segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

No fim a gente ri.

Tem coisa que entra pra história. Beatles, Hitler, Títulos do brasileirão (parabéns Flamengo)... E coisas que entram pra história da nossa vida, mesmo que for algo para se lembrar depois de anos, bem velhinho. Tem coisas que sempre lembro, mijando de rir, com o Ruga. Sempre conto e tudo quanto é oportunidade. Resumo aqui.

Quando, por exemplo, indo para Belo Horizonte de busão fretado com a banda e o próprio Ruga foi mijar e a porta do banheiro abriu com ele segurando o próprio bilau. Ou mesmo quando fomos para essa mesma cidade em uma van e o pneu estourou e mais tarde a correia dentada quebrou - fato que fez meu pai, o nosso monitor (tinha que ter um adulto presente) falar que nunca subiria num avião conosco.

Já passei por cada coisa. Uma vez eu tinha um amigo chamado Juan - mas na escola era apelidado de monstro - e precisei ligar pra ele. - Alô, o Juan, por favor. - Tá falando com ele. - É o Pompeo. -Que Pompeo? - Ora, vai se fuder! Toma no cú! O Pompeo! - Ah, você acha que tá falando com o Juan filho... sou o pai dele.

Pois bem.; Sábado rolou outra que, como eu disse pro Gaúcho antes de rolar, "essa vai entrar pra história".

O maluco do Gaúcho fechou um show nosso pra um bando de velhinhos de 60 e poucos pra cima. Achávamos que tocaríamos no jantar. Te explico - o esquema rolou no Hotel Premium, lá numa das saídas (ou entradas) da cidade. Quando a gente toca nesse hotel, geralmente é em jantar, e o nosso repertório dá conta de sobra. Só que ninguém falou pro Gaúcho que íamos tocar depois da janta. Quando ele me ligou dizendo que ia ser às 22h, pensei o meu clássico fudeu.

Ninguém avisou para nós que os velhinhos queriam dançar.

Chegamos. Montamos o som. Passamos e as pessoas já começaram a olhar estranho. Os velhinhos foram chegando e atá apagaram as luzes e tal. O Gaúcho diz que o momento ápice do desentendimento comunicativo foi quando eu entoei a canção "Meu Mundo e nada Mais" do Guilherme Arantes, para um bando de velhos e velhas sedentos para dançar ao som de forró, bolero e bossa nova.

Todo mundo olhava estranho para nós. E eu olhava estranho para eles. O contratante ia de um lado para outro, não entendendo nada.

Até que chegaram 3 e chamaram o Gaúcho.

- Larga seu amigo aí e venha até nós. Queremos conversar.

O Gaúcho sumiu e me largou. Pensei em parar e ver o que estava rolando. Mas nem isso dava pra fazer porque, pra ajudar, não havia equipamento eletrônico de som, de modo que ia ficar um silêncio sinistro se eu parasse de tocar. Pensei e achei melhor conversar com os 14 que haviam sobrado no local (de um total de uns 100).

- Poxa gente, ninguém nos disse que vocês queriam dançar. Esse é o nosso repertório. A gente pensou que ia tocar no jantar de vocês, e não numa confraternização. De qualquer modo eu agradeço aos poucos que ficaram até agora. Não sei o que está rolando lá com o Gaúcho, mas vou continuar fazendo o meu trabalho ok? Pois estou sendo pago pra isso.

Eles bateram palmas. Fizemos as pazes. Toquei Flor de Liz - Djavan - e Emoções - do Robertão - música essa em que uns 3 pares, finalmente, dançaram! Foi nesse momento em que o Gaúcho voltou dizendo uma porção de coisas que não entendi porra nenhuma.

Mais tarde fui entender que eles estavam pedindo pro Gaúcho desculpas, que havia rolado uma falha na comunicação (velho é foda... sabe reconhecer os erros) e que, pra salvar o resto da noite - cerca de 40 minutos pra uma da manhã - se um de nós não tinha qualquer coisa pra tocar um forró pra eles. Eu cai na risada. Gaúcho ria que nem louco. Tocamos mais 2 canções e nos despedimos.

Eles chegaram no acordo de que pagar os músicos e acabar com a noite seria o melhor para todos nós. Palavras do contratante:

- Vocês são muito bons! Mas não são o que queríamos.

Eu, claro, tenho que culpar alguém, culpei a idiota da mulher do hotel, no qual a função dela foi dar o nosso telefone ao cliente que fez a festa no hotel. A burra não soube trabalhar direito e ver esse tipo de detalhe. O que mais me dá raiva é que a idiota sabe o que a gente toca.

Mas, no fim, ri muito.

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