sexta-feira, 27 de junho de 2014

A Blue Waltz - Phillip Long



Phillip Long não precisa provar mais nada pra ninguém. Talvez seja aí que a coisa ainda funcione. A impressão que A Blue Waltz (independente, 2014) passa é a de um Long querendo provar algo para si mesmo. Não foi deixado claro o que houve entre ele e o mago do violão Eduardo Kusdra, responsável pela genialidade sonora e brilhante dos sete discos passados de Long. A diferença entre os discos antigos e o novo é gritante. Tecnicamente, perdeu-se muito. 

O que antes era perfeitamente tocado, executado, mixado e masterizado hoje soa como iniciante. Isso não é ruim, isso é coragem. Traçar o rumo pelos próprios pés, mesmo que no começo se engatinhe muito - sim, há de se caminhar muito para se chegar na qualidade de Kusdra, um produtor que morou e trabalhou girando botões de equalizadores, processadores e compressores por muitos anos nos EUA, na disputada Nova York. 

Musicalmente Long mantém o ritmo daquilo que ele acredita ser a sua causa: o folk. Para os fãs, isso é magistral. O artista não decepcionou. Fica um alerta: até quando um compositor está disposto a manter a sua causa? No gosto pessoal nada jornalístico desse que vos escreve, a obra prima de Long é Sobre Estar Vivo, 2012. 

Esse garoto de Araras, que se expões sem pudores na rede social, nos apresenta, em seus oito discos de carreira, uma maneira intensa de viver da música. Dias desses me disse que arrumou um trabalho, que não dá pra viver de música. Sorte dele, porque o país está ridículo. Corre atrás do seu pão. Mas nunca se esqueça, caro Long: é a música que te mantém vivo, e sobre estar vivo é sobre fazer música, um dom raro nas pessoas. 

Parabéns pela iniciativa de andar com os próprios pés. Agora sim eu posso dizer que é você ali. Sinceramente, era isso que faltava.