Variações do Amor nasceu numa madrugada careta, bem careta. Na casa dos meus pais, usei o meu pc e seu microfone e gravei uma demo. Me tranquei na sala enquanto meus pais dormiam tranquilamente e gravei. Tempos bons aqueles. O Lucidas havia acabado de vez e eu estava começando a trabalhar com Oito Mãos. Quando eles gravaram "História de Outra Vez" e "Guarde a Última Dança" no estúdio Basement, por Caio Ribeiro e Tarcisio Oliveira, eu aproveitei a carona e gravei essa canção, juntamente de "O Nosso Amor".
O Nosso Amor
A veia pop, que ainda se mantém viva em mim, nessa época era ainda mais presente. As experimentações ficavam por conta das vozes - se bem que, pensando aqui, as coisas aí já começaram a ficar ousadas. Eu havia descoberto Brian Wilson e os Beach Boys e tudo o que eu queria fazer na vida era ser o Brian. Caio Ribeiro até hoje me chama de "Brain Wilson de Campinas". E houve um conflito na minha mente entre Beatles e Beach Boys, algo bem resolvido nos tempos de hoje. O gozado é que eu penso nessa época e o tempo é muito estranho. Parece que foi ontem, esse dias...
O Nosso Amor eu não me lembro muito bem quando foi que fiz nem em quais circunstâncias. O que posso dizer é que faz parte da leva de incríveis canções que fiz para a minha mulher Silvia Maria, todas devidamente engavetadas, esperando o dia certo para serem gravadas devidamente e publicadas de qualquer jeito (do jeito que sempre fiz).
Variações do Amor
Eu considero essas duas faixas como um EP, pois são de uma data que nada mais fiz e mudei algumas coisas no meu modo de compor de lá pra cá. O que me incomoda nessas duas faixas é justamente a falta de maturidade. Tem muita coisa! Eu não canto bem - meus vibratos são exagerados, em finais de todas as frases lá vem ele, e mal feito! Eu coloquei muita camada de vozes, louco por soar como os Beach Boys. Na bateria está o meu irmão, o Ítalo Antonucci, e também penso que eu não soube conduzi-lo - há muitas viradas, há muitos hi-hats, é pop demais. E é muito melada! Nossa, açucarada demais! O amor é lindo, mas deve ser entoado com um certo cinismo, não tão atolado na palavra amor. Nas duas canções, aparece essa palavra. Também não sei da onde veio a ideia ridícula de colocar All Arround the World e Hey Jude no meio disso tudo. Muito menos sei da onde veio a pífia ideia de colocar uma pausa de 3 minutos no meio de uma canção.
Mas, de qualquer modo, foi bom ter feito essas canções. Tem gente que até hoje fala delas. É como dizem por aí, ou por aqui, eu sei lá mais como é que andam as coisas: Pra meter o pau, tem que ter algo para meterem também.
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