domingo, 15 de setembro de 2013

Bandas incríveis e seus piores discos.


Toda banda genial - e, se tratando de genial, tem aí no mínimo uns 6 discos na carreira - tem seu pior disco. Quando me perguntam qual é o meu disco preferido de uma das minhas bandas preferidas, eu sempre respondo que não sei, que é mais fácil responder qual eu menos gosto. Confesso que depois que entrou na minha cabeça, de uma vez por todas, que a questão do gosto é algo tão pessoal e subjetivo quanto o próprio cu, ficou difícil escrever sobre essas coisas. Quando questionei Pablo Myiazawa sobre as críticas de discos na revista Rolling Stones, ele meio que respondeu que isso não era algo muito levado à sério pelos editores e que não deveria ser levado a sério por nós e pelos artistas e pelos seus fãs - é apenas um guia! OU SEJA, não leve isso aqui a sério. MAS, se por ventura você se ofender com algo que eu disser aqui, meu mais sincero foda-se!


OASIS - Heathen Chemistry. 


A tradição é uma coisa a ser levada muito a séria por alguns fãs. Carlos Miranda - produtor de discos no Brasil - disse que o pior inimigo do arista é o fã, que sempre espera a mesma fórmula, para se alegrar naquilo que o agraciou. Mas o artista não pode se prender em sua fórmula e deve sempre tentar ousar. Esse quinto disco da banda inglesa veio de uma série de experimentações - Standing on The Shoulder of Giants trazia moogs e outras coisas malucas e já anunciava que o Oasis estava cagando e andando para o seu passado perfeito - os 3 primeiros discos. Heathen Chemistry mostra um Oasis iniciando o seu fim - embora eles voltariam com mais dois discos fortes. A banda não soa como sempre soou, eles parecem calmos demais. Embora há canções lindas - estamos falando de artistas geniais - Heathen Chemistry tem uma atmosfera fria e preguiçosa. 


THE BEATLES - Beatles for Sale.


É aqui que entra todo o sentido desse post. É impossível dizer o melhor disco do seu artista preferido, sendo muito mais fácil dizer aquele que você menos gosta. Embora eu ame o For Sale por conter No Reply, I'll Follow the Sun e Eight Days a Week e por se tratar dos Beatles é claro, For Sale é apressado. Não há uma lembrança que faz o coração bater. O próprio nome diz que é um disco para ser vendido e ponto. A audição desse exemplar é breve, arranjos subestimados, uma encomenda da gravadora para o natal de 1964. Os grandes executivos exigiram demais de toda a equipe fenomenal que trabalhava com os fab. Em resumo, sua capa é mais bonita que seu conteúdo. 

DAVE MATTHEWS BAND - Everyday. 


O mais legal dessa banda liderada por esse sul-africano era a soma das melodias tocantes com o groove pesado e quebrado da cozinha orientada por Carter Beauford na bateria. No disco anterior de inéditas, Before These Crowded Streets, eles quebraram o tempo musical, deram porrada no peso do rock and roll, fizeram referência à música africana, gozavam da liberdade desneurótica do próprio descobrimento, sem limites, com possibilidades surgindo em todos os horizontes. Quando chegamos em Everyday, eles optaram por fazer música pop para tocar na rádio. E foi aí que eles vieram parar no Brasil, foi aí que muita gente que ouve pagode passou a postar no facebook canções da banda, foi aí que eles ativaram o meu compressor preconceituoso com coisas feitas para se vender, foi aí que essa banda ficou uma merda e eu parei de ouvi-los. Embora há sangue real da minha família que encare essa banda como eu encaro os Beatles, simplesmente não consigo mais achar a Dave Matthews pós Everyday tão efervescente quanto na época de Before e seus antecessores. 


COLDPLAY - Mylo Xyloto



Vai tomar no cu. Esse disco é uma merda. É uma decepção. Ouvi apenas UMA vez e não tive a menor vontade de fazê-lo de novo. Não por preguiça. Não por desinteresse ou por qualquer outra coisa mais negativa do que o início dessa resenha nada jornalística. Mas o que houve? Vontade de chegar no Chris Martin e perguntar onde foi parar aquela banda de rock and roll tão crua e ao mesmo tempo gigante. Não consigo acreditar que é a mesma banda de Parachutes e A Rush of Blood to The Read. Não consigo aceitar que se trata de uma banda que produziu clássicos. Deve ser cruel ter sua arte tão acessada numa grande exibição, ficar famoso e fazer uma cagada dessas. Não é possível que uma banda com tão bom gosto achar que esse disco, o Xixi xyloto, merecia ter o nome do Coldplay vinculado. Se um dia eu ouvir eles falarem "mas essa disco é foda", acho que darei minha gargalhada mais gostosa. Uma grande pena. Coldplay, gênios da porra. Mas esse disco é uma merda. 

LOS HERMANOS - Los Hermanos. 


Só poderia ser o primeiro disco do quarteto carioca ser o pior deles, porque o que veio depois até hoje soa como único e insuperável. Los Hermanos é uma banda que deveria ser referência para todas as outras bandas. Uma grande surpresa, numa época em que diziam "não fazem mais música como antigamente", que é o que andam dizendo hoje. Só que hoje se faz sim, é que o povo não conhece. Na época do LH se fazia também. Eles pegaram o trem certo e foram pro lugar certo. Ainda bem! A música boa como antigamente sempre existiu, pois antigamente não existe. Los Hermanos 1 - vamos chamá-lo assim? - é dos tempos de hoje e dos tempos de amanhã, assim como tudo que foi citado aqui. O problema do UM é que ele soa redundante. A pegada hard core que os caras amavam somada com a doçura corna e a tristeza amorosa nas letras de Marcelo Camelo e de um tímido Rodrigo Amarante fazem de UM ser uma coisa meio mala. Além do mais os timbres são muito iguais e , desculpe a redundância, redundantes. Anna Júlia e Primavera se destacaram como bonitinhas e todo o Brasil sabe cantar e sorrir diante das duas. O restante virou hino nos encontros casuais dos loucos por Los Hermanos. 


PINK FLOYD - Ummagumma. 


Essa sim é uma banda que nunca teve medo. Erraram? Foda-se, toca pra próxima. E toda vez que acertaram, o fizeram com todos os êxitos possíveis e impossíveis. Mas todo gênio tem sua errada na mão. Tirando a capa, Ummagumma é demais para a minha cabeça. São tantas camadas que eu me perdi no colchão. Não entendeu? Pois é isso mesmo... O experimentalismo do Floyd funcionava quando havia compreensão, um refrão, uma linha... Em Ummagumma tudo o que temos são xadrezes, espirais, retalhos, vapores, raios amarelos, egos entrelaçados numa dança dos ventos de baixo. Uma puta duma viagem longa que não chegou a lugar algum. 


RADIOHEAD- Pablo Honey


Creep, pra não dizer que é a canção mais tocante e mais linda do Radiohead, não consegue ser suficiente para fazer de Pablo Honey um clássico. Embora tenha apresentado a banda ao mundo, eles viriam com coisas mais precisas e indispensáveis posteriormente. Tecnicamente, o disco é mal feito. Diferente do Oasis, onde a falta da técnica no início que dava toda a graça, o Radiohead precisava encontrar o seu som, o seu drive e os volumes das coisas todas. Mais uma banda divisora de águas. Mas a impressão que se dá com esse disco é que eles ainda não sabiam exatamente do que eram capazes. Algo completamente normal. A partir de The Bends, eles mudaram nossas vidas. 

MICHAEL JACKSON - Invincible



É muito triste ver o maior artista de todos os tempos se despedir do mundo com um disco tão indiferente. Michael, nesse momento, era dono do próprio nariz, dos próprios horizontes e fazia exatamente o que quisesse da vida e de seus discos. Invencible é tão inesquecível quanto a Terra do Nunca ou os papos furados sobre abuso de crianças. O disco até abre animalescamente, com um riff groovado de tirar o folego e uma voz que corta a mente de qualquer um, mas daí entra, de novo, um rapper. E o decorrer do dele não nos deixa perdoar o tal rapper. Invencible é uma obra que parece ter sido feita sem a menor vontade e comprometimento. Que pena! 

GUNS AND ROSES - The Spaghetti Incident?


Por fim nessa lista sem o menor fundamento, eis o disco que me inspirou a escrever esse post (sem fundamento, eu já disse). Coloquei ele para ouvir novamente no som do meu carro, pensando "é, eu cresci um pouco, amadureci, vamos ver se mudo a opinião sobre ele". A tristeza nesse enlatado é justamente que se trata do Guns de Use Your Illusion. Produzido por Mike Clink, o gênio por traz da mesa de som de todos os discos do Guns, The Spaghetti Incident não empolga em nada. É a prova viva de que não adianta tocar muito. Slash não lembra em nada o cara dos deliciosos solos e riffs dos discos passados. Clink não se mantém presente (a não ser nos timbres de bateria de Matt Sorum, sempre fodas pra caralho, com o reverb na medida). Erraram toneladas em deixar Duff McKagan cantar tanto. E, por fim, Axl... Anos depois veríamos o seu retorno. Que cara estranho! Ele era a representação do que toda mulher queria levar pra cama e do que todo garotão queria ser para levar essa mulher pra cama. Mas isso não se trata de música nem do disco acima. Que raios acontece com esses caras? Desde o nome, da capa, de toda a esquisitice presente nesse disco, depois de um épico álbum duplo vendido separadamente, eles resolvem gravar cações punks antigas de artistas consagrados. Até hoje não entendo a razão disso tudo. Ficou ó, uma merda!



Um comentário:

  1. o Coldplay já faz tempo que é ruim. e não gosto de Creep, o Pablo Honey tem várias outras bonitinhas

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