segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Pessoas estranhas, gente esquisita!

Antes de mais nada, uma curiosidade: este é o post de n° 30! Dizem por aí que todo número que termina com zero deve ser celebrado! Então vamos lá!
Eba!!!!


Pronto.

Bem... "Os Blocos de Cimento" é um blog onde gosto de escrever coisas que me aparecem na mente e que não consigo compartilhar com as pessoas numa conversa comum - talvez pelo fato das pessoas não gostarem das minhas idéias, ou pelo fato de eu expressar melhor certas idéias escrevendo... sei lá!

Mas os comentários de Marília Viana são um caso à parte - digamos assim: um tempero final no blog. Numa dessas, tiro idéias de assuntos para postar. É o caso do post que faço nesse momento.

Hoje vou falar sobre as pessoas que encontramos nos ônibus - são muitas; algumas estranhas, outras esquisitas, outras felizes, outras malucas, outras que nem a gente, outras normais até demais. Andar de ônibus é uma oportunidade de ver a cidade em vários ângulos, ouvir um disco no mp3 fuck, ler alguma coisa (pra quem consegue - eu simplesmente vomito se ler mais de uma página com o carro andando), falar no celular (ás vezes bem alto, ás vezes bem baixo), ser gentil (com os velhinhos) ser cusão (com os cusões), etc.

Foi no ensino médio que esbarrei com muita gente. Quando eu estudava no Batista, pegava busão às 6:50 da matina e retornava às 12 horas e trinta minutos. Em ambos os trajetos conheci gente de todo tipo, e um ou outro até hoje cumprimento e atualizo sobre a vida deles e eles sobre a minha. A pergunta que mais ouço é a seguinte : "E a banda? Como tá?" rsrs... Das pessoas maldosas eu ouço: "Nossa, como você tá gordo" - sim, porque um comentário desses pra mim é sinônimo de maldade (rs).

Eu pegava o 3.02 rumo à prefeitura numa rua atrás da minha casa. Como já dito, lá pelas 6:30 eu já estava bocejando no ponto. Duas coisas todos os dias aconteciam. Uma cadela vira-lata marrom aparecia abanando o rabo pra mim. Em dias bem frio eu sentia muita dó dela. Sempre dava carinho (com muito cuidado para me restringir apenas em fazer cafuné nela na cabeça... Sei lá onde ela se rolava) e ela abaixava a cabecinha, sentava e ficava abanando o rabo. Eu dizia coisas do tipo "Oi coisa bonita! Como vai?" Ela dava moral pra mim por uns 60 segundos e descia a rua. Assim que ela sumia de vista, na contramão (de encontro a mim) vinha uma velhinha de cabelos prateados. Ela usava uma roupa que não sei dizer (roupa de velha, oras bolas) e vinha bem devagar, mancando, persistindo, se recusando a ficar em casa deitada numa cama. Ao passar por mim, ela dizia:

"Bom dia!" e eu respondia "Bom dia, tudo bem com a senhora?" ela falava "Estou ótima. Tenha um bom dia, que Deus te abençoe e te proteja. Deixa eu ir caminhando que eu vou na igreja".

Ela ia numa igreja que não sei o nome (acho que é São Francisco de Assis). Sempre simpática. Recebia um sorriso meu todos os dias, mesmo que eu estivesse puto com qualquer coisa, e quem me conhece sabe que, infelizmente, eu desconto meus problemas nos outros.

Pena... Nunca mais a vi. Acho que foi de vez pro céu. A cadela? Um tempão depois (3 ou 4 anos) voltei a pegar o mesmo ônibus (agora um 3.81) na rua de baixo (ando menos) e passei a me encontrar com uma cadela perfeitamente igual a outra, que faz a mesma coisa, e eu passo a mão na cabecinha dela. Engraçado... Deve ser a filha da outra!

Tinha um cobrador de lotação que me chamava de Pop Star. Explico. Uma vez ele viu um CD dos Lucidas na minha mão. Devia ter alguém do meu lado (um amigo, não lembro...) e estávamos falando da banda, etc. Alguns meses depois abrimos o show do Charlie Brown, e foi espalhado pela cidade o cartaz do show com um dizer interessante: "Abertura do Show: Banda Lucidas". O cara da lotação leu isso e quando me encontrou, confirmou que se tratava da minha banda. Pronto! Sempre que eu subia na lotação dele ele falava : "Olha ai o Pop Star!" E a gente ficava conversando. Ele falava coisas do tipo "Um dia vou ter ver importante e vou ter o prazer de ter te transportado na minha lotação", ao que eu respondia "Se isso acontecer, vou te contratar pra ser meu motorista para viagens longas". Grande homem. Não sei o nome dele. O encontrei uma vez montado numa moto, entrando num condomínio no gramado pra fazer uma entrega. Claro, quando me viu, berrou : "Fala Pop Star!". Espero que esteja bem.

Tinha uma garota. Uma gordinha morena que de início eu achei que ela fosse afim de mim. Mas não, ela cantava. E o interessa dela em mim era por saber que eu também cantava. Eu tinha mania de levar o violão para a escola. E numa dessas a mina me viu com o violão nas costas e puxou assunto. A gente se cruzava todos os dias e falava sobre música, coisa que durou uns 2 anos. Da última vez que a vi, ela estava gravando gingles de candidatos à prefeitura, e eu devia estar entrando no Oito Mãos... Não sei ao certo. Só sei que nunca mais a vi. Espero que esteja bem.

Tinha um carinha que sabia meu nome porque eu disse, mas eu não me lembro o nome dele. Era um nome comum - tipo Ricardo, André, Rodrigo - mas ele não era nada comum. Era um cara especial. Só nunca identifiquei a deficiência dele - Down não era, pois como dizem, os Downs se parecem, e ele tinha a feição comum. Mas era um gênio. Não sei porque, mas fui o único que deu assunto pra ele. Toda vez que eu subia no ônibus (nos momentos de voltando pra casa) ele abria um sorrisão e falava bem alto, como o ônibus lotado: "Fala Felipeeeeeeee". Eu dava um sorrisão. "E aí garoto!". Sentava do lado dele e ficava ouvindo ele falar sobre as coisas dele. Duas coisas ele sempre falava : 1° - que as mãos dele tinha uma cor estranha, e eu tentava, em vão, convencê-lo de que não havia nada de errado com as mãos dele; 2° que estava indo no Shopping (Iguatemi, ponto final do 3.02) tomar uma água de côco. Isso eu nunca averiguei. Também nunca mais o vi. Espero que esteja bem.

Tinha uma outra moça que descia no mesmo ponto que eu. Só que ela não falava boa tarde, oi, porra nenhuma. Eu também não queria nada com ela, só que, sei lá... Uma pessoa que se cruza todos os dias eu costumo dizer "oi". Rs. Essa devia ser brava. Ou eu que tenho essa cara de louco... Nunca mais a vi. Espero que esteja bem.

Hoje tem um cara que tem uma floricultura embaixo da minha casa. Essa floricultura é do lado do ponto. Esse cara vendeu umas flores para um amigo meu dizendo que, com certeza absoluta, flores era meia foda. Rs. Não sei o que aconteceu com as flores, mas esse cara todos os dias eu cumprimento com um breve "oba".

Tem um tiozinho (quase um vô) que conversou comigo sobre cigarros. Dizia ele que não tragava. Mas que não tragava há uns 30 anos. Acho que faz o mesmo mal né. E, de fato, ele não tragava. Ainda o encontro. Tá vivo ainda.

Uma senhora negra perguntou pra mim sobre um ônibus vermelho que passa no ponto. Eu disse que fazia mia hora que eu tava lá e que não havia passado ainda. Ela disse que precisava estar no seu destino às 2:30 (era 12:25). Eu disse: "Nossa, mas onde a senhora vai?". "Lá pra depois da Pucc, quase no Dick". Fiquei interessado e mantive conversa. Disse que demorava mais de uma hora e meia pra chegar em casa. Nunca mais a vi. Espero que esteja bem.

E tem outras figuras que nem dou idéia. Sei lá porque, simplesmente não vou com a cara. E imagino que muita gente não vai com a minha cara também. Principalmente se eu pegar esse ônibus tarde da noite (tipo às 21h) e sentar lá no fundo. As mulheres sempre me olham com uma cara de medo que vou te contar viu...

Nunca contei isso pra ninguém. Pra falar a verdade, nunca tive o porque de contar isso pra pessoas, até ter um Blog.

6 comentários:

  1. que facilidade!

    eu tenho tantas histórias de busão. tanta curiosidade!
    já tentei colocar pro papel, mas não consigo.
    seu texto ficou lindo de ler! é fácil!

    vou tentar alguma coisa...

    mais eu me sinto muito feliz, Fe!!! que isso...
    tem dia que nem entro no meu blog, só no seu! hihiih...
    preciso que meu dia tenha mais tempo. será?

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  2. fácil não no b+a = ba, mas nos entendimentos, desdobramentos, pensamentos que se complementam.

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  3. escuta...
    eu tbm não consigo conversar com ninguém sobre estas coisas que escrevo.
    estranho, né?
    somos estranho, né? rsrsrs!

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  4. na verdade eu me acho completamente normal... e acho que as pessoas é que são sempre tão estranhas...

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