quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Batman, o herói que não existe.


Gente dedicada faz a coisa certa.

Isso serve para o Batman, isso serve para o Christopher Nolan.

Num primeiro momento temos a história contada através de mentes brilhantes. Pro inferno os amantes dos quadrinhos. Esse filme foi feito para os amantes de filmes, para os que gostam de uma boa trama policial e suas conclusões emblemáticas, daquelas de fazer a gente ficar pensando um bom tempo depois que os créditos sobem na tela. No meu caso, tive que vir imediatamente escrever sobre, após perder a versão cinema e assistir (com uma boa carga de atraso, confesso) na minha televisão LCD amparada pelo excelente Blue-ray do meu PS3. 

Diga-se de passagem que o Coringa valeu pela trilogia. Não há um psicopata a sua altura e nunca haverá uma mente hitleriana tão ofensiva quanto ao do palhaço interpretado pelo inesquecível Heath Ledger - isso é indiscutível. 

Outra coisa que me surpreendeu foi o bico calado das pessoas que iam assistindo o filme. Apenas diziam "é demais, é fenomenal" mas nunca entregando o jogo, sabendo que, se contassem o que acontecia, privaria o próximo de uma experiência inspiradora, a mesma que me trás as palavras aqui. O filme e seu desenrolar, em si, é superável. Tantos e tantos foram feitos. Mas  a conclusão, ah, a conclusão! Tudo bem que grandes expectativas geram grandes decepções, então se você ainda não viu esse filme, não gere as melhores. Mesmo porque eu duvido que você que está lendo esse texto ainda não viu. De qualquer modo, foda-se.

Nolan é da leva dos grandes profissionais que sabem gastar dinheiro. Não é um desperdício de conta bancária. Ele nos brindou com um marco, conseguindo fazer melhor do que já foi feito. Do inesquecível Batman de Tim Burton, Nolan apenas melhorou - esqueçam Joel Schumacher e sua tendência colorida, aqueles foram tempos nada sombrios, esbanjando otimismo. Batman é da escuridão, é da feição sem sorriso, do sorriso irônico, é sobre perder e nunca ganhar. É doar no piloto automático (puta merda, piloto automático!!!). 

É difícil falar desse filme porque citar os ocorridos seria acabar com as surpresas, e são elas que nos brindam. Ainda bem que existem mentes brilhantes com capital de sobra para fazer essas coisas absurdamente geniais e gigantes. O mundo agradece. 



Batman é o tipo de herói real. Seu poder é o dinheiro. O verdadeiro poder, as verdinhas. Será mesmo que teríamos um playboy que arrumaria nossa cidade? Que varreria os corruptos? Que daria muita porrada nos Dirceu's e Sarney's e Maluf's? Nos traficantes que tentam, dia ou outro, matar a polícia com verdadeiros atentados terroristas? Será que daria certo um cara com tanta grana que faria armas e aeronaves mais qualificadas que as do próprio governo e, assim, levar paz aos morros do Rio? Um cara sangue nos zóio para dar esperança ao povo? 

Isso não existe. Ninguém pode nos salvar do nosso inevitável fim, da nossa inevitável pré-disposição ao mal. Não existe tal coisa e não imagine que há gente disposta a colocar as mãos na lama para manter a sua limpa. É por isso que o mito de Batman, o homem-morcego, o faz tão peculiar. Trata-se de uma história real, é o Tropa de Elite americano, o sonho do herói do povo, que não vê credo ou time de futebol ou raça ou grana - ele vê moral e justiça. 

Que o herói que há em todos nós, na imaginação das telas de cinema e da sua casa, nos lembre do quão limitados somos e, por isso mesmo, nos deliciamos com histórias bem contadas. 

Estoure uma pipoca para comemorar!

Um comentário:

  1. eu amo os dois primeiros episódios.
    a morte do ledger prejudicou um pouco o terceiro filme (principalmente pra quem ja sabia que o coringa estaria na continuacao - eu sabia)

    Tanto que a filosofia dos vilões do terceiro remetem bastante as ideias de anarquia do Curinga....

    Mas é um grande filme. Acho que marcou porque fez de um vilão um grande personagem, um herói de algo humano, e um humano (o ator) num grande mito ao interpretar tão bem o curinga.

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