segunda-feira, 14 de setembro de 2009

É NÓIS!

Poxa... se eu tiver que usar uma palavra para descrever esse fim de semana, essa palavra é FODA. Foi bem foda, foda em todos os sentidos.

Começou sendo foda no sentido de "do grande caralho" e "quebradera" no fds passado, em São Paulo, no já comentado aqui FDS da mixagem do disco ESPERANTO. Naqueles 3 dias estive completamente desligado do que viria a partir do dia 10 de setembro.

Uma semana antes montei de fato a banda OS BLOCOS DE CIMENTO e ensaiamos 2 vezes para a apresentação do dia 10 no UNIFEST ROCK, um festival que, por pouco, não me enlouqueceu. Eu simplesmente não conseguia assimilar a realidade da fantasia. Minha mente me levava a vários momentos de um futuro obscuro: O que seria desse festival? E se eu ganhar? E se não ganhar nada? Se eu for humilhado? 3 bandas, vai ter que mostrar alguma coisa Felippe... JB é fantástico... Oito Mãos é sua carreira... Os Blocos de Cimento... bem... eu não sabia muito bem pra quem torcer, se pra mim, pro JB ou pro 8 Mãos.

Quando entrei me disseram para desistir da música caso não ganhasse nem mil reais. Coisas foram ditas. O tempo todo, todo mundo: "porra, parabéns" ou "vai levar todos os prêmios é?" ou "da próxima vez você me avisa para ter um concorrente à sua altura". Quando essas coisas acontecem, você simplesmente deseja não estar nessa maré. O nervosismo não te deixa dormir, não te deixa aproveitar o presente, não te deixa raciocinar.

(SE VOCÊ ACHA QUE JÁ ESCREVI MUITO ATÉ AQUI, DESISTA. COMO COMENTEI COM A MICHELE, NO MOMENTO EM QUE EU PARAR PARA ESCREVER AQUI, VAI SER COISA GRANDE)

Ao começar por abrir o festival. FELIPPE POMPEO... Meu nome. Nunca foi tão dito, tão anunciado, tão esclarecido. Na passagem de som (abrir um festival tem lá suas vantagens) os técnicos me chamavam pelo nome. Eu era o responsável pelos Blocos de Cimento. Estávamos ali com uma música minha, inteiramente minha, arranjada e complementada e o caralho a quatro por mim. PONTO.

Quando percebi que eu tive autonomia para compor no JB, levei um RIFF que ficou martelando uma semana na minha cabeça. A Michele meteu um ritimo dançante, o Lucas apareceu com uma 2ª parte e eu finalizei com uma seqüência em F maior. O FITA veio com um lance BEATLES em "seu chulé ardeu meu olhos" e com 80% da letra. Nasceu aí "VIU BEE". Gravamos no estúdio que montamos na casa do André. PONTO.

Quando ouvi "Grave Lacuna" pela primeira vez, tive um lance estranho. "Vai tomar no cú... esse André é foda". Ele havia me mandado uma demo feita no CAKEWALK. A canção era calma e aos poucos ficava triste. Meu trabalho de produtor foi transformar essa canção do André em uma canção do 8 mãos. Obtivemos êxito. Pela primeira vez tínhamos uma música forte ( no sentido de impacto). Gravamos no Mário, em Barão, com Caio Ribeiro na técnica. Essa música nos levou ao CENA MUSICAL INDEPENDENTE, de 2008, um concurso do Estado de SP. Algumas pessoas, ao verem o nome do 8 Mãos na lista de bandas selecionadas para o evento, disseram que ali tinha coisa mal feita, pois não era possível uma banda de desafinados e de um batera torto estar num patamar desses . Levamos 4 mil reais e montamos nosso HOME ESTÚDIO - para alegria nossa e para o nariz torto de quase todo mundo que falamos que estávamos montando.

FABIO BOTO nos ajudou a montar esse sonho. Ah, claro, e um tal de SIMON - cunhado do André - um músico fodão do Canadá que nos alertou que o nosso primeiro plano para montar o Estúdio era furada. Informação pra lá, informação pra cá, montamos nosso set.

Ah... Quando rolou o primeiro UNIFEST tivemos que nos contentar com um mero "não entramos no festival".

Um dia eu sentei no piano mágico da minha casa (sim, ele é mágico. Senta lá e você vai sentir a energia do ex dono dele, DANILO, o melhor pianista que tocou comigo, morto em um acidente infeliz) e esbocei alguns acordes. Escrevi uma letra e em coisa de 40 minutos estava pronta "ANÉIS DE SATURNO", uma expressão do meu amigo RAMIREZ, que adora dizer "Felipão, já to andando nos anéis de saturno", se é que você me entende...

Essa música me levou para o festival.

No dia 10 fiz a melhor apresentação da minha vida até aqui. Simplesmente encarnei a pessoa que eu quero ser para o resto da vida, e os CIMENTOs foram comigo, como bandeja, me apoiando. Depois toquei com os JB. Foi perfeito. Depois vieram o 8 mãos. Metade da apresentação jogada no lixo por conta da incapacidade de alguém do som (não sei se do PA ou se do Monitor) e uma microfonia insuportável (como disse Caio Ribeiro - um disco voador) nos fudeu literalmente até metade da música. Estava 2 a 0 pro caras. Quando a microfonia sumiu, tocamos de verdade. Fechamos a apresentação em 4 a 2 pra nós!

No dia 11 fui com o JB para Maringá - PR - tocar num bar chamado "Tribos", um verdadeiro inferninho parecido com o nosso querido Woodstock, com banheiro pixado (pixamos nosso nome, é claro) e sem portas ou identificações de "masculino" e "feminino", para o desespero da Michele. Tocamos para umas 15 ou 20 pessoas. Mas o show foi fantástico. Lá pelas 3:45 começou o show dos nossos anfitriões, a SEXTA GERAÇÃO DA FAMILIA PALIM DO NORTE DA TURQUIA - simplesmente animal! Os novos titãs. Do grande caralho. O Japonês ganhou um novo fã - EU - pois sabia usar pedais de efeitos de um jeito que não se vê todos os dias por aí.
Pizzas, cervejas, destilados.. Fomos dormir 6:30 da manhã do dia 12, de modo que as 10:40 estávamos no carro rumo a Campinas, para encarar a final do UNIFEST ROCK.

Chegamos na minha casa às 17:40. Às 18:20 eu estava no taquaral. Morto, mas tava lá.

Subi no palco com o 8 mãos e fizemos o show da final. Aí sim! PORRA! A melhor apresentação do 8 mãos de todos os tempos. Todo mundo que tava lá viu! Tudo que tivemos que provar foi provado. A banda dos desafinados e do batera manco foi digna de aplausos, digna da cara do KID VINIL sorrindo de orelha à orelha, digna das minhas lágrimas no momento em que dei o F# para entrar no refrão de GRAVE LACUNA, música digna de CENA MUSICAL INDEPENDENTE, de UNIFEST ROCK, de sucesso. OITO MÃOS, como eu sempre digo, a maior banda de Campinas.

Depois foi minha vez com os Blocos de Cimento. O que eu tinha de fazer já tinha sido feito. Não fomos tão brilhantes como na quinta feira, mas até que tocamos legal. Minha guitarra aparentemente sumiu. E não achei que cantei bem. Mas a música tem seu poder. "Anéis de Saturno" novamente se mostrou forte com sua letra camuflada e seus arranjos inapropriados.

Por último, os JB e Seus Amigos Sex Simbols. Antes de subir ao palco, eu disse: "Galera, é só fazer o que a gente mais sabe fazer - se divertir lá em cima" Foi o que fizemos e nunca saberemos o pq de não termos ganhado nada.

Jurados são seres humanos que julgam a partir da ótica deles. Num resumo quanto a esse assunto, até que achei que eles foram justos, pois a banda vencedora - UNIDADE IMAGINÁRIA - tinha tudo o que foi avaliado afiado (claro, não tão afiado..rs...mas a estrela brilhou para eles. Meus sinceros parabéns).

Ao anunciarem o Oito Mãos como 4 ° colocados, eu fiquei sem reação. Simplesmente vi a cara deles felizes da vida por terem ganhado 2 mil reais - O DISCO VAI SAIR GALERA! - . Fiquei feliz também. Fiquei tão feliz que na hora que me chamaram para receber o prêmio de 3º lugar nem saquei. Por 3 segundos não dei bola... queria os 10 mil... Porra... Aí vi o João Paulo e o Lucas subirem no palco, berrando, sorrindo, me abraçando.. "Seu filho da puta! Você conseguiu!" É... eu tinha conseguido... Num jato, desde o momento em que fui selecionado para o festival, tudo passou pela minha cabeça... Tinha acabado... E bem acabado..

PORRA!!! EU CONSEGUI!!!!


Agradeço: André Leonardo, Leandro Publio, Adhemar de La Torre, Felipe Bier. Raphael Castro (o FITA), Lucas Bocchese, Michele Diaz. João Paulo Rodrigues, Lucas Samuel, Ítalo Antonucci. Silvia Maria (minha coisa linda). Cida (mãe do André Leonardo). Mauro do Clube do Churrasco. Felipe Gaúcho. Toda a galera do CLUBE DO CHURRASCO. Aos garçons de Itatiba (CLUBE DO CHURRASCO, CASA TUA, ABSOLUTO, A PALHOÇA). Família A Palhoça. Família do Fabio Dias (o Boto cor de rosa mais conhecido como Seu Francisco). Mamão (aquele FDP que me colocou para tocar na noite na época do O BOTECO). Toda a galera do O BOTECO (Clau, Guina, Zélão, Zezinho e Chambers - mais conhecido como SANTOS). O pessoal da A CACHAÇARIA TRADICIONAL ( me deram o espaço para fazer um show especial só de músicas minha). Tulio Airoldi, Rafael Oliveira, Carlos Leonidas, Fabio Capone, Alexandre Duarte - o Zinho, Ricardo Frigéri, Rogério Frigéri, Camila Pequenininha. Humerto Roque, Ronie Lombas, Bruno Pieroni, Felipe Bandiera, Gustavo Coga - OS FERAS NÃO MORREM! Tiago Guimarães e Diego Fernandes (RAMIREZ E CAPI, pra sempre!). Anderson (o SON), Leopoldo Pardi, Fabio Sugimory, Marcelo Kushi, Tarsio Kaltembacher, Estevan Agostinho ( o Tevo), Gustavo Pit Bul, Billy Grant, Leleco, Biri, e toda a galera do colégio Batista. Elton Dias. Carlos Cassim, Felipe Caruso, Gugu (Beatles Drive). Leo Costa e os Altos e Baixos. Flávia Thalita, Clauber Bonas, Welinton Bonas, Magno Borges, Silas BB KING, Edson Fabiano, Luiz Ribeiro, Angélica (esposa do Luiz), e todos que me amam na CANAÃ. Júlio São Paio. Mauro Costa Júnior. Sérgio Dias Batista. Pai e Mãe - me aguentam todos os dias. Família Antonucci - tia Melba, tia Judi, tio Quico, Cidão, Karen e Camila, Renata e Rafael, vó Manuela e Júlio. Famíla Souza - tio Edson, tia Ângela, Quinho, Dudu e Júnior. Ao Sudário Pompeo. Silvio Montico e Izilda Montico - sem palavras. Tato Ferraz. Toninho Ruiz. Álvaro Gazé. Tia Mery, Juan e Odilia - amigos que inspiram. Tia Leila e Gabriel Lobo. Bruno e Paulo Vidal, Daniel Paiva, Familia Picanço Cruz, Juninho, Duco, Bruno Borges, e toda a galera do prédio Papas de Niterói (minha infância que teimo em não esquecer). Todo mundo que passou pela minha vida e que sabe disso. Muito obrigado.
Agora é trabalhar cada vez mais. VAMO QUE VAMO!

3 comentários:

  1. Me arrepiei com seu texto, Pompeo! Realmente foi um momento foda, momento em que provamos muita coisa para muita gente. Certamente ficará na memória como ponto de virada nas nossas vidas: quando a Oito Mãos deixou de ser uma "banda de malucos desafinados" e passou a ser uma banda consistente e consciente de si; e quando o Felippe Pompeo deixou de ser somente o cara da Lucidas, vencedora do Sprite Sounds, para ser um puta compositor.
    Valeu, parabéns a todos nós!

    Bier

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  2. também estou arrepiada e orgulhosa. muito orgulhosa de você. de vocês! de todos nós.


    Sil

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  3. véio, seu texto é mto engraçado.
    esse cara tem talento.

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