quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

A trilha sonora de Forrest Gump.





Estou quebrando a cabeça para escrever um post sobre os piores filmes do mundo. Não é fácil. Primeiro, porque os estúdios estão cagando filmes por todos os lados. Segundo, porque eu realmente não me lembro daqueles que me esbarro e fico pensando "mas porque?". Vou fazendo minha lista... Enquanto isso, num belo parênteses, tenho que falar do disco homônimo da trilha sonora desse que é um dos melhores filmes de todos os tempos - é claro que vou fazer a minha lista dos melhores, mas por enquanto ficamos com o incontestável Forrest Gump.

É impossível falar da trilha sem falar do filme. Ou vice-versa. FATO: Tom Hanks só faz filme foda. Isso é incontestável. Mas esse em si é de uma poética fora do comum. O contador de histórias é taxado como maluco, sempre. Não é grande surpresa Forrest ter uma certa deficiência mental. As pessoas o chamam de burro. Seria mesmo uma doença? Seria super proteção da mãe? Seria aquele tipo de gente boazinha demais que sempre há um do tipo no colégio, na faculdade, na igreja, na esquina? O tipo de gente fechado num mundo (cada um tem seu mundo, uns o expõe ao grau máximo, outros ninguém dá a mínima para adentrar) cercado de boas intenções, de uma vida recheada de encontros e desencontros, de altos e baixos, de medos e superações, surpresas e clichês. A vida de cada um daria um conto. Uma parada no ponto de ônibus, o que todos estão fazendo aqui? Para onde vão?

A angústia e a mágoa são coisas que nos sucedem nessa vida linguiça. Trombar com a cara na merda faz parte, só nos faz crescer e amadurecer. O nosso coração foi feito para bombear sangue em todo o corpo, mas ele responde de um modo incompreensível aos sentidos emocionais do cérebro, a ponto de doer. Acredite, meu caro... Eu sei do que se trata uma dor. Forrest nos mostrou isso. Mostrou também a superação. Em todo o decorrer do filme, a mensagem é essa, a superação. O contador de histórias narra suas presepadas, suas indas e vindas, seus amigos do peito, seu grande amor incondicional em Jenny. Ele vê a morte, vê o nascimento, se banha nas lágrimas do desespero, vê a fúria do criador, vê as pazes, a reconciliação. A guerra, os camarões, a pesca. Riqueza que não vale porra nenhuma se não houver o amor. A corrida rumo ao infinito. O cansaço, o sono, a cama. O dia seguinte, o por do Sol. As colinas verdes. O filho, a mãe, o pai e o avô. A lápide, o frio e o calor. A chuva e seu indescritível barulho.

O mais engraçado (já falamos sobre a graça aqui no blog no post do Led Zepelling IV) é que a trilha sonora foi escolhida a dedo, de cabo a rabo, em cada cena. É espantoso o forte apelo emocional que a música nos dá na história de Forrest. O disco - duplo - tem a dupla função de simplesmente ouvir as canções, babando nos artistas americanos (só há americanos, pois Forrest Gump se trata de um conto americano) e de ficar lembrando as cenas da película.

Por exemplo: É impossível ouvir Break on Through To The Other Side, do Doors, e não reviver a cena em que Jenny, locona, ensaia se matar. Fortune Son, do Creedence, lembrando a guerra do Vietnã. Hound Dog, do Rei, e a cena do pequeno Forrest ensaiando uns passos de dança em seu quarto. Mrs. Robinson, de Simon e Garfunkel, a era hippie, Forrest reencontrando Jenny depois de anos - aquele abraço inesquecível dos dois na lagoa... Respect, de Aretha Franklin, e os camarões sendo pescados representando capital no bolso de Forrest. Everybody's Talkin, de Harry Nilsson, e os campos verdejantes do Alabama. Joy To The World, do Three Dog Night, e Forrest hilário no coral gospel pedindo provisões na pescaria.On The Road Again, de Willie Nelson, e fazer parte de DON'T MEET WITH TEXAS. Raindrops keep falling on my head, do BJ Thomas, e sentir toda a atmosfera do filme...

Um disco completamente americano, com aquela coisa de que por mais idiotas que eles possam ser, eles têm bom gosto.

O disco... o filme. Um só. Nível fodástico: TODAS. 

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