lugar, estive com Guilherme Moraes enquanto ouvíamos Black Sabbath nos monitores do estúdio e ele berrava e apontava para os falantes, como se ali estivesse acontecendo uma performance ao vivo: “o que me entristece é o pré conceito musical que há em alguns caras, pois o que há de errado em apreciar isso e ao mesmo tempo um, sei lá... Vinícius de Moraes?”. Não vejo nada de errado nisso. Não é ser eclético, é ser justo.

A nova música pulsa. A nova era. Pulsa de dentro pra fora, de fora pra dentro. A música nunca estagnará. Ela sempre terá suas ramificações, seus caminhos, suas encruzilhadas. A música dá cor à vida. Mesmo se ela for escura, onde não há como enxergar as cores. Mesmo que seja um sábado escuro, enegrecido, há luz nisso tudo. Muitas vezes é na escuridão que enxergamos além, pois deixamos de usar os olhos e passamos a usar os ouvidos, nosso grande órgão, nosso mestre, nosso guia. O velho é aquele que morre. A história é eterna. É nova, pois o tempo é só uma questão de ponto de vista.
Black Sabbath é um retrato perfeito da virada, do novo, do incomparável, do ditador de tendências. É o simbolismo do roqueiro que se veste de preto, com camisas de banda, com correntes, anéis.  É uma banda que faz parte da evolução e que contribuiu para essa evolução continuar na maré de tendências. O mundo agradece.

Dedico esse texto ao querido Danilo Bracalenti, o cara que me disse “Pompeo, você já ouviu isso?”, apertando o play em seguida. 

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Tudo Tanto - Tulipa Ruiz



Quando Tulipa Ruiz laçou "Efêmera" - 2011 - os "formadores de opiniões" rasgaram todas as cedas do universo em suas críticas. Eu, o mais crítico de todos os tempos, me deixei levar pela revista Rolling Stone (que é, até o memento, o veículo em que me mantenho antenado nos lançamentos apurados das grandes mídias, e podem me chamar de idiota por isso, estou cagando e andando), ao ler na edição de dezembro que "Efêmera" era o melhor disco lançado naquele ano.

O que pode estar em jogo é que me parece - sempre me parece - que os "formadores de opiniões" rasgam ceda, quando acho que deveriam usá-la para fumar. Eu usei "Efêmera". Fumei tudo. Não sobrou ceda alguma. O disco é simplesmente lindo.

Mas então ela lança "Tudo Tanto" - 2012. A princípio penso duas coisas: foi cedo, poderia esperar mais um pouquinho; e ela abusa do vibrato, o que me faz pensar que é absolutamente natural que muitas pessoas cheguem a achar sua voz irritante.

Também entendo a necessidade de continuar no trem, de pegar essa carona no tesão das coisas estarem dando certo. Ter condições de trabalhar com uma equipe séria e competente, um estúdio onde pouca coisa é limitada (ou quase nada). Diga-se de passagem que Gustavo Ruiz, na minha opinião, é o melhor produtor musical dos últimos 5 anos. É o único trabalho que ouvi em que consigo, de fato, ver o peso das mãos do produtor, sem que isso descarregue a genialidade do artista. Delays geniais, da esquerda pra direita, do jeitinho que adoro fazer em minhas mixagens.

Tulipa não é um produto. Não é uma passagem. Não é o tipo de canção que se canta enquanto faz alguma coisa. Tulipa fez o tipo de música em que você fica babando, sonhando, sorrindo, medroso, curioso. Tem momentos em que você se sente uma criancinha. Tem momentos em que você se sente um adulto velho, espremido pelos próprios conceitos mais bestas de todos os tempos. Tem horas que você deseja estar com ela, numa roda de amigos, tomando um vinho, sem precisar necessariamente falar de música (um assunto na maioria das vezes bem chato).

Ela é o retrato da mulher de verdade, da guerreira, da maluca, da séria, da não periguete, do conteúdo. Não é o tipo de coisa que se elogia só porque é mulher, como algumas bateristas que a gente só elogia pelo fato de ser uma pessoa frágil... Entende? Mulher... A mania de achar que mulheres são frágeis. Uma ova! Mulheres são o cérebro da humanidade. Tulipa é um pequeno retrato disso.

Sua voz parece um elástico. Estica, puxa, encolhe. Alguns momentos é grave e suave, como na canção de trabalho, "Ok", a única que tem certa referência ao "time que está ganhando não se mexe", o tipo de canção que parece ter vindo de "Efêmera". Ou estupidamente forte, a ponto de machucar, como em "Víbora", onde Tulipa respira e solta o berro, junto do verbo, dizendo "e você é o equívoco", de um modo tão violento, mas tão violento, que é sim insuportável, e se você ouvir apenas essa faixa, vai dizer que ela é ridícula, pois é disso que se trata, uma víbora, um veneno, um toque da cobra lustrada, do inevitável, da vida que machuca.

Em "Expectativa", Tulipa parece sorrir maleficamente, dizendo que tudo o que você viveu não é nada, que ainda vamos pirar de vez nessa vida maluca recheada de expectativas e esperanças, mesmo que você se apegue nas coisas que fazem parte dessa vida, sempre vamos viver sob expectativa, sempre vamos querer algo que não temos, sempre vamos correr pra lá e pra cá, e vamos, um dia, me perdoe a redundância, pirar de vez.

Ah, e tem Lulu Santos... Lulu dispensa apresentação. O curioso é que Lulu fica na mesma proporção que Tulipa. Ela não soa tímida, acanhada, medrosa, por gravar com um dos caras mais complicados da música brasileira. Lulu deve ser exigente, deve ter toda a sua bagagem expelindo pelos poros. Isso intimida. Tulipa tira de letra. Fica quieta, dando espaço ao fabuloso Lulu manter sua impressão digital na canção, até um "que o quê" a gente ouve antes do refrão, ao maior estilo Lulu de ser "hei sou foda e faço o que quero". Mas ela, ao ser requisitada na canção, que aliás se chama "Dois Cafés", vem que vem, como em todo o disco. Mesmo sabendo que cada um gravou sua parte vocal em estúdios diferentes, não há pesos e medidas na música.

Isso prova que a música no Brasil não é ruim. Não estamos entregues ao produto. Os produtores não estão gravando apenas o que vende, apenas o que que faz dançar ou pegar mulher na balada. Não estamos jogados ao esquecimento, não somos apenas adolescentes curtindo rock colorido. Isso tudo existe e sempre existiu e sempre irá existir. Mas a música refinada - e essa não é necessária graduação ou coisa do tipo para se ter acesso e ela, a música, não precisa ser complicada, pois é tudo uma questão de gosto - sempre estará entre nós. Sempre seremos agraciados por artistas como nós, que acham isso ou aquilo um grande equívoco, uma curva de rio, uma grande merda, e fazem de sua arte um presente para a humanidade.

Tulipa Ruiz e todo o seu time de impressionantes profissionais. Tudo Tanto. Meus sinceros parabéns.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Eu e a Política.

Vejo esse blog como uma casa de veraneio. Eu não tenho uma, mas como sou uma pessoa alienada pela própria imaginação, me vejo olhando para isso aqui como se lembranças pudessem serem tocadas. Entro na casa, abro as janelas para espantar o cheiro de mofo, sacudo a poeira dos móveis e deito numa rede da varanda. É assim que eu vejo esse blog.

Estamos na época de eleições para prefeito e vereador. Vejo, no Face Book, tirinhas e quadrinhos no que diz respeito ao povo que caga e anda pra política. Me sinto atingindo quando essas coisas acontecem, pois eu quase cago e ando para a política. Às vezes eu tenho que tomar cuidado com o que escrevo. Queria ter a capacidade de escrever como alguns amigos, que conseguem passar para o texto um tipo de raciocínio diferente do seu diálogo. Uma das coisas que mais me arrepiam é quando me dizem "poxa cara, vejo você falando em seus textos". Acho que é por isso que sempre sou mal interpretado. Tenho que tomar cuidado... Mas não vai ser o caso aqui, e acho que isso nunca acontecerá. Não sou eu que sou polêmico, são as pessoas que se sentem agraciadas em sua zona de conforto e ficam ali, ouvindo e absorvendo o que os outros dizem, sem ter o peito estufado para criticar. Eu quero ser o cara que apresenta a nova forma de pensar. E, quando me deparo com pessoas como eu, o colapso é inevitável.

O político - a pessoa que entende de ciências políticas - não vai conseguir, em hipótese alguma, colocar na minha cabeça suas ideias mirabolantes, assim como eu não consigo colocar na cabeça de um protestante que Cristo não é Deus. Não vai me convencer a achar que isso é a nossa salvação assim como não consigo colocar na cabeça de um corintiano que o São Paulo é mais time. Não vai por em minha razão que o protesto é a forma mais sensata de se passar uma indignação. Não vai me fazer sorrir ao dizer que parar o trânsito de uma rua importante em frente à prefeitura será a forma mais elaboradamente justa de chamar a atenção.

Mas é claro que não sou nenhum boçal a ponto de pensar que os políticos, os ativistas e os próprios candidatos estão perdendo seu tempo - muito pelo contrário. Acredito na utopia de um mundo melhor, onde as pessoas se tratem com mais respeito, mais vigor, menos "jeitinho brasileiro", mais dignidade. Acredito num mundo de direitos preservados, valores pessoais e intransferíveis, do "é proibido proibir".  Imagino um Brasil varrido da corrupção.

É aí que entra o problema. Acredito - veja bem, acredito - que o homem veio ao mundo para aprender, evoluir. Se você parar pra pensar, vai perceber que desde o começo de tudo (outra suposição não provável, veja bem... nenhum cientista consegue me fazer crer piamente no que ele crê simplesmente porque ele diz se tratar de uma ciência provável... O número pi, por exemplo, é um "mistério provável") estamos em constate evolução. Isso tudo um dia vai acabar. Até lá, estamos caminhando para a destruição ou para um novo passo. Nenhum homem é capaz de ter tal poder, mesmo que esse poder seja democrático (uma ova, okay?), pois o poder corrompe. E, se não corrompe, outros corruptos envolvidos o matam, o assinam. Foi o caso do melhor prefeito que Campinas não teve, o PT Toninho 13 - nunca esqueci seu slogan. "É na prefeitura que o PT vai bem, uh tererê, vote no PT".

A ficção trata diariamente do tema. Em "Game Of Thrones", Ned Stark é a salvação, o vereador, o prefeito que tanto queremos, insuportavelmente íntegro, cego pela própria devoção ao império, aos verdadeiros valores do homem correto. Seus deslizes são pessoais. Cumpre as leis, mesmo que achando exageradas e desapropriadas, ele as cumpre. E o matam!

Eu não acredito na integridade dos homens. Nós somos facilmente corrompidos, contra nossa própria vontade, contra nossos próprios valores. Mesmo que saibamos que estamos no caminho errado, porque certo é errado é questão de ponto de vista né... O Brasil é um país onde a coisa começa muito antes, onde sacolinha de supermercado é um assunto superestimando para obscurecer alguma outra coisa muito mais importante. O mundo tem que se salvar, conseguir passar para nossas crianças, de uma forma ou de outra, que o pre conceito é uma banalidade. Deveríamos ter um tratado de "certo e errado", como na época das provas do colegial. Nosso país é um lugar em que todo mundo quer ganhar uma fatia do bolo, quando o bolo deveria ser desprezado pelo bom senso.

Voto no cara que estiver disposto a morrer pelo o que ele acredita. Cristo foi assim. O Toninho, se soubesse que ia morrer (e ás vezes parece que ele sabia, como no dia em que ele morreu, dizendo "se algo acontecer comigo, teremos a primeira mulher prefeita de Campinas) certamente ele diria que estava disposto a morrer, e assim o foi. Mexeu no podre, na fatia do bolo dos vermes, dos mosquitos comedores de bolo fecal. Voto no cara que falar "eu vou morrer pela nossa utopia, e espero agregar um grande número de pessoas dispostas a morrem por isso, até que não haja mais gente no mundo para os corruptos regerem, até que o dinheiro perca o seu valor". Voto no cara sangue nos zóio, nos poucos que tiveram peito para enfrentar a ditadura, para enfrentar Adolf Hitler.

A pergunta é... Esse cara existe?

Meu voto, daqui pra frente, até que se prove o contrário, será nulo.

E que fique claro que esse é apenas o meu ponto de vista. Você, meu caro leitor, não é obrigado a pensar que nem eu.

Paz.


quarta-feira, 4 de abril de 2012

The Wall, o show.


O poder de Roger Waters é finito porque ele é um homem. Um ser humano que usou vibrações de outras dimensões para compor seus clássicos. The Wall é, antes de qualquer coisa que vimos nesse ultimo domingo - 03/04 - um disco. 

A visão do artista é profunda, enigmática e acessível. Digo acessível porque a coisa não é complicada. É claro que o conceito de The Wall é recheado de caminhos compreensíveis - e incompreensíveis - e poderíamos fazer aqui uma analise sobre o disco em si. Mas não é o caso. Basta entender que Roger Waters está nos dizendo: Tirem a bunda da cadeira, lute, pense, diga, reaja. Não seja um idiota. Estamos morrendo nesse mundo jogado à eterna zona de conforto, onde coisas injustas saem nos noticiários e no dia seguinte já foram esquecidas. 

É o caso do que aconteceu com Jean Charles na Inglaterra - Roger não esqueceu. 

O disco é atual, embora fora escrito imaginado nos tempos de segunda guerra. Ainda vivemos a guerra e seus ecos. O militante é aquele que vê injustiça invadindo nossas casas e quer ver um mundo melhor, mais justo, mais coerente. Geralmente os militantes ricos não são levados muito a sério. Roger é trilionário, vive num mundo capitalista que parece não prejudicá-lo diretamente, mas sim indiretamente. E é aí que a coisa fica grandiosa. 

O show é um espetáculo que foto ou vídeo algum no face book ou you tube conseguirá mostrar. De qualquer lugar do estádio, o espectador e fã devoto sentiu na pele, nos ouvidos, nos olhos e no coração o pânico mesclado com doçura e lucides. O muro, que na técnica era um telão que cinema algum no mundo reproduzirá, revelava a face emblemática do gênio. Sua voz é perfeitamente e assustadoramente a mesma. O cantor que faz as vezes de David Gilmour parece ter nascido com o mesmo DNA nas cordas vocais. As guitarras e seus timbres exatamente como ouvidos há anos no disco estão lá, deixando claro que Roger não renega seu passado com seus companheiros do Pink Floyd. Fica a dúvida de até que ponto o gênio é dono de todas os caminhos percorridos. 

O professor gigante olhando para nós enquanto berramos, em alto e bom som, num vômito de frases impactantes, tais como "Hey, teaches, leave them kids alone", é de repensar sobre a educação que ainda dão aos nossos filhos - não apenas os professores, mas também os pais. Quando Roger canta para a mãe em Mother, e a mãe diz "é claro, mamãe vai te ajudar a construir um muro", nós sabemos que todos nós precisamos de um ninho. As frases são enigmáticas mesmo. Ele diz, bem no começo, em In The Flesh: "Isso não é o que você esperava ver?" e é exatamente o que queríamos ver, lembrando ainda que o um disco você não vê, você ouve, dando a entender a mescla das ideias, tanto no disco quanto no show. O porco sobe sobre o pessoal da pista, e um dizer curioso em português: MUITA FÉ, POUCA LUTA. Os efeitos sonoros te dão a impressão de que há uns dez helicópteros em cima do estádio - MUITO ALTO, alucinante. 

O muro é claramente uma referência ao Muro de Berlin. Quando no efeito de telão, vê-se a cor dos tijolos envelhecidos e pichados. Ou então vira um pano para cenas de filmes. O muro fecha e banda fica atras dele. Roger aparece e se você já havia sido impressionado, impressiona-se novamente. Os bons e velhos palavrões soltados pelos fãs quando Roger toca no muro e um efeito indescritível abre um buraco iluminado. Roger interpreta o show todo, como um ator. Um completo artista, que de quebra escreveu grandes discos com o Pink. E, no fim, nem precisava ter caído o muro. Mas foi necessário. A quebra do muro é um alívio, pois a experiência chega a ser tensa, porque a vontade é de parar o tempo e ficar vendo aquilo por mais umas quatro horas. 

Esse show é uma soma de música e visual. Perfeitamente equilibrados, coesos. Os deuses do rock agradecem a mais uma aparição de um Titã. Só podia ser perfeito. 

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Os Melhores filmes do mundo


Mais uma vez, essa é apenas uma forma de expressão baseado em meu próprio gosto, não significa a verdade absoluta. 



Como pode ver, se você andou lendo meus textos ultimamente, mudei a fonte. É como cortar o cabelo, muda um pouco mas continua a mesma coisa. Ontem pela noite, no banho, fiquei pensando em quais seriam os melhores filmes que vi na vida. Vieram tantos na cabeça. Tantos que tive que tica-los num bloquinho que ando escrevendo as letras e anotações do próximo disco do Oito Mãos. Enfim... Lá vamos nós para mais uma viagem sem noção, coisa que ninguém perguntou, sabe? 

Antes de mais nada, na minha lista tinha alguns filmes dos posts "Os Melhores Filmes de Porrada" e "Os Melhores filmes de Terror", então não vou falar sobre eles, já que já foi elaborado uma ceda rasgada em prol dessas películas. São eles: O Exorscista; Rock Balboa; O Grande Dragão Branco; Karatê Kid; Falcão - O campeão dos campeões. 


Ok, então...

Os Goonies - Não lembro o nome dos personagens, infelizmente. Mas não acho necessário dar um Google para isso, porque não vai fazer diferença. Era o gordinho (sempre tem um), o maluco (sempre tem), o forte irmão do esperto (sempre tem isso também e o esperto também tem), o japonês (que é fera em alguma coisa que ninguém mais é)e as mina (sim, no plural com singular, do jeito que os mano fala tá ligado?) - a gata e a estranha. Uma história qualquer daria certo, desde que haja a evolução carismática dos personagens, coisa que naquela época neguinho fazia mesmo. Um marco na minha geração (sou de 82). Um filme que dá vontade de chamar a galera e dar aquela volta no bairro caçando problemas por tudo quanto é lugar. 


Conta Comigo - A amizade é intrigante. Não se entende, não se sabe o que sente. Os mais românticos falam no amor... Sei lá. Atá acredito nisso, mas quando a criança é durona, é capaz de certas coisas duvidosas, coisas que só acontecem nos filmes... Ou não. Os quatro amigos, assim com nos Goonies, partem para uma aventura contada num clima nostálgico pelo protagonista. Um elenco de primeira. Frases de primeira. Trilha sonora de primeira. O cigarro longe dos pais, as regras estabelecias por eles próprios, os contos (o do gordão vomitando na galera é inesquecível) morte, vida e quem é melhor: Superman ou Supermouse?


O Poderoso Chefão - Pô... até hoje meu pai dá o dedo mindinho para mostrar a soberania na minha família. É claro que ele faz de sacanagem, mas a sacada é o significado da palavra respeito, este que, na trilogia de Mario Puzzo dirigida por Copolla e estrelada por Pacino, De Niro e Brando, é algo conquistado na base do mais frio e calculista meio possível. Matar, seguir um padrão de regras, debochar do "poder", é coisa de gente fria. Aquele olhar sereno de Michael, aquela soberania de Vito, o ódio esplêndido de Sony, o raciocínio de Tom... Uma família aparentemente no controle. Um crime aparentemente organizado. Um poder que pula de gangorra, no qual o Estado parece nem existir. Junta isso tudo com uma história pra lá de prendedora, tem-se um dos maiores filmes de todos os tempos. Hollywood não precisa ser burra para vender. O Poderoso Chefão é uma prova disso. 


Gladiador - Sabe... É a coisa do poder sendo enfrentado pelo mais fraco. A coisa da humilhação. A coisa da monarquia sendo massacrada pela ideia da república. A inveja, soberana sobre todas as virtudes. Sim, inveja é uma virtude! Ela te faz repugnar todas as coisas belas, todas as coisas que incomodam. A vaidade é outra virtude! O pecado é uma virtude! Ou você acha que um homem cresce na vida apenas sendo bonzinho? No caso de Gladiador, nem o bandido e nem o mocinho são bons. É uma questão de justiça, essa que é cega e infeliz. 


Matrix - "Suas escolhas já estão feitas, basta você entendê-las..." Com essa frase do Oráculo, meu modo de enxergar o Livre Arbítrio criou um amplo sentido. Se Deus sabe todas as coisas, então não há livre arbítrio. Se há livre arbítrio, então Deus não mexe pauzinhos nenhum, ele fica lá em cima, apenas existindo. Sendo que todas as escolhas já estão feitas, num modo irreversível e insubstituível, mesmo que na vida nós tenhamos a ilusão dos caminhos a seguir, nossos passos estando já traçados (pois não somos nada na humanidade) e compreendê-los, senti-los e aceitando-os, tudo faz a porra do sentido. Duvida? Pense em sua vida há 15 anos... Os passos que você deu e os caminhos que percorreu... Teria como, em alguma hipótese, ser diferente? Cheears, Matrix!


O Exterminador do Futuro - O conceito de inteligência - segundo vi no Discovery Channel - é o "penso, logo existo". Creio, de um modo ou de outro, que as máquinas têm condições de criarem inteligência. O problema é a falta de emoção, essa que interfere os seres humanos a agirem, num misto confuso de razão e emoção. Uma máquina teria condições disso? O que pode acontecer se elas se revolucionarem ao botão on, off? No filme, o roteirista traça a história dos responsáveis e envolvidos nessa revolução. 


De Volta para o Futuro - O futuro, o passado e o presente. O homem nunca entendeu isso direito. Esse filme, em particular, fala do assunto com uma propriedade surreal, te dando a notória certeza de que viajar no tempo seria daquele jeito. Tudo é altamente apaixonante nessa história. Hoje em dia o filme é ainda mais loco, porque os anos 80 já não existem mais, fazendo parte de uma passado distante. E o ano 2000 também é uma grande ilusão, uma coisa que o homem ainda espera que vá acontecer. A máquina do tempo é algo útil, mas de um perigo sem prescindentes. Interferir nos caminhos já escolhidos... Seria como brincar de Deus, negligenciar o livre arbítrio, ignorar as regras da vida pura e absoluta. Seria, como é no filme, uma grande aventura!


Batman, o Cavaleiro das Trevas - Não só pelo Coringa, mas pela obscuridade que o enredo proporciona. Ele não começa "tá tudo bem", "fudeu", "ah, agora tá beleza", como é a franquia de Missão Impossível... Esse filme é todo: fudeu!!! Uma fotografia escura, mas não forçada. Uma trilha que parece que só eu percebi que existe, pois toda vez que to vendo o filme com alguém, eu pergunto "tá ouvindo isso? tenso", e ninguém saca. Perceba que toda vez que fica tenso, há um barulho estranho que o diretor coloca ali para dar um clima melancólico e insuportável, principalmente quando o Batman interroga o Coringa. Eu chamo de trilha, porque dá a impressão de que foi usado algum instrumento, sei lá... O crime perfeito, a insanidade do poder, a procura da justiça feita as próprias mãos. O melhor herói, o herói humano. 


A Procura da Felicidade - A vida é uma merda para muita gente, porque simplesmente parece não ter felicidade. Felicidade é um estado de espírito, baseado em suas conquistas e derrotas. A gente releva algumas coisas, engrandece outras. Mas e quando tudo dá errado? Há luz no fim do túnel? Deus é tão cruel assim? Há algo para aprendermos? A luta só pode ser vencida por quem está passando pela batalha. Ninguém vai mexer uma palha por você, e se se fizer, estará devendo. A gentileza deveria ser regra na constituição, pois ela gera boas novas. Um corre aqui, outro ali. Chorar é preciso para não explodir. Viver é preciso para não sucumbir. Quando a coisa tá apertada, é melhor ser forte e saber que a felicidade está sempre a teu favor, basta você enxergar longe. 


Amor Além da Vida - Foda-se a crença religiosa. O que vale nesse filme é a frase do protagonista: "Por ela, eu vou até o inferno". E ele foi, de fato. Depois deixa claro que nunca vai desistir da sua amada. O amor, piegas na maioria das vezes, cafona em todas as vezes, é visto como brega ou coisa que o valha. Nos tempos de hoje, crer que existe a pessoa que nasceu para você é coisa de filme mesmo. Mas, mesmo nos filmes, o amor é irresistível. Eu sou uma pessoa completamente aberta ao amor em todas as suas formas e valores. Lutar pelo o que se acredita - muito além de valer a pena - é coisa de pessoas fortes. Desistir é para os fracos. 


Uma Lição de Amor - Lindo de cabo a rabo. Para ajudar, a trilha sonora é dos Beatles (releituras) e o protagonista, um cara que tem autismo, é fanático pelos Beatles. Aqui não só se trara de lutar pelo amor, mas sim de que tudo o que precisamos é de amor, uma das frases mais felizes de John Lennon. Mais uma vez a gentileza está em risco, mostrando o seu valor. A vida é um emaranhado de coisas, entrelaçadas por pessoas que entram em nossas linhas do tempo, onde cada um é absurdamente único e tem a sua jornada protegida por sete chaves pelo o poder da mente - essa que ninguém consegue ler. O que isso tem a ver? Tem tudo a ver, pois esse filme é mais uma história de superação emocional, onde devemos nos preocupar com o andar da carruagem que cada um persegue, todos os dias. Ah, lembre-se: sempre que passar ao lado de uma pessoa, dê bom dia, boa tarde ou boa noite. 


Curtindo a Vida Adoidado - Eu prefiro chamar esse filme carinhosamente de "Save Ferris". Um tremendo cara de pau, mas irresistível. Pois o lema dele faz sentido, ô se faz. Foda-se essa merda! Nem que seja apenas por um dia. O filme é friamente calculado no time da comédia - se é que isso é algo para ser levado a sério. Não há drogas, não há álcool, não há cigarros, não há putaria; apenas a boa disposição dos personagens em serem completamente non sense. O diretor da escola é o Skinner (dos Simpsons), só pode ser! Só se fode, e a cada fodida que ele se mete, é de doer o queixo de tão engraçado. Ferris e seu amigo que tem um pai que tem um Porshe (ou seria Ferrari?) são unha e carne, a ponto de se conhecerem perfeitamente e saberem os limites um do outro. Mais um filme bacana que fala de amizade e curtição sem forçar a barra. Ah, e tem Beatles!




Um Lugar Chamado Nothing Hill - Desculpem o comentário, e podem me chamar de homofóbico, não tenho que me explicar para ninguém.... Mas esse filme me faz parecer um viadinho. Toda vez que está passando eu paro para assistir. Minha mulher já sabe, tá na grade da programação, esqueça... Vou assistir! Esse filme é ridículo, mas eu ao adoro de uma tal forma... Não sei dizer ao certo a razão. Talvez o humor sarcástico do britânico, talvez aquele Spike ser tão desdenhosamente irresistível, talvez por ser o papel mais simpático de Julia Roberts, talvez por ter aquela coisa da amizade mais uma vez - podem perceber que sou profundamente tocado pela boa socialização. O clima do bairro londrino Nothing Hill ou a casa com a porta verde bem ao estilo inglês... Uma livraria, uma cafeteira, jantar regado a vinho e piano... Não tem a porra do sonho americano? Então, enfia no cu... Gosto mesmo é desse sonho inglês. 


Mudança de Hábito - O que os produtores musicais fizeram com as músicas tradicionais cristãs foi algo de tirar o chapéu e bater palma por 10 minutos sem parar. Deve ter algum significado especial a coisa da transformação. E, de uma vez por todas, não há barreiras entre o secular e o evangélico, toda música é divina, queria você ou não. Uma pecadora chegar chutando o pau da barraca numa igreja e transformar o que era um tédio num grande louvor feliz e gratificante, isso é coisa para poucos. E, acreditem, isso acontece! O louvor é coisa séria e o testemunho não é o que você faz fora da igreja, mas sim o que você faz estando dentro da igreja. Na continuação, Lauryn Hill e cia arrebentam no caminho entre humildade e agressividade. Não é um musical - mesmo porque eu odeio musicais - mas sim um filme que mexe com quem já esteve desbravando seu instrumento em nome do criador. 


Jurassic Park - Os dinossauros são reais! A carne do T-Rex é texturizada. Não há computação gráfica sobressaindo e ofuscando a imaginação do diretor, que é passada diretamente ao expectador. Quando esse filme saiu, eu fiquei perplexo. Eu era uma criança e fiz minha mãe me levar no cinema. Fizemos contagem regressiva para a estréia do filme. Na capa da revista Veja, Spielberg entre as patas de sua criação. Todo um alvoroço que não foi em vão. O resultado é absolutamente real, pavoroso e divertido. Ninguém mais conseguiu fazer isso e o que mais me espanta é que foi utilizada uma tecnologia ultrapassada. Você pode alugar o filme em HD e vê-lo numa tela mais foda de todas e duvido que vai achar um erro de digitalização ou coisa parecida - algo que aparece até mesmo na visual de O Senhor dos Anéis (não estou comparando, mas já comparando...). Peter Jackson é fantástico, mas foda mesmo são os robozinhos de dinossauros criado por esse que já veio fazendo história em E.T.


Irreversível - Tenho um grande amigo que morou por uns anos na França. Ele viu esse filme lá. Então um dia ele veio para minha casa. Estávamos a toa, zapeando a net, quando vimos a chamada do filme "a seguir, Irreversível". Ele exclamou, bem carioqueix : "Mermão, esse filme é sinixtro!" A começar pelas cenas iniciais que dá enjoo por causa das tomadas da câmera, o filme já te deixa tonto. E o decorrer da vida dos envolvidos, de frente pra trás, deixa claro que as coisas acontecem por que têm que acontecer e não há nada que você possa fazer para impedi-las. Um filme altamente repugnante, chocante e impressionante. Uma viagem a podridão humana e ao que o homem é capaz de fazer pela total falta de bom senso. Um bom exemplo sobre as consequências da falta do amor na vida de certas pessoas. E, também, sobre o que somos capazes de fazer quando mexem com nossos queridos de um modo injusto. Mais uma vez, a justiça é completamente cega. 


Meia Noite em Paris - Já dizia Sandra de Sá: "Que tempo bom que não volta nunca mais". E Cazuza "Eu vejo um museu de grandes novidades". A nostalgia é a nossa maior ameaça. Ficamos cegos com as grandes novidades do mundo moderno. O novo já nasce velho. Qualquer filme de Woody Allen é garantia de diversão. Mas eu não sabia que ele também era capaz de sedução. Sedução no sentido de ver a história e ver uma profunda semelhança com sua vida. Ou seja, eu não estou sozinho nessa. Não se faz mais nada como antigamente. Sinto saudade de um tempo que nem vivi. Tudo no passado me parece mais saboroso, sincero. É por isso que quando você vê algo do passado na sua frente, mesmo que ele esteja velho e cansado, a energia da glória está presente, e não há outro resultado senão as lágrimas. E, como uma avalanche retrocedida, sempre vão falar em nostalgia, pois uma coisa influencia a outra, e por aí vai. Nunca estaremos satisfeitos. Os grandes alicerces e tijolos que moldaram a história da arte sempre serão os grandes, os perfeitos, os mestres. Não é uma questão obvia de pioneirismo, mas sim de culto ao seu molde, até o fim dos tempos, amém. 






Há tantos outros filmes...


















quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Os Piores Filmes do Mundo.



               Isso é um post baseado no meu gosto. Se você não viu nenhum dos filmes apontados aqui, não se preocupe - você não está perdendo nada. 


Piranhas - Americano continua achando que a fórmula do sucesso é peito, bunda, festa e sangue. Mesmo porque o sucesso, para esses caras, deve ser a conta bancária engordando a cada lançamento. Eu adoraria ver uma reunião de negócios no que diz respeito em pauta o lançamento de filmes ruins, que subestimam a inteligência do público. É que nem música... Sempre haverá público para esse tipo de película. No meu caso, a curiosidade me levou a parar no Telecine (é aí que eu gasto meu dinheiro) para ver esse incrível enredo de piranhas mutantes num lago tal de uma cidade tal no tal país de estados unidos. Eu não sabia que haviam piranhas naquele país. A coisa é de tão mal gosto que nem as tripas para fora ou a mocinha gostosa decapitada ou o fortinho partido ao meio deixando exposto sua coluna vertebral me deixou chocado. Nada é de chocar. Bem, na realidade o chocante é o nível dos atores, o nível dos romances repentinos, o excesso de nudez e erotismo. As piranhas mutantes são verdadeiros monstros Pré-Históricos inteligentes e tudo mais, famintas por sangue e carne. Junta isso com uma completa falta de noção do ridículo e temos o resultado. Sofrível.  

FIM DOS TEMPOS - É outra piada infame de muito mal gosto. Nada é explicado (se há uma explicação, a hipótese das árvores terem um certo complô entre os humanos só é considerável nos filmes de Peter Jackson e etc). Uma toxina que deixa a galera doidona? Um casal com o relacionamento à deriva? Uma menina que precisa de proteção extra? O problema de filmes desse jeito é que quando há o desastre, tentar romantizar e sintetizar o instinto de sobrevivência do ser humano em padrões de Hollywood, o resultado é sempre um desastre. Aliás, filmes de desastre geralmente são superfulos e com finais "oh God, why?". Eles acham que somos estúpidos. É por isso que temos mania de dizer, com um certo orgulho no peito, que americano é tudo idiota. Não são burros, de modo algum. Fazem os melhores efeitos do mundo. Mas em questão de conteúdo, é quase raro se deparar com um filme passa tempo inteligente. E, para ser inteligente, não precisa ser difícil. 

AVATAR - Toda vez que um filme faz um puta sucesso - ainda mais quando a coisa dele é o visual - eu penso "la vem merda". Ok, visuais são foda. Mas tem o céu aí do teu lado para ficar viajando apenas em visual. Filme tem que ter conteúdo convincente. Clichês existem para serem usados na medida do possível, para ter aquele leve tom de familiarização, aquele deboche de nós mesmos, aquela coisa de tirar um sarrinho com o próprio ser humano. Clichês reais, não uma lista de "o que vende e o que não vende". James Cameron tem capacidade para chamar roteiristas mais competentes, que é o caso de "O Segredo do Abismo ou "O Exterminador do Futuro". Absolutamente tudo que há em Avatar, menos o visual, já foi visto. Esse filme é uma grande perda de tempo, porque não acrescenta nada, não muda nada e você não sai da sala de cinema viajado no filme. Tenho sérios problemas com coisas "já te vi".

Marley e Eu - Esse filme é lindo? Peraí... Tá de sacanagem né? É a mesma coisa que colocar Didi Mocó no meio de um monte de moleque chato pra caralho que só querem saber de quebrar tudo e fazer a maior zona e colocar um finalzinho merreco de arrancar lágrimas (ah, as mulheres se derreteram). O cachorro é um pentelho! Dennis, o pimentinha em quatro patas. Um bicho desse não é bonitinho, é caso de psiquiatria canina. Mas aí o foco vai para o protagonista... Mas quem é o protagonista? O Marley ou o Eu? Aí o cara entra em crise existencial de ego tripp no trampo dele, aí tem a mulher que engravida três (TRÊS) vezes. Aí a criançada toda cresce pra caralho o Marley ainda tá vivo! E vai aquele num fode e não sai de cima até a porra do cachorro ficar velho (não bastava morrer de velho) e tem que ser sacrificado? E tem a continuação? Aff.


Deborah Secco em Bruna Surfistinha -  É esse mesmo o nome do filme, não tem outro. Os seios de Deborah Secco são os dois protagonistas do filme, tudo gira em torno de mostrar o que tondos nós já vimos nas páginas da revista Playbloy. A vida da prostituta (porque chamar de puta é sacanagem... Puta é aquela que se entrega pro seu puto em quatro paredes) mais socialite do Brasil é de acabar com qualquer humor. Que novidade há no uso de drogas? Que novidade há em vidas regadas de baladas, sexo, dinheiro, dinheiro, dinheiro, dinheiro e dinheiro? Rock and Roll? Nem fodendo, o roqueiro dá seus toques para a sociedade, seja nos discos, em entrevistas ou em discursos nos palcos. Um filme que parece mingau de farinha de trigo... Com gosto de porra nenhuma. Pô, e precisa falar da atriz querendo ser sexy? Sexy de um modo forçado... O filme não presta nem pra deixar os marmanjos excitados, a lá Instinto Selvagem, uma coisinha mais ousada. Dá a impressão de que essa Raquel Pacheco é uma moça que veio ao mundo para nos fazer passar por papel de palhaço. 

A SAGA CREPÚSCULO - De duas, uma: Ou você é fã de carteirinha ou você odeia tanto que não consegue olhar para uma foto de Bella ou de Edward e não pensar "vai tomar no cu". Quando eu soube dessa história, uma amiga minha que dividimos gostos sobre histórias me contou sobre essa ae. Vislumbramos no que poderia ser alguma coisa no sentido de Anne Rice. Ela me fez uma resenha oral sobre o livro. Pensamos que era algo interessante, a coisa da mortal loucamente apaixonada por um vampiro, e que tem clãs de lobos numa briga sensata por amor, ódio e ciúmes. Ok. Um tanto macabro, me parece, com um leve toque de romantismo vindo de Lestat e Lowis. Não! Não, não, não e não! O filme é uma merda. Tudo é uma merda. O livro pode até ser bom. Estou falando do filme. Edward é uma gazela, uma fada, uma mentira, um sonho besta americanizado de meninas idiotas - aquela mesmo que a macharada fica babando no colegial, mas ela sonha com o do terceiro ano. Um bando de marmanjo pagando de adolescente. Uns vampiros nada assustadores, nem mesmo quando aparece o dente pontiagudo. Nem mesmo quando voam e saem detonado tudo. Um lobisomem que anda praticamente pelado? Wolverine mandou um abraço. Uma mocinha que não presta nem pra filme de bang-bang. Onde foi parar a inteligência de nossas meninas adolescentes? Onde foi parar filmes como "Titanic" e os seus galãs que interpretam com uma propriedade fora do comum? Imagina só como será daqui 10, 15, 20 anos... As grandes merdas que teremos que aturar em prol de grana e burrice alheia? Não to julgando quem gosta e se diverte com essas merdas, mas também não me dizer que é bom. 

Harry Potter e as Relíquias da Morte - Qualquer filme do bruxo foi lamentável. Mas o grande final... Eles conseguiram piorar e tenho o palpite de que esse era o objetivo. Eu li todos os livros, conheço a história e não acho a das melhores que já foi escrita. Por exemplo: "As Crônicas de Nárnia" - os livros - me agradam muito mais. Infelizmente a coisa da grana e do vendável é algo levado muito a sério por esses produtores. E eu duvido muito que o padrão de qualidade seja algo levado a sério. Duvido muito que eles não sabiam que estavam fazendo um filme de merda. Eles sabiam... O comércio estraga o raciocínio artístico. Poucos artistas se dão ao luxo de deixar o faturamento de lado e fazer a coisa com a razão, mesmo sendo um do tipo que lucra milhões e milhões. O prestígio que esse personagem alcançou através de seus livros foi por mérito próprio. Não precisava dar aquela pitada comercial. Seria o alvoroço? Harry Potter tornou-se um clichê dele mesmo. Draco Malfoy, em minha cabeça, é um cara muito mais filho da puta que passou nas telas, sendo que o mal impregnado nesse menino passou longe das expectativas. Harry, quado sarcástico, é um perfeito britânico em sua mais pura personificação do humor negro - isso não tem no filme. Hermione não é bonita. Ronny não é um pateta. Voldemort é mais egocêntrico, muito mais! E por aí vai... Um acerto aqui, um erro ali, uma cagada no final.